Na Coreia do Sul, de acordo com uma reportagem da BBC, algumas empresas propõem aos seus funcionários a simulação do seu próprio funeral. A ideia pretende ser, digamos assim, generosa: ajudar os empregados a gerir o stress provocado por uma sociedade altamente competitiva e com uma das maiores taxas de suicídio do mundo, de modo a reconciliá-los com a vida, torná-los mais equilibrados e… produtivos.
O enredo desta iniciativa assenta num ritual que tem tanto de macabro como de pueril: depois de confrontarem os voluntários com vídeos que realçam a forma positiva como certas pessoas reagem a problemas muito mais graves – pessoas com cancro terminal gozando a última réstia de vida, pessoas sem membros aprendendo a nadar… -, é-lhes pedido que redijam, perante um caixão aberto, uma carta de despedida para os seus entes queridos. Terminada a tarefa, entre soluços, prantos e outras pieguices, são convidados a entrar no féretro, que será encerrado durante 10 minutos, o suficiente para se confrontarem com o sentido da vida.
Afirma um dos adeptos do método, presidente de uma firma de – é isso mesmo – recursos humanos, que “a experiência de entrar num caixão é tão chocante que lhes pode provocar um reset às suas mentes, permitindo-lhes reconfigurar totalmente as suas atitudes”.
A sessão, com efeitos positivos atestados pelos intervenientes (um deles diz que percebeu, com a experiência, que deve ser mais apaixonado pelo trabalho e passar mais tempo com a família…), numa sociedade, adverte a reportagem,”paternalista”, na qual dificilmente é posta em causa a autoridade do patrão, é assegurada por um certo Hyowon Healing Centre, gerido por um tipo com experiência no negócio de despachar cadáveres e que terá encontrado aqui um novo nicho de mercado.
Diz-se ainda na reportagem que o governo civil de Seul, pretendendo alterar uma cultura laboral dominada pelo “presentismo” – a necessidade de chegar ao trabalho antes do patrão e de sair só depois de ele sair -, tentou instituir a prática de siesta, “concedendo” para o efeito 1 hora a meio da jornada de trabalho, a compensar no início ou no final do dia…
Não tenho, infelizmente, nenhuma punch line para esta anedota e por isso recorro aos leitores para me ajudarem. Para os mais apressados, deixo aqui um exercício de escolha múltipla que lhes pode facilitar a tarefa. E desde já vos deixo o meu agradecimento pela colaboração.
A reportagem da BBC referida e “linkada”no texto:
a) Ilustra uma ideia criativa e inspiradora;
b) Revela aspectos de uma sociedade totalitária que despreza o ser humano;
c) É uma representação do paroxismo capitalista;
d) Aborda uma realidade impossível de replicar no mundo ocidental;
e) É um fait divers sem interesse.
f) A ideia original terá sido do Passos Coelho, para acabar com a pieguice dos portugueses.
Seria giro se alguém se suicidasse dentro do caixão.
Tão iguais à Coreia do Norte e nem se dão conta. Ou dão?
Já lá viveu de certeza. Admira-me que não tenha morrido depois de ter dito adeus ao Kim ou ao seu patrão norte-coreano.
é tudo horroroso. desde o servilismo ao patrão a esta forma de testar as pessoas, a este nicho de mercado.
Só para lembrar que várias sociedades mais ou menos secretas têm o mesmo simbolismo nos seus ritos iniciáticos, desde a maçonaria até à Skull & Bones de Yale.
g) a culpa é dos sul coreanos. não sei como é que não se lembraram ainda.
h)é a nova temporada dos “sete palmos de terra”,versão sec.xxi.