Falem por si

Ana Drago, dizem, vai abandonar o Bloco de Esquerda. Nada tenho com isso e muito menos com as razões que alega. Não sou comentador televisivo e não me apraz a especulação gratuita nem os julgamentos sumários que tanto agradam à maior parte dos nossos jornalistas. Mas há um ponto que, por ser coisa recorrente em crises de todos os partidos, importa relevar: a frequência com que os que saem fazem questão de arvorar a representação de um grupo ou organização que dê relevo – e, talvez, prestígio – à sua dissidência.

Reparem que não discuto aqui – era o que faltava – as razões ou convicções que levam alguém a abandonar um partido. Muitas pessoas o fizeram com dignidade e discrição sem alardear um ego sobre-dimensionado. Outros portaram-se como ratos num barco que pensam em risco. Há de tudo. Até os que mudam de partido e mantêm o seu lugar no Parlamento, atacando, em nome do seu novo amor, o partido a que pertenceram (não é, José Magalhães?). Outros há que vão tratar da vidinha. Há ainda quem sofra uma epifania e faça uma volta de 180º, passando a servir o Senhor ( e os senhores…não é Zita?). Mas o que me traz aqui é, como escrevi acima, a batota da falsa representatividade que alguns dissidentes alegam, por iniciativa própria ou embalados por uma comunicação social rapace e tendenciosa.

É a vez de Ana Drago. Por que diabo não desmente publicamente as notícias que proclamam que consigo toda uma corrente sai do BE? Por que diabo é para aqui chamado o Fórum ou a Política XXI e, pior ainda, porque se usa despudoradamente o nome de Miguel Portas? Não tendo nada com o BE – mas nele não me faltando amigos e companheiros de luta de tempos mais difíceis – a minha reacção decorre da náusea de já ter visto este número muitas vezes – incluindo no meu partido – e sempre com argumento semelhante, só mudando os actores. Por que diabo não se mantêm na sua dimensão e falam por si? Se alguém os quer acompanhar, tem voz e cérebro próprios.

BES! caloteiro! dá-me o meu dinheiro!

amercico amorim

O homem mais rico de Portugal vai à manif.

No camarote com Putin: a história de um embargo que não existe

Putin

De um momento para o outro, talvez por obra e graça do divino Espírito Santo, deixou de se falar nesse ícone da violação dos direitos humanos que é a Rússia de Vladimir Putin. É possível que o futebol, que como sabemos tem a particularidade de ofuscar e adiar as mais variadas preocupações do ser humano, esteja por trás deste fenómeno. Até porque, como a foto em cima nos mostra, a Europa civilizada conseguiu partilhar o camarote da Dilma com o perigoso ditador soviético. Apesar da Rússia se ter ficado pela fase de grupos do Mundial, Putin foi convidado de honra na tribuna VIP para a final do Maracanã. Não se viu por lá Cavaco Silva.

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Está tudo explicado

Duarte, Marques, defende a invasão do Iraque. É droga, só pode.

Gestão

besteiras

Outro Fado [Textos sobre música portuguesa III]

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© Clément Darrasse

Quando A Naifa surgiu, ninguém sabia muito bem como classificá-la, onde arrumá-la, se no faqueiro da avó, se no do Ikea, ou se noutro ainda. Quais seriam ao certo as virtualidades com significado para a música pátria d’A Naifa? E digo (escrevo) isto mapesar do Fado, que claramente habitava (e habita) a sua música, que era (e é) o seu chão, e das sonoridades tradicionais da terra portuguesa. Talvez por isso, e porque «trip-fado» definisse insuficientemente o género singular a que se dedicavam os músicos d’A Naifa, alguns preferiram cortar a eito e chamar-lhes «pós-modernos» – designação contudo também ela um bocado opaca, que apenas informava estarem eles «um bocado à frente», representando correntes ainda por deslindar em toda a sua extensão e significados. [Read more…]

Hoje, mais a sério

euroh1

Portugal defronta hoje, às 19 horas, a Rússia no Europeu Júnior que decorre em Lousada, naquele que será o jogo chave para, pelo menos, a permanência na Divisão B.

Ontem, os Linces folgaram e isso permitiu-lhes acertar algumas agulhas para o jogo de hoje, uma vez que a Rússia foi testada pela Irlanda, goleada aliás, o que trouxe um novo fôlego aos seleccionado português que viu crescer um paradigma que, à partida, era muito condicionado: se a Rússia não valer mais do que apresentou contras os irlandeses, está ao alcance dos portugueses. Mas são “ses”…

Entretanto, como escrevemos, a Irlanda despachou a Rússia, logo por 5-2, em ritmo de treino, e mostrou claramente que veio a Lousada para vencer e, consequentemente, subir à divisão A.

No outro jogo do dia, A Escócia venceu a Bielorrússia por 3-1, num desafio sem grandes momentos de interesse.

Já hoje de manhã, a Itália defrontou a Bielorrússia, naquele que deveria ter sido o jogo inaugural, mas que foi adiado porque o material desportivo bielorrusso não chegou a tempo, estando a equipa a usar algum equipamento proveniente de alguma solidariedade, até a chegada (?) do seu.

O resultado saldou-se por um empate a duas bolas. A Itália desiludiu e a Bielorrússia mostrou que vale bem mais do que tinha mostrado, ontem, contra os escoceses.

Foto: Douglas Rogerson