Foi o que pedi aos meus pais, quando, na adolescência, li, pela primeira vez, Os Maias.
Expor ao vento. Arejar. Segurar pelas ventas. Farejar, pressentir, suspeitar. Chegar.
Foi o que pedi aos meus pais, quando, na adolescência, li, pela primeira vez, Os Maias.
Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.
Nos últimos dias foram publicadas duas notícias que são todo um programa para o que nos espera nos próximos tempos. A primeira foi no Observador, uma entrevista ao Presidente do Grupo Jerónimo Martins onde ele explica que estamos a caminhar para uma crise grave, muito grave. Profunda, nas suas palavras. “Relativamente ao Plano de Recuperação […]
Debate político entre Aventadores. A Esquerda, a Direita, e não só.
A actualidade em análise com as opiniões dos participantes no Aventar sobre a actualidade.
Debate sobre política, sociedade, actualidade, entre outros.
As músicas escolhidas pelos participantes do Aventar com espaço para entrevistas e apresentação de novas bandas, tendências e sonoridades.
Aqui reinam as palavras. Em prosa ou poesia. A obra e os autores.
Não dá notícias: limita-se a citar o papa. Mete umas aspas e, pronto, poupa imenso em salários.
Está numa localidade que desconheço: está em direto (com minúscula ???).
“O que os magistrados de bancada não percebem é que a Justiça tem um tempo próprio. Que é o tempo de deixar prescrever os crimes.”
«White, Anglo-Saxon and Protestant» (WASP) e «homogenous, North European, white, male, and elite». Homogenous, homogeneous…
e não é. Mas parece que é o protesto possível: a Petição pelo afastamento do Juiz Ivo Rosa de Toda a Magistratura.
E como protesto colectivo, neste momento, para que seja ouvido, vale quase tudo.
Confirma-se, eram apenas escutas.
Pode ler aqui as mais de 6000 páginas que fundamentam a decisão do Juiz Ivo Rosa:
Mais de seis mil páginas e papel desperdiçado.
Não teria sido mais fácil usar só uma e escrever:
“O Ministério Público é incompetente, os poderosos são sempre ilibados e o juiz Ivo Rosa é um choninhas”.
Entreguem a conta à Amazónia.
Quando finalizar o número “Victor Hugo Cardinali” da Operação Marquês, esperemos que se abra a “Operação Múmia”.
É que nisto das amizades, os amigos de Ricardo Salgado levam vantagem. Até Cavaco Silva.
Isto é como diz a velha História: São 11 contra 11 e no final o Sócrates sai ilibado.
Há uns dias, ouvíamos um juíz a desafiar um gajo para a porrada. Agora, ouvimos um juíz a dar porrada a um povo inteiro.
A culpa ainda vai ser do Passos.
Faleceu o Duque de Edimburgo, o marido de Isabel II. Com 99 anos.
«Doidas, doidas, doidas
Andam as galinhas
Para pôr o ovo lá no buraquinho
Raspam, raspam, raspam
Para alisar a terra
Bicam, bicam, bicam
Para fazer o ninho»
Suzana Garcia não exclui acordo com o Chega (a primeira entrevista da candidata do PSD à Amadora)
A prisão onde estão os maus banqueiros islandeses. Por cá, o problema está nos apoios sociais.
Não sabia que o Nabais era contra o ensino multidisciplinar.
Eu também não sabia que era, mas ainda bem que o Paulo, num único comentário, conseguiu explicar-me isso. Parece-me, pelo contrário, que uma análise tão simplista como a desta estudiosa é contrária exactamente a uma perspectiva multidisciplinar e à ideia de que a Literatura é algo tão complexo, que não se compadece com uma análise racista/não-racista, para não falar de erros como o de reduzir o simbolismo de negro (por oposição a branco ou claro) a um estereótipo racista.
Então porque se junta ao coro de criticar o que não está lá, para deixar cair o que está? A tal contextualização que todos criam para desconversar também já morreu, pelos vistos.
Em parte, já respondi na resposta ao seu primeiro comentário, em que decidiu classificar-me.
Porque a metáfora é grosseira. E não vejo onde a notícia cite a autora a fazer uma análise bipolar, muito pelo contrário.
Mas há alguém com dois dedos de testa que desconheça, hoje, que um autor europeu e branco do século XIX esteja necessariamente sujeito a preconceitos e estereótipos próprios de um branco europeu do século XIX? Que o ideal de beleza feminina de um branco europeu, ainda mais se meridional, do século XIX era a Maria Eduarda alta, branca e loura, com aparência de deusa (a iconografia de Jesus, desde o princípio, é a de um louro de olhos azuis, o que era altamente improvável)? João da Ega, a quem outras personagens atribuem “paradoxos” (sinónimo de hipérbole, neste caso), é uma personagem que adora “epater” e acaba por ser reduzido (mesmo que o seja também) a um racista defensor da escravatura (tem também um discurso sexista acerca da inutilidade de dar educação às mulheres). Mas, enfim, sou contra o ensino multidisciplinar. Tudo isto é um péssimo serviço à luta contra o racismo e a favor da análise e do estudo de matérias complexas.
