Fotografia: Lusa
Joe Berardo não fez um favor aos bancos. Fez um favor ao país. Demonstrou bondade e compaixão por todos nós, pobres portugueses, ao apresentar-se perante a comissão de inquérito sem máscara, o que lhe permitiu gozar, abertamente e sem rodeios, com a cara dos deputados, do Parlamento e dos portugueses, deixando a nu a verdadeira face de uma certa elite parasitária, famosa por manobrar políticos sem espinha e viver à custa do erário publico.
Para lá dos fatos aprumados e do discurso polido, estruturado e ensaiado meses a fio, para lá dos advogados corporate, com as suas trelas e os seus boys no parlamento a produzir legislação por conta e medida, Portugal tem superavit de Berardos, com a diferença que nenhum outro, para além do Joe, tem a frontalidade de nos gozar na cara sem rodeios. Mal por mal, prefiro um Berardo genuíno a um Salgado impecavelmente educado, a brincar aos pobrezinhos com os primos e as tias na Comporta.
Berardo é apenas um de uma longa lista de “altas individualidades” portuguesas, com ou sem comenda, que devem milhões aos cofres do Estado. Devem mas não pagam. E aparentemente nem têm que pagar. Maravilhas do terceiro mundo europeu. No caso de Berardo, um dos mais comuns, o não-pagamento da dívida decorre da indigência do capitalista caloteiro, que não possui mais do que a roupa que traz no corpo e uma garagem, possivelmente gatunada à vizinha. O que não o impede de viver uma vida de luxo, cortesia da fundação que dirige de forma absoluta, proprietária da sua mansão, do seu carro, da sua casa de férias, das jóias da família, da colecção de arte e, claro, das dívidas. Aqueles não-sei-quantos milhões que o senhor nos deve.
Os milhares de milhões que esta elite parasitária deve à CGD, no total, poderiam ser injectados na Saúde, na Educação ou nos vários serviços públicos deficitários, como os transportes. Seriam suficientes para garantir uma parte significativa da recuperação de rendimentos e de tempo de serviço de milhares de funcionários públicos, ainda por recuparar. Até porque tendem a aumentar e a terminar em incumprimento. Mas o capitalismo do calote lá vai fazendo o seu caminho, comprando um político corrupto aqui, um banqueiro mafioso acolá, açambarcando negócios públicos e regimes de excepção, fugindo aos impostos e à polícia, passando entre os pingos da chuva. E, se correr mal, os portugueses farão o que melhor sabem fazer: viver acima das suas possibilidades.
A questão devia ser: para que serve um banco público? Porque para apoiar quem comprova que pode pagar existem todos os outros bancos. Assim sobra a opção apoiar quem não pode pagar nem vai pagar mas é dos nossos (porque a mim não me emprestavam de certeza) sob a denominação de “projeto estratégico”. Bora lá criar mais cenas públicas (ou privadas a fazer jeitos aos governos). Dão um resultadão.
Não esquecer que temos um desses personagens à frente de uma instituição classificada como de “utilidade pública”, e nada lhe acontece.
Acho que não preciso de dizer quem é.
Não me diga que é o amigo do franciscano banqueiro?
…” Berardo é apenas um de uma longa lista de “altas individualidades” portuguesas, com ou sem comenda, que devem milhões aos cofres do Estado. Devem mas não pagam. E aparentemente nem têm que pagar. Maravilhas do terceiro mundo europeu. “…
Quanta verdade, João Mendes !
…” Portugal tem superavit de Berardos, com a diferença que nenhum outro, para além do Joe, tem a frontalidade de nos gozar na cara sem rodeios.”
Aqui deixe-me acrescentar que não será bem assim, é pior ! que bem sabemos, vemos, ouvimos e lemos e constatamos da sem vergonha e hipocrisia impostora e cínica de tantos outros que se nos apresentam como inocentes e impunes com a desfaçatez de total falta de honra, de carácter honesto e de respeito pelas pessoas e pela coisa pública !!
…o triunfo dos porcos !!!
e ainda nos tomarem como néscios, que o seremos e mereceremos se aceitarmos todo este descalabro dessa “elite” nojenta sem dinamizar a revolta/revolução que se impõe !!!
É apenas um de muitíssimos casos de empresários que fazem calotes aos bancos, não pagando as dívidas e colocando todo o seu património em nome de uma nova empresa que criam.
Em Portugal isso é correntíssimo, é mais que conhecido e praticado a todos os níveis de empresas.
Agora põem-se todos muito escandalizados com o Berardo, quando aquilo que ele fez é prática corrente nos meios empresariais portugueses.
Que eu saiba, J. Berardo não terá apontado nenhuma arma à cabeça de quem lhe concedeu os créditos.
Se, para se ter um crédito à habitação, tem que se dar o imóvel como garantia através de uma hipoteca, o que me causa estranheza é que se concedam outros tipos de crédito sem quaisquer garantias. Para mim, esse é que é o problema.
O problema do Elvimonte é que não é um empreendedor com uma rede de amigos influenciadores.