Coisas da Cultura

Gustavo Peixoto*

Testemunhei hoje uma cena absolutamente hilariante no Museu de Serralves, onde está patente a exposição de Robert Mapplethorpe, tão falada nos últimos dias.

Observando atentamente, numa sala especial da exposição, uma das fotografias mais polémicas do fotógrafo, onde têm especial destaque um dos orifícios excretores do corpo humano e a parte do braço que vai do punho ao cotovelo, estavam dois indivíduos adultos, caucasianos, de estatura média, sendo que um era um homem que aparentava ter trinta e poucos anos, e o outro uma mulher na casa dos quarenta.

A dada altura, o indivíduo do sexo masculino interrompeu a observação silenciosa e atenta do truque contorcionista retratado na fotografia do artista e dirigiu-se, nos seguintes termos, ao indivíduo do sexo feminino que estava ao seu lado, absorto também na profunda maravilha da imagem:

“- Fazia-te umas cuecas de cuspo.”

A senhora chamou a polícia e fez queixa do ordinário, evocando o Artigo 170º do Código Penal, cuja recente alteração veio criminalizar o piropo.

*Curador

A lei que vai matar os ubers

António Alves

Segundo a lei dos rendimentos decrescentes, ou da produtividade marginal decrescente, obtemos cada vez menor produção adicional à medida que acrescentarmos doses adicionais de um dos factores de produção, mantendo fixos os restantes. Ou seja, mantendo constantes os restantes factores produtivos, o produto marginal de cada unidade do factor de produção acrescentado reduzir-se-á com o aumento da quantidade utilizada desse factor.

Imaginemos, mero exemplo académico simplificado, uma pequena cidade capaz de gerar 3900 viagens num mês. E isto é o seu valor máximo. A partir de um certo ponto, mesmo quando a oferta aumenta a sua qualidade, reduz o preço do serviço, ou ambos, a procura não aumenta. A sua elasticidade não é infinita. Só alterações supervenientes noutros factores, como um grande aumento de população, é que poderiam aumentar a procura. Mas adiante, temos uma cidade cujo mercado das viagens em automóvel particular/privado é de 3900 viagens mensais.

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O FC Porto não faz 125 anos… e o FC Porto de 1893 também não

Ponto prévio: não sou menos portista do que todos aqueles que acreditam na patranha inventada há 30 anos para tornar o FC Porto no clube mais antigo.
Sou um portista dos torniquetes. Com 4 ou 5 anos, passava ao colo do meu pai para ver os jogos no velhinho Estádio das Antas, que durante muitos anos foi a minha segunda casa.
Acredito é que a grandeza de um clube não se mede pelo facto de ter aparecido ou não antes dos outros. Mede-se por valores e um deles, se calhar o mais importante, é o da verdade.
Posto isto, parece-me indiscutível que o FC Porto foi fundado em 2 de Agosto de 1906 e que o FC Porto de 1893 não passou de uma remota e efémera experiência que durou menos de um ano e que acabou tão depressa como começou.
Em comum, os dois clubes tinham apenas o nome, nada mais. Os fundadores de 1906 disseram-no com todas as letras há quase 70 anos: um clube nada teve a ver com o outro e os fundadores do segundo não faziam a mínima ideia de que 13 anos antes existira um com o mesmo nome.
Sim, sempre se soube da existência de dois FC Porto…
A investigação profunda, que terminei há uns meses e que entretanto enviei às editoras para análise e eventual publicação, prova-o sem qualquer dúvida.
Deixando de lado essa investigação – espero que um dia possa ver a luz do dia – atenho-me para já apenas ao que é público. [Read more…]

Quem for funcionário público ponha o dedo no ar!

No final do ano lectivo passado, António Costa declarou que as reivindicações dos professores custariam 600 milhões de euros aos cofres do Estado. Passado algum tempo, os sindicatos dos professores e o Ministério da Educação concordaram em criar uma comissão para se apurar exactamente quanto custariam as reivindicações dos professores. A verdade é António Costa e o Ministério da Educação sabem e não querem pagar ou não sabem e não querem pagar. Na verdade, não querem saber. Do colaboracionismo dos sindicatos e da maioria dos professores poderemos falar para a semana, quando o folclore da luta for retomado.

A propósito de (des)informações, comparem-se os títulos das notícias com direito a ligação, que não queremos que vos falte nada:

Percentagem de funcionários públicos em Portugal é das menores da EU (Julho de 2018)

Existem 675.320 funcionários públicos em Portugal. Número aumentou no 2.º trimestre (Agosto de 2018)

Quantos funcionários públicos há? Finanças não sabem, nem quanto ganham (Setembro de 2018)

Sabemos, não sabemos, temos a mais, temos a menos, não fazem nenhum, são fundamentais. Estou um pouco confuso!