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Fonte: Banco de Portugal, via Jornal Económico
Realidade pura e dura: o crescimento da dívida pública tem sido constante, tanto no anterior governo PSD/CDS, como no actual governo PS. É um indicador que continua mau, mesmo com aquele solavanco para baixo em Novembro passado.
A PAF lá vai procurando malhar na Geringonça com os números que ainda não se endireitaram, esperando que os portugueses se tenham esquecido que:
- A dívida pública não parou de subir com a PAF;
- E que, apesar dos vários aumentos (brutais) de impostos, não conseguiram uma única vez chegar aos resultados positivos que Costa conseguiu, como por exemplo controlar o défice.
Este crescimento da dívida é insustentável. Era-o no tempo de Passos Coelho e é-o agora com Costa – alguma coisa terá que mudar. Mas, para variar, nem tudo é negativo. Não precisamos de optimismo saltitante, pois a situação não dá para tanto, mas, sinceramente, está claríssimo que o rumo que a direita escolheu no passado não nos levaria, como não levou, a lado algum.
Isso pode melhorar um pouco, mas vamos andar sempre com as calças na mão, até ao dia que alguém nos aperte de novo a barriga, e voltaremos a ter uma valente crise gástrica.
Não acredito que a nossa dívida seja pagável a médio prazo mesmo com mais sacrifícios, tal como tivemos num passado recente. Aqui, neste caso significa vir para o valor estipulado pela UE que é 60% do PIB. Ou seja, uma redução de 70%.
Ora, face aos números atuais seria uma redução num prazo de 13 anos de 5% ao ano.
A razão pela qual não acredito é simples. Para que isso fosse possível, teríamos deter um crescimento económico acima dos 4% ano, coisa a que a Europa se desabituou à muito tempo. Esse crescimento teria de ser continuado por muitos e longos anos, e não ocasionalmente como aconteceu com a Irlanda.
Mas ainda assim, admitindo que vivêssemos todos com um “salário chinês”, numa economia sem regras laborais e ambientais, nada nos garantiria que esse crescimento se alcançasse consistentemente, uma vez que o nosso mercado é infinitamente mais pequeno que o asiático, onde a China tem à sua volta quase 2 biliões de almas, sendo que 1,4 são cidadãos Chineses.
Depois, a corrupção endémica que assentou arrais em Portugal dificilmente desapareceria sem uma alteração profunda no sistema de justiça.
O Brasil têm salários baixos, O México idem, outros países nas mesmas circunstâncias destes também. Não tem serviço nacional de saúde, e a escola pública deles é a do tempo da velha guarda.
Que me ocorra, nenhum deles deixou de estar a braços com uma dívida terrível ao FMI, com deficit altos, inflação alta, etc,…
É necessário renegociar a dívida quanto antes, mas primeiro julgar os responsáveis por termos chegado aqui, em especial aqueles que têm a responsabilidade de 8% da nossa dívida, cujos nomes são bem conhecidos, e nadam a rir-se de nós todos.
Deve ler-se: “teríamos de ter um crescimento”
“e andam a rir-se de nós todos”
“A dívida pública não pára de aumentar desde que”
desde que privatizaram os serviços públicos, e passaram a subsidiá-los
desde que sabotaram as empresas publicas, e perderam o rendimento
desde que criaram os PPPs,
desde que suportamos a roubalheira da banca privada,
desde que entrámos para a UE,
desde que mudámos para a moeda única.
Chama-se “defice” a divida a aumentar de uns anos para os outros. E nos 10 anos anteriores ao ferrolho da troika o crescimento não foi exactamente constante. Foi mais parecido com a facturação de octapharmas e motas…
Na verdade, dívida não significa défice:
dé·fi·ce
(latim deficit)
substantivo masculino
1. Saldo negativo no orçamento do Estado.
2. [Por extensão] Qualquer excesso de despesas sobre as receitas.
3. Excesso de consumo sobre a produção.
4. Insuficiência ou deficiência de algo (ex.: diagnosticou défice de atenção na criança; a associação tem défice de recursos humanos).
“défice”, in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://www.priberam.pt/dlpo/d%C3%A9fice [consultado em 03-01-2017].