Asneira, da grossa

Dá-se o caso de a Oi não fazer parte do clube de amigos encostados ao Estado Português e a viver dos impostos pagos por alguns portugueses. Por essa razão, a decisão da PT emprestar 900 milhões de euros ao GES, ou seja, cerca de metade dos seus activos, não passará em claro, como aconteceria se estivéssemos perante uma bpn-íce, na qual até se tornou em problema público o que era um buraco privado.

Venha ou não a dar-se o caso do GES conseguir pagar o empréstimo, e falido como está as probabilidades de não pagar são elevadas, nunca uma administração digna desta designação aprovaria este empréstimo. E o curioso é que não aprovou. Este empréstimo foi autorizado sem ir a conselho de administração. Parece que há uma coisa a que se chama de Regulador, o BdP, e outra designada CMVM, questões de formalismo que em nada impedem as negociatas, como é bem patente neste caso. Eventualmente haverá uma outra coisa a que alguns chamam de Justiça e que terminará em prescrições e sem consequências, como vem sendo hábito.

Não se tratasse de uma empresa estrangeira e já os nossos bolsos estariam a arder, como nos swaps e nas rendas eléctricas. Preocupante é que tratando-se do país que é, Portugal, e do banco que é, o do regime, espera-se o pior, que a abundante promiscuidade entre banca e política encontre forma de resolver o problema deles indo-nos ao bolso na mesma.

Comments

  1. j. manuel cordeiro says:

    Vale a pena guardar alguns textos sobre este tema. Ficam nos comentários abaixo.

  2. j. manuel cordeiro says:

    PT pode ficar com participação na Oi reduzida a metade
    Cátia Simões, 08/07/14 15:21
    No pior cenário a PT pode ficar com 20% da empresa que resultar da fusão com a Oi, noticiam os meios brasileiros.
    A Portugal Telecom (PT) poderá ficar com a participação na brasileira Oi, com quem está em processo de fusão, reduzida a metade do que o inicialmente previsto, devido ao investimento de 897 milhões de euros em papel comercial da Rioforte, do Grupo Espírito Santo, noticia o meio brasileiro “Broadcast”, da “Agência Estado”.
    A operadora liderada por Henrique Granadeiro deverá ficar com 37,3% do capital da CorpCo, empresa que resulta da fusão entre a portuguesa e brasileira. Um valor menor do que o inicialmente previsto após o exercício do lote suplementar de acções no aumento de capital da brasileira.
    Agora, a PT arrisca-se a ver esta participação a cair para 20% no pior cenário possível, garante o “Broadcast”, que não especifica contudo como chega a este valor. Os activos da PT foram avaliados em 1,9 mil milhões de euros (1,75 mil milhões, a que acrescentam os custos com a fusão e o pagamento de um dividendo de 10 cêntimos feito a 30 de Maio) e o investimento na Rioforte é cerca de metade deste valor. Os sócios brasileiros, refere a mesma fonte, não querem arcar com prejuízo e a redução do peso da PT na Oi parece ser a solução preferida dos accionistas da Oi. O ‘default’ poderá ser evitado com o prolongamento da maturidade deste papel comercial.
    O mercado tem referido a possibilidade da PT diminuir o seu peso na Oi caso a Rioforte não cumpra o pagamento das duas tranches de papel comercial comprado pela PT. A primeira, de 847 milhões de euros, atinge a maturidade já dia 15, a próxima terça-feira. Os restantes 50 milhões deveriam ser pagos a 17, quinta-feira.
    O investimento na Rioforte causou tensão entre a PT e os accionistas da brasileira, com os dois administradores não-executivos da Oi na PT a demitirem-se do ‘board’ por sentirem “desconforto” com a situação. O “Broadcast” apurou, sem citar fontes, que a situação provocou um forte desgaste entre os sócios brasileiros e a PT, com a preocupação de que a imagem do governo corporativo da nova companhia possa ser afectado por este episódio.
    A situação também está a ser acompanhada pelos reguladores. A CVM, regulador de mercado brasileiro, está a analisar e acompanhar o tema, pelo impacto que pode ter na Oi, como noticia o Económico na edição de hoje.
    O regulador das telecomunicações brasileiro Anatel também apelou à área de concorrência para acompanhar a situação.
    E os minoritários brasileiros (AMEC) estão a avaliar se vão avançar com alguma medida, o que pode incluir uma reclamação na CVM e na SEC, regulador de mercado norte-americano. Em causa estará a relação de troca das acções entre as empresas.
    A Tempo Capital, minoritário que avançou com um pedido para que os accionistas controladores da Oi não votassem a avaliação de activos da PT, contactada pelo Económico, não quis comentar o tema.

    http://economico.sapo.pt/noticias/pt-pode-ficar-com-participacao-na-oi-reduzida-a-metade_197173.html

  3. j. manuel cordeiro says:

    Família Espírito Santo equaciona entrada do Estado venezuelano para salvar GES
    CRISTINA FERREIRA 02/07/2014 – 00:09
    Ricardo Salgado pode desistir da intenção de ser presidente do conselho estratégico do BES e garantir uma solução para a gestão.
    O fundo soberano da Venezuela estará em posição de assumir uma posição relevante no Grupo Espírito Santo (GES) por reconversão de dívida em capital e de novos investimentos. Esta terça-feira surgiram na comunicação social informações dando Amílcar Morais Pires como estando fora da corrida para substituir Ricardo Salgado e tendo sido recuperada a possibilidade de o próximo presidente executivo (CEO) do BES poder ser Joaquim Goes.

