Eleições europeias: Sei em quem não vou votar


No Cântigo Negro, diz José Régio que «não sei por onde vou, sei que não vou por aí». Um poema muito conhecido, até por ser o único que o presidente do FC Porto, Jorge Nuno Pinto da Costa, parece saber recitar.
Estou na mesma relativamente às eleições europeias de amanhã. Não sei ainda em quem vou votar, mas definitivamente sei em quem não vou votar.
Não vou votar na Direita, como é óbvio. À excepção do PS em 1995, nunca votei na Direita. Jurei para nunca mais. Ideologia dos grandes interesses económicos, do capitalismo selvagem, do deixar gente para trás. PS, PSD e CDS são simplesmente Partidos criminosos.
Também não vou votar naqueles em quem voto desde 1989. Fartinho da cegueira ideológica da CDU, que em 2019 continua a não conseguir dizer que a Coreia do Norte é uma Ditadura abjecta ou que a China é tudo menos um regime comunista. Fartinho do Bloco de Esquerda, que mostrou, com o caso Robles, de que massa é feito. Da mesma massa dos outros.
No momento do voto, não me vou esquecer que estes dois Partidos pactuaram com estes 4 anos de governação socialista. Com uma governação que continuou a privilegiar os benefícios fiscais aos grandes grupos económicos. Que continuou a torrar milhões e milhões no sistema bancário ladrão enquanto os negava aos trabalhadores. Que não mexeu uma palha para acabar com os abusos das rendas excessivas de uma EDP que manda no país e que é responsável pelo pagamento da energia mais cara da Europa.
Também não me vou esquecer que o PAN esteve na Assembleia da República nestes últimos 4 anos.
Sendo assim, o que resta?
Olhando para o boletim de voto, temos o PNR e o Basta do benfiquista André Ventura, dois Partidos fascistas; temos o Aliança, o Iniciativa Liberal e o Nós Cidadãos, neo-capitalistas que em nada diferem dos Partidos de Direita que já estão no Parlamento; o PDR de Marinho Pinto, que parece ter acordado ao fim de 5 anos de hibernação no Parlamento Europeu; e o PURP, Partido dos reformados, que não sei muito bem para que serve.
No final, temos o PCTP, o PTP, o MAS e o Livre, que, concorde-se ou não com tudo o que dizem, não me parecem suspeitos de conivência com o estado a que isto chegou. É talvez por aí que vou ter de ir.
Como diz o outro, preciso de mentiras novas.

Comments

  1. antero seguro says:

    É pena ser tão exigente. O seu discurso não acrescenta nada de positivo e nada contribui para a resolução do problema. Admiro-me só agora ter chegado a essa conclusão pois teve tempo de sobra para criar e concorrer com uma candidatura perfeita.

  2. Rui Naldinho says:

    Tudo bem. Só aquela do benfiquista André Ventura, me parece estar fora de contexto. Não votar nele, por tudo aquilo que ele parece defender, menos o facto de ser benfiquista, seria sempre para mim a melhor opção.
    Por exemplo, a Mariza Matias é benfiquista. Até mandou umas bocas a gozar com o Sporting, numas eleições recentes. E nem por isso deixarei de votar nela por esse motivo.
    Ainda ontem escrevia aqui neste blogue, a propósito do processo judicial Operação Marquês, e do Juiz Ivo Rosa. Enquanto não vir todos os corruptos que antecederam Sócrates, na prisão, na cronologia dos crimes e condenações que lhes foram aplicadas pela Justiça, quero Sócrates em liberdade. Depois deles lá estarem todos, os que o antecederam, então abram alas, e enfiem-no no mesmo cativeiro. Mas só na vez dele, e se for condenado em última instância.

    • Ricardo Ferreira Pinto says:

      Fora do contexto é a referência a Jorge Nuno Pinto da Costa, mas isso se calhar não o picou.
      A do André Ventura não está nada fora do contexto. Fora do contexto está a sua referência à Marisa Matias.
      Ao contrário do André Ventura, a Marisa Matias não faltou a um debate com os outros candidatos na RTP para ir comentar o Benfica noutro canal. Só por isso a referência ao seu clube.

  3. Paulo Marques says:

    Chamar caso ao caso Robles diz mais de si do que do próprio, quanto mais o BE.

  4. Julio Rolo Santos says:

    Quando há alternativas aos partidos tradicionais, a alternativa é óbvia, votar numa das formações que se apresentam a sufrágio.

  5. Maria Amado says:

    Após ler os três postes lamento profundamente a falta de maturidade política de quem os escreveu. Estão a falar das europeias e não das legislativas do nosso país! Tornem a ler o que escreveram e comprovem que falam da actuação dos nossos partidos em politica interna e ninguém foca o principal destas eleições: fazer frente ao sr Banon que veio para a Europa para destruir a União Europeia . Para isso, como sabem, abriu uma escola em Itália onde se aprende todos meandros da extrema direita e como destruir a democracia. Perante o recrudescimento de partidos desta linha em Itália, França, Austria , Hungria, etc., o nosso voto de amanhã é muito importante e deverá ser de união e não de tricas nacionais, fazendo frente a essa lama que vai alastrando e que nos atolará se não a contivermos.

  6. Victor Nogueira says:

    Ter como escolha o chamado PCTP/MRPP? Porque, escreve RFP, «concorde-se ou não com tudo o que dizem, não [lhe] parecem suspeitos de conivência com o estado a que isto chegou. » Mas não foi esta “organização” aliada do PS no verão quente de 1975 e apoiante do golpe contra-revolucionário de Eanes/PS/Nove e tutti quanti, no 25 de Novembro de 1975, sem esquecer o embaixador dos EUA em Portugal? Um MRPP tão mergulhado na clandestinidade que apenas surge nas campanhas eleitorais, submergindo ao fechar das urnas!

    • Rui Alexandre says:

      Estórias de carochinha, essa de o PCTP/MRPP conivente com um golpe contra-revolucionário…Nem CIA, Nem KGB…o único partido que teve presos políticos antes e depois do 25 de Abril. E actualmente o único a dizer que o rei vai nu, não ao euro, não à dívida impagável ,não à UE, nas campanhas eleitorais, onde o sistema é obrigado a dar um minimo de voz, esta democracia de pacotilha, e fora das eleições, só que nestas alturas a democracia termina…

  7. João says:

    Este post e comentários mostram que a generalização do “não se falou na Europa”, que isso sim é importante, não passa de uma desculpa politicamente correcta.

    A verdade é que os comentários e o post se estão a marimbar para a Europa.

    O que está patente nos comentários e no post é uma 1ª volta das eleições legislativas.

    O que até se compreende, sendo que o PM assim colocou a questão.

    Assim sendo, alegar-se que (ai !) que não se falou na Europa quando o que aqui ficou escrito é pura e dura a política nacional , e de forma muito pouco informada e séria,é dizer-se que nós, cidadãos, vamos ordeiramente, atrás das fake news que nos querem impingir.

    E replicamos tudo, tal eco.

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