António Alves da Silva
Ontem [sexta-feira], após a posse do XX Governo Constitucional, com alguma surpresa fui apanhado pelas declarações de um dos nossos políticos. Por acaso, homem habituado à ribalta e não pouco experiente nestas lides. Declarações tão surpreendentes como reveladoras de que, 41 anos após a instauração da democracia neste país, por sinal apenas um menos do que a idade do dito , há gente responsável que ainda não percebeu o real alcance daquilo que é a representação democrática, do povo. Dizia ele com um ar afectado e circunspecto, daqueles ares a que se dão estes “novos” políticos, que agora se esperava que os deputados soubessem “respeitar a vontade do povo”! Como se a vontade do povo fosse traduzível, como um todo, por um único e simples escalonamento percentual matemático. Como se todo um povo dissesse referendariamente sim, ou não, através do seu voto eleitoral passado, a cada um dos projectos, a cada um dos dilemas que lhe são subsequentemente colocados. Como se pudéssemos interpretar, reinterpretar e tre-interpretar a nosso bel-prazer e para lhes dar resposta e a cada passo, o “ranking” partidário saído das urnas. Como se esses números nos dessem o dom de saber, por tempo indefinido e a cada passo, qual é a “vontade do povo”!
Não, os deputados não têm de respeitar a vontade do povo! É da forma como eles se comportam e representam a vontade da pequenina parte desse povo que os elegeu que surge, agora sim a cada passo e através de uma parlamentar fórmula matemática de agregação proporcional, a verdadeira vontade popular. E apenas assim cada um deles tem o poder de ser uma também pequena parte dessa vontade. E é nas opções que, não todos mas cada um deles toma, que se vai materializando aquilo que são as posições do povo, perante os tais problemas e dilemas que cronologicamente, lhes são colocados. E não há deputados que respeitam e outros que não respeitam a vontade do povo, principalmente porque eles não têm de a respeitar. Os deputados são a vontade do povo. É a democracia, estúpido!
A vontade do Povo será inequívoca, com mais e melhor educação, para todos, e já agora (por vezes) referendada. Quem tem medo da democracia participativa?!
Só falta saber onde a esquerda vai buscar dinheiro para compensar as despesas que vai praticar. Ao grande capital? Não porque o PS não vai deixar e se o permitir, já ele fugiu do país. Resta endividar-se o país. Então teremos de chamar novamente o FMI. O que vale é que eles já conhecem bem o caminho.
Ao mesmo sítio onde o PSD foi buscar para andar a distribuir nos últimos 5 anos, imagino eu.
Que é…..
Então para quê mudanças?
Era em jeito de piada… mas se quer saber, se fosse só isso, servia para deixar de tirar aos pobres para dar aos ricos, mas para tirar a todos para que todos tenham acesso às necessidades essenciais, como educação e saúde com alguma qualidade, ao contrário do legado do último governo.