Não podemos voar sobre a guerra da Ucrânia? voamos sobre a Síria e um bocadinho do Iraque

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Enquanto decorre a batalha de propaganda sobre quem lançou o míssil, sendo óbvio que a verdade não será apurada, caiu no esquecimento quem colocou o MH4 a servir de potencial alvo. E a Malaysia Airlines insiste nas suas rotas com um cheirinho a guerra, acreditando piamente na altitude e no conhecimento dos mísseis por ali usados.

Nem deve ser a única. Se viajar, veja bem por onde passa a sua rota. É certo que a 10000 metros não vai ver nada, mas à chegada receberá uma bonita t-shirt Eu Voei Sobre uma Guerra e não aconteceu nada:

voei sobre uma guerra

Rumba dos inadaptados (ou a morte do jovem contribuinte)


Quinteto Tati, Exílio (2004)

Os vigilantes que foram vigiar a Prova não são professores – são um monte de merda

Conheço uma professora chamada Aida. Em Junho de 2013, no dia da Greve dos Professores, foi uma das únicas 3 professoras do seu Agrupamento a comparecer à vigilância aos Exames de 12.º ano. Durante o ano que agora termina, como Directora de Turma, foi ao Director do Agrupamento fazer queixa do seu Secretário – que demorara 2 semanas a entregar-lhe uma acta e que fora ela, afinal, a fazer sempre a maior parte do trabalho. Hoje, se tiver sido convocada para vigiar a Prova de Acesso, de certeza que foi.
É mais ou menos este o retrato do que é hoje a classe docente e que ficou bem evidente com a forma como decorreu o exame para os professores contratados. Desde há muito, não mexo uma palha para defender uma classe que cada vez me merece menos respeito.
Não quero refugiar-me em lugares-comuns mais ou menos estéreis. A verdade é que alguém que aceita vigiar um colega prejudicado por uma prova não é um professor. Alguém que prefere ir vigiar uma prova quando tinha um plenário sindical que justificava cabalmente a sua falta não é um professor. Alguém que aceita vigiar um colega que muito provavelmente tem mais habilitações do que ele próprio não é professor. Alguém que aceita vigiar um colega com quem conviveu durante o ano como igual não é um professor.
Não, não é um professor. É um monte de merda.

Seja professor hoje! Faça a prova agora!

paccVossa Excelência completou um curso superior com um plano de estudos orientado para o ensino e, no final, realizou um estágio pedagógico? Acredita que isso é suficiente para que possa ser professor, quando, para cúmulo, tem menos de cinco anos de serviço? Felizmente para todos, temos um ministro da Educação atento, apoiado por especialistas em astronáutica! É evidente que uma licenciatura ou um mestrado em ensino e um estágio pedagógico não são suficientes para saber se Vossa Excelência possui conhecimentos e capacidades para o desempenho da docência: para isso, existe a Prova de Avaliação de Conhecimentos e Capacidades.
Vossa Excelência não tem formação superior e não fez estágio? E por que razão isso deveria impedi-lo de ser professor, já que não é suficiente para que o seja? Dispõe de duas horas? Resolva as questões colocadas na Prova de Avaliação de Conhecimentos e Capacidades e estará apto a ser professor. Parabéns!

Gaza: vontades políticas nenhumas e indiferença

Sur la plage de Gaza_Photo Mohammed Talatene_Reuters

Photo Mohammed Talatene [Reuters]

Vítor Cunha rumo à Lua

rumoaluaConfesso que tenho um preocupante fascínio pela tendência do portuguesinho para se sentar a uma mesa de um café e discorrer, com mais ou menos álcool no bucho, sobre qualquer assunto, especialmente se não o dominar. Os blogues, na maior parte dos casos, não são mais do que tascas em que o mais ébrio tem a possibilidade e reclama o direito de falar sobre tudo aquilo que não entende. É, aliás, frequente, o bêbedo gritar “Eu sei muito bem o que estou a dizer e sou capaz de conduzir até casa ferpeitamente!”

Vítor Cunha talvez não beba, mas raramente está sóbrio e se há substância que o excita é o discurso da esquerda, especialmente se comunista. Se o comunista for sindicalista e se se chamar Mário Nogueira, Vítor Cunha – e a honestíssima trupe blasfemo-observadora, de uma maneira geral – fica num estado semelhante ao de Maradona depois de fungar aquilo que não era rapé. Se a religião é o ópio do povo, Mário Nogueira é a cocaína de Vítor Cunha: basta uma linha e a realidade é outra coisa.

Sob o efeito do seu estupefaciente preferido, Vítor apoiou-se ao balcão da tasca e arriscou umas alegorias com que julga explicar a questão da prova dos professores contratados. Apesar do meu fascínio pela miséria humana, é sempre com um misto de prudência e de compaixão que me afasto de quem não está em condições de perceber. De qualquer modo, a ignorância atrevida é uma outra forma de bebedeira. [Read more…]