Contra o Acordo Ortográfico: implicações pedagógicas
A dada altura, os autores do Acordo revelaram uma preocupação com os problemas de aprendizagem dos alunos, explicando que a supressão das consoantes mudas vai tornar tudo mais fácil. A fonética é fonte de muitos erros e a escrita das consoantes mudas fazia parte do rol.
Por esta ordem de ideias, seria importante repensar outras questões ortográficas, como, por exemplo, os vários valores fonéticos de ‘o’ (é vulgar as crianças perguntarem, no Primeiro Ciclo, se pato se escreve com u), de ‘i’ (o que dá origem a erros frequentes, como Medecina) ou de ‘x’ (letra que corresponde a cinco sons diferentes). Fica, ainda, por explicar por que razão tantas gerações de portugueses conseguiram superar essas e outras dificuldades levantadas pela ortografia portuguesa. [Read more…]
Contra o Acordo Ortográfico: não há uniformização ortográfica
A tese deste texto é a de que o AO90 não produz uniformização ortográfica, e isso, de certo modo, já ficou demonstrado no texto anterior e é reconhecido, aliás, na Nota Explicativa do Acordo Ortográfico, 4.4. (acerca dos casos de dupla grafia). Ora, a verdade é que um dos objectivos do AO90 consistia em criar uma ortografia comum, para que todos os falantes lusófonos pudessem escrever a uma só ortografia.
Em primeiro lugar, é curioso notar que o próprio texto do AO90 contém a demonstração cabal desse falhanço, quando se verifica que são utilizadas duplas grafias como “antropónimos/antropônimos” ou “fónico/fônico”, de modo a respeitar ortografias que continuarão a ser diferentes. Leia-se o seguinte exemplo retirado da Base I:
2.º As letras k, w e y usam-se nos seguintes casos especiais:
a) Em antropónimos/antropônimos [sic] originários de outras línguas e seus derivados: Franklin, frankliniano; Kant, kantismo, Darwin, darwinismo; Wagner, wagneriano; Byron, byroniano; Taylor, taylorista;
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