Eu com 18 aninhos obrigado a estudar a coisa. E o silêncio dos colegas vale o que vale, mas não pareceu que estivesse na mente de alguém nas salas.
Mas, mais uma vez, não me pareceu que se quer “reduzir”, só complementar.
Não fui claro, no meu último comentário: estava a referir-me, não a adolescentes, mas a licenciados ou a professores. Quando li a obra pela primeira vez, também não tinha os conhecimentos que referi, apenas o deslumbramento pela beleza de uma língua remotamente parecida com a minha, mas muito melhor.
Esta estudiosa não veio complementar nada, veio apenas colocar o foco numa análise possível, mas limitada a preconceitos e esse limite ainda me irrita mais porque se situa, quase de certeza, na mesma esquerda em que vivo desde a adolescência.
Sou professor de Português e falo, naturalmente, de textos de outras épocas, tendo o cuidado (como a maioria dos professores que conheço) de chamar a atenção para o contexto, para as mentalidades (sou leitor de Duby, Ariès ou de Le Goff, entre outros, apesar de ter ficado a saber da minha aversão à multidisciplinaridade) e, como professor médio que sou, obrigo os alunos a pensar sobre isso (as relações com outras raças, o amor, a religião, o sexo, a condição feminina). Nenhum professor precisa que uma iluminada sem modéstia lhe venha explicar de que modo se deve analisar “Os Maias” ou o “Auto da Barca do Inferno” (que tem um judeu tão mau, que nem o Diabo o quis). Esta ideia de que os alunos precisam de ser avisados do alegado racismo da obra faz tanto sentido como os direitolas que vivem agora obcecados com o “marxismo cultural” de que as escolas estão impregnadas, com as aulas transformadas em comícios. Fico com a impressão de que, qualquer dia, nem sequer consigo ser de esquerda, sabendo que nunca serei de direita.
Esta senhora, que tem tanto ou mais direito do que eu a falar, produz uma série de disparates que se enquadram numa visão “culpabilizadora” do homem ocidental contemporâneo, numa visão disparatada da História ou da Cultura. E repito: nem sequer consegue enquadrar devidamente os discursos de João da Ega, cujo objectivo, por vezes, está próximo de uma piada que não deve ser tomada à letra.
O António desculpe-me, mas era mais evidente o que queria dizer se o tivesse escrito no post. A conclusão que o leitor podia tirar é de acordo com a sua própria experiência, que, neste caso, não foi essa. Mas já foi à um bocadinho…
Faz bem o que faz, mas se as indicações não mudaram, e pelo que a notícia indicia, não é obrigatório contextualizar nessas matérias, e isso é que me pareceu mal.
Se os argumentos individuais estão bem ou mal, deixo-o a si. Acredito que saiba.
Os Maias é um dos melhores romances em português; certamente um dos mais inteligentes.
Nem assim o Paulo vê o ridículo da histeria woke, da “teoria crítica da raça” e da sua cancel culture. No caso d’Os Maias não é – ainda – cancelar, mas demos-lhes tempo.
Se 1/5 desta energia e teimosia fosse canalizada para algo útil, como melhorar a democracia, combater a real desigualdade e perseguir os mamões que a perpetuam, estaríamos bem melhor.
Nem assim o Filipe vê o quão comum é o consentimento informado de diferenças artificiais, como se a literatura interiorizada acriticamente não deixasse marcas.
“Literatura interiorizada acriticamente”? Neste preciso instante, incontáveis milhões de jovens estão no Youtube a idolatrar futeboleiros, actores, músicos, CEOs e outros obscenamente ricos como se fosse algo normal e desejável; outros tantos vêem americanadas que glorificam o capitalismo e a riqueza sem limites; mais ainda sonham ser ‘celebridades’, ‘influencers’, ou mamar nos ‘mercados’; e um longo etc.
Acha que algo disto é filtrado criticamente? Acaso anda a lutar por disclaimers para cada um destes vídeos, filmes, músicas, posts do bronco Ronaldo, instagrams de iates e SPAs, raps de negros cheios de ouro em limusines, toda esta alienação que exalta o consumismo e a desigualdade?
Ou tudo está bem desde que os mamões sejam mais ‘diversos’?
Nada deve impedir um transsexual negro ou uma muçulmana lésbica de mamar como um mamão heterossexual branco! Eis a grande causa da esquerda do séc. XXI.
Filtrado? Não. Criticado constantemente? Sim. Com a mesma falta de discernimento. CFA ou MST escrevem com o mesmo vazio sobre os dois. Os filmes dizem que é mau, mas o herói só ganha com a fama e o dinheiro, mas nada muda.
A luta é a mesma, e voltará a ser unida. Até porque o neoliberalismo não dá mais, e só se poderá extremar.