    Nas última semanas, as notícias sobre o GES têm surgido em catadupa, o que acentua o contexto de turbulência à volta da família Espírito Santo e determinou a evolução errática do valor de mercado do BES. Depois do trambolhão das duas sessões anteriores, o banco fechou esta terça-feira a valorizar-se 13,79% (0,685 euros). Um sinal de que a decisão da CMVM de travar o caminho aos especuladores, proibindo o short-selling sobre as acções, teve efeito. E poderá ter havido igualmente movimentos compradores para sustentar o título.

    Já ao início da noite , o Expresso Diário avançava que a proposta de Morais Pires como próximo CEO do BES tinha caído. No “leilão público” de nomes a votar na próxima assembleia geral (AG) do BES, marcada para 31 de Julho, surge de novo o nome de Joaquim Goes, também da equipa de Ricardo Salgado, e que seria do agrado de Carlos Costa (governador do Banco de Portugal).

    Em cima da mesa pode estar também o afastamento de Ricardo Salgado na corrida para líder do conselho estratégico, uma nova estrutura a criar fora dos órgãos estatutários (sem poder de decisão) e que visa acomodar os accionistas de referência, nomeadamente, a família Espírito Santo, mas também os institucionais – em especial os estrangeiros. Isso seria uma forma de responsabilizar o capital pelos actos da gestão.

    Mas o PÚBLICO sabe que Carlos Costa só se pronunciará sobre o próximo CEO do BES e sobre o conselho estratégico antes da AG se lhe forem apresentadas listas carimbadas por uma larga maioria accionista (a de Morais Pires tinha apenas 25% do capital). Caso contrário, o BdP terá de esperar pela votação em reunião magna.

    A agência de rating Standard & Poor’s comunicou que reviu o outlook do BES e do Banco Espírito Santo de Investimento (BESI) de “estável” para negativo”, o que pode encarecer o custo a que as instituições se financiam. Para a S&P, “existem pressões crescentes sobre a situação financeira e sobre o negócio” e “a recente e inesperada demissão do presidente da comissão executiva do BES, bem como de vários dos seus administradores, a par das alterações propostas ao nível da gestão, no contexto de uma disputa entre os accionistas que controlam o banco, coloca desafios significativos à estabilidade da equipa de gestão e à sua focalização”.

    Antes, o negócios.pt tinha avançado com a informação de que a Petróleos da Venezuela adquiriu centenas de milhões de euros de papel comercial de curto prazo de sociedades da esfera não bancária do GES. A associação à empresa estatal, que funciona como fundo soberano da Venezuela, e que tem relações comerciais com o BES (com uma operação bancária em Caracas), abre as portas à entrada da Petróleos da Venezuela na Rioforte ou na Espírito Santo International (dona da Rioforte). Ou por reconversão da dívida em capital ou por novos investimentos que possibilitariam à petrolífera assumir uma participação relevante, ainda que inferior a 50%.

    Foi também um dia animado para a Portugal Telecom (PT), que esteve no centro das movimentações ocorridas em Lisboa e em São Paulo (onde a parceira Oi tem a sede), destinadas a reduzir junto dos institucionais o impacto negativo do “apoio financeiro” de 890 milhões de euros que foi concedido pela operadora à Rioforte.

    A dimensão da exposição da PT a dívida das holdings problemáticas do GES (emissão de papel comercial a três meses a vencer dentro de duas semanas) reorientou os holofotes do mercado para a empresa liderada por Henrique Granadeiro, que em apenas três sessões viu a sua a cotação cair para 2,42 euros, o valor a que negociava em 1996 (capitalização bolsista de 2286 milhões de euros).

    Admite-se que o apoio da PT à Rioforte tenha sido articulado entre Ricardo Salgado, Henrique Granadeiro e o director financeiro da PT, Luís Pacheco de Melo (ex-BESI). Uma decisão que não agradou à brasileira Oi, em processo de fusão com a PT, como ficou expresso no pedido de renúncia dos seus representantes, Otávio de Azevedo e Fernando Magalhães Portella, do conselho de administração da PT.

    O afastamento pode acentuar a brasileirização da empresa de telecomunicações nacional, pois Granadeiro, presidente executivo e chairman da PT, não submeteu a compra da dívida da Rioforte à administração. Para além da elevada exposição a um único devedor (quase mil milhões de euros), o investimento foi classificado como “não tendo racional estratégico”, pois a vocação da operadora não é emprestar dinheiro. No pressuposto, apenas teórico, de que a Rioforte não terá condições de pagar a dívida à PT, serão os investidores a responsabilizar-se pelo buraco.

    http://www.publico.pt/economia/noticia/familia-espirito-santo-equaciona-entrada-do-estado-venezuelano-para-salvar-o-grupo-1661282?page=-1

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