Pérola

Cavaco Silva na passagem de ano de 1995 para 1996.

Cavaco, a referência

Não é novidade, mas não é demais avivar a memória, via um oportuno trabalho de confrontação.

Eis o homem, que se auto-retratou como pertencendo à boa moeda, a activamente ludibriar os portugueses e, depois, a negar, tal Judas. Atente-se no ar crispado de quem não aceita ser confrontado. Diz que a jornalista está a mentir (não estava), quando é ele próprio que cai em mentira.

Aqui está o político das duas maiorias absolutas e das duas presidências . Sem dúvida que os portugueses lhe deram sucessivamente o poder, erro que felizmente nunca cometi – haja memória.

Cavaco, o político que sempre fez questão de se posicionar como não-político, num antítese de si mesmo, ficará na história, essa que ele procurou que lhe fosse dócil, como a referência da mesquinhez, o Presidente do seu umbigo.

Tempos novos, conluios de sempre

Santana Castilho

Quando, depois de tantos impostos que pagamos, se morre por falta de assistência médica num hospital central de Lisboa, quando milhares de filhos de emigrantes são expulsos de aulas de língua pátria por falta de pagamento de uma propina inconstitucional, quando se calca a dignidade dos pobres dando-lhes 80 cêntimos mensais de aumento de pensão social, não é o simples anúncio de que os tempos são novos que os mudam. É preciso mais, fazer diferente, selar conúbios.

1. Tivessem Pedro Passos Coelho, Paulo Portas e Maria Luís uma réstia de dignidade política e já teriam vindo a público responder às gravíssimas acusações que lhes foram feitas por António Costa e Mário Centeno, a propósito do Banif. Com esta entrada, não se conclua que aprovo a solução encontrada. Com efeito, nenhum português esclarecido aceita a passividade do Banco de Portugal perante o arrastar da solução do Banif, que outra explicação não tem que não a servidão política à saída limpa e aos interesses eleitorais da coligação PSD/CDS. Como nenhum português esclarecido aceita uma solução que deixa sem resposta tantas perguntas, que abalroam as consciências dos que acreditaram que os tempos seriam novos. Quem já ganhou e vai ganhar com o que os contribuintes já perderam e vão perder? Quem concedeu créditos e quem os não pagou? Quem promoveu a fuga de informação que originou a corrida aos depósitos? Que interesses resultaram protegidos quando Costa e Centeno impediram que a resolução do Banif ocorresse em 2016, rejeitando, assim, a solidariedade europeia e impedindo que o BCE liderasse o processo no âmbito da união bancária e apurasse, em auditoria externa, as responsabilidades do bloco central da teia financeira? Como entender que o mesmo Governo que se escandalizou com a venda da falida TAP por 10 milhões de euros, venha agora obrigar-nos a pagar quase três mil milhões para que um banco estrangeiro fique com o Banif, limpinho de todos os prejuízos, numa solução que Passos Coelho achou inteligente e só o PSD viabilizou no parlamento? [Read more…]

O salto evolucional dos perfis falsos do PSD

DS

(Cindy Joseph, uma das muitas caras do perfil falso que administra o maior grupo de apoio ao PSD no Facebook)

Há perfis falsos e perfis falsos. Clones como eu gosto de lhes chamar. Uns são efémeros, como a saudosa Maria Luz, outros andam por aí, como se nada fosse, caso da actriz e conferencista Sasha Grey (Laura Campos por terras lusas). Mas o universo de clones laranjas já não é o que era.  Longe vão os tempos das trincheiras.

Trago-vos hoje essa versão optimizada de perfil falso, a face visível do salto evolucional destas coisas. Um perfil falso que, mais do que debitar propaganda do defunto PàF, administra o maior grupo de apoio ao PSD que existe no Facebook. Dá pelo nome de Diana Sousa, usa fotos de modelos russas e da conhecida modelo “sénior” Cindy Joseph, defende a corrida aos levantamentos bancários em massa como forma de protesto contra o actual governo, articulada com uma página de Facebook com origens óbvias que dá pelo nome de “Salva o teu dinheiro da 4ª bancarrota socialista” e trabalha em articulação com outros clones e destacados soldadinhos de chumbo da polícia de choque do PS nas redes sociais. [Read more…]

Não piroparás (?)

Admito: quando se tratou de discutir, há já algum tempo, o que se chamou, na altura, a “criminalização do piropo”, tive reservas em relação ao modo como a questão, pela voz de pessoas com responsabilidade na iniciativa, estava a ser colocada. Reconhecendo, embora, que todo o ruído que a comunicação social fez na altura prejudicava a abordagem séria do tema. Fez e está a fazer agora. Designadamente incluindo – para dar um toque sensacionalista à situação – uma moldura sancionatória que releva de outros artigos do Código Penal que não do que está em causa. Tal tem motivado abordagens, aqui e ali, que atiram a um alvo que, em minha opinião, não existe. Na verdade, a nova redacção da lei não inclui os bizarros termos que por aqui se têm lido e glosado. O que se diz no artigo 170º do Código Penal é, simples e sensatamente, isto: [Read more…]

Porque não o bail-in?

O Banif arrastou-se durante 3 anos sem ação. A carta de aviso da abertura formal de investigação por parte da DG-Comp (Comissão Europeia) esteve 5 meses para ser publicada. De um momento para o outro, no dia 18 de Dezembro, o Diário da União publica uma carta com data de Julho de 2015 e precipita a resolução do Banif com um avassalador custo para o contribuinte: perto de 3 mil milhões de euros. Pode ver o detalhe aqui e aqui.

O BES/BANCO BOM/BANCO MAU teve o colapso em Agosto de 2014. Nessa altura, o Banco de Portugal considerou que imputar prejuízos aos investidores detentores de dívida sénior era prejudicial ao país, pois afetaria a sua credibilidade e afastaria investidores de Portugal. Agora, cerca de 18 meses depois, muda radicalmente de ideias e, numa medida desesperada a 2 dias do final do ano, decide atirar para o Banco MAU obrigações com um valor de balanço de 1985 milhões de euros (emitidas pelo banco antes da resolução de Agosto do ano passado). Dessa forma recapitaliza o Banco Bom e condena os investidores internacionais à perda total. [Read more…]

Não revogues

 

Assisti, há pouco, na Observador TV, mais conhecida por RTP 3, à discursata de suposta despedida do Portas. Uma mistura de banalidades, fel e sabedoria de bolinhos da sorte chineses. Há quem fique impressionado com estas larachas de pastelaria. Por mim, senti-me esclarecido quando ele disse que o “CDS servia o País há bem mais de 40 anos”. É verdade. No tempo em que os Marcelos eram Caetano e os Antónios eram Salazar. Vai, pois, Paulo. E não revogues. E por favor: não te dediques ao comentário televisivo. Vive dos rendimentos – sabes bem quais – ou faz anúncios do Calcitrin ou do Cálcio+; tens tanta credibilidade como os actuais anunciantes.