(suplemento Ver da revista Evasões/JN/DN, 8/1/2016)
Num dos últimos encontros do Aventar falou-se de audiências e dos canais da cabo. Uma vez mais, estranhei a surpresa dos presentes (pelo menos de boa parte) perante os números. Curiosamente, é algo que sempre acontece quando falo sobre isso com terceiros. Ora vamos aos números.
Segundo a publicação “Ver” da revista Evasões (JN e DN) desta semana (página 24, 8/1/2016) a média de espectadores dos 10 canais mais vistos nesse período foi a seguinte:
Em 1º o Canal Hollywood com 48.900; em 2º temos a SIC Notícias com 44.800 e em terceiro o AXN com 37.200. Já agora, nos 10 primeiros temos quatro canais para crianças (Disney Channel, Disney Junior, Panda e Cartoon Network) e em 10º lugar a CMTV (Correio da Manhã TV) com 20.200 espectadores (os mesmos da RTP3). Permitam-me que destaque um pormenor importante:
A CMTV da Cofina (Correio da Manhã, Sábado, Record) estar em 10º lugar é muito bom pois ainda só está na MEO. A partir de meados deste mês (penso que dia 16) chega à NOS e assim passa a estar disponível em 85% dos clientes de televisão por cabo em Portugal. Ou seja, a CMTV consegue estando apenas na MEO ter a mesma audiência da RTP3 que está em todas e cerca de metade da audiência da SIC Notícias (que também está em todas). Daí não estranhar que os seus responsáveis apontem à liderança da cabo em Portugal até ao final do ano. Surpreendente, tendo em conta os actuais números, era não o conseguir.
Ou seja, as audiências dos principais canais da cabo não são idênticas ao que sobre elas se pensa. Para quase todos os meus amigos e conhecidos, estes são valores muito abaixo daquilo que julgavam. Se é verdade que a cabo lidera as audiências em Portugal, os hábitos de consumo de televisão continuam a ser os mesmos de um passado recente (TVI, SIC, RTP1). A grande diferença está na forma como uma parte dos espectadores se dispersa pelos vários canais. Uma parte. Não todos nem tão pouco a maioria.
Obrigado por nos dar boa informação. Agora vamos aguardar os “inteligentes” a zurzarem nos trogloditas estupidos (os outros claro) que devido ao obscurantismo salazarento ainda vêm a CMTV:
As tautologias não precisam de ser ditas.
Ainda bem que o troglodita crsitofmerdoso adora esterco televisivo…. admirados? Coitado, como se dispersa, como ele gosta tanto de noticiazinhas, daquelas a la taxista para entreter poucochinhos …
Parece uma barata tonta, complexado, sempre, ele gostava ter bom gosto mas nunca teve Tempo… então baba-se de raiva.Porquê? Ora, acima de tudo,por existir quem não adore a mediocridade informativa,em que vegetam,seres como ele.Temos que ter paciência, façamos zapping…
O Fernando tem razão e o que ele diz não é tautologia nenhuma. O que ele diz, o que eu li no que ele disse, é que, ao contrário do que é convicção geral e costuma ser argumento dos arautos dos “novos tempos”, até de gente com responsabilidades no meio (estou a lembrar-me de um Manuel Falcão, por exemplo, que não se cansa de celebrar o “cabo” como novo paradigma do consumo televisivo, mas também de um Cintra Torres, o que sabe da poda, irmão daquele que manda umas bojardas no CM, embora este seja, ou tenha sido, consultor da NOS e por isso parte interessada na “boa-nova”), o “cabo” nunca liderou, não lidera nem liderará porra nenhuma.
Primeiro, é preciso perceber o que é o “cabo” em matéria de audiências. O “cabo” é o conjunto das centenas de canais temáticos que os distribuidores nos impingem em pacote. E nesse conjunto, que representa cerca de 32,4% de audiências, estão os canais “campeões” como o Hollywood, a SIC Notícias e em breve a CMTV. No outro lado, representando cerca de 55% de audiências, estão os generalistas free-to-air, que também estão no cabo, e que em horário nobre conseguem, cada um, audiências na ordem do milhão de espectadores. Muito longe, portanto, dos menos de 50.000 espectadores do canal mais visto do “cabo”.
Não cabe por isso na cabeça de ninguém com juízo dizer que o “cabo” tem mais audiências que a RTP, a SIC e a TVI, quer em termos absolutos quer em termos relativos, pois não só no seu conjunto ficam a léguas do conjunto oposto (32% para 55%) como nenhum canal do dito “cabo” chega sequer a 1/20 das audiências de cada um dos tradicionais generalistas.
Outra coisa completamente diferente é a forma como as pessoas acedem aos serviços. E muito diferente ainda é perceber como o dito cabo beneficiou do flop da TDT e das razões que a este estão subjacentes. Mas disto se falará na comunicação social em breve, e muito brevemente…