António Costa, o rolo compressor

Goste-se ou não de António Costa, há que dizer que raramente vi tão “feroz animal” na caça ao voto. Todos os dias, sem um falhar, arrastou a comunicação social consigo para gravar e difundir todos os soundbites que entendeu. Os líderes dos partidos opositores andaram sempre a reboque do que ele dizia, sem estratégia ou sequer táctica que evitem andar atrás do prejuízo – reagir a Costa foi o timbre dos partidos à direita nesta campanha eleitoral. Nunca Costa lhes deu espaço para agir, apenas reagir a assuntos que nada tinham a ver com o que está em causa – eleições autárquicas.
A verdade é esta, António Costa conseguiu visitar, talvez, todos os principais municípios, arrasando com toda a concorrência e, sem querer ou consciente, com os seus próprios candidatos. É que, apesar de arrastar a comunicação social consigo, não ficámos a conhecer, ou a conhecer melhor os candidatos do seu partido, tão simplesmente porque só deu Costa.

Nesta campanha eleitoral para as Autárquicas, Costa foi um autêntico rolo compressor esmagando tudo por onde passou, oposição e até os próprios candidatos do PS, transformando uma campanha para eleições locais num campanha para eleições nacionais e para a promoção dele próprio, munido de bazuka.
O PS ganhou com isto? Não sei, não são contas do meu rosário, mas sei quem perdeu – todos os candidatos autárquicos, ou seja, todo o poder local, aquele que, afinal, mais perto esteve dos cidadãos durante toda a pandemia.

Costa já ganhou estas eleições, talvez venha a ser presidente de todas as Câmaras e Juntas, mas o poder local, tão mal-amado e injustiçado pelos centralistas, levou com o rolo compressor em cima e nem disso se deu conta, perdendo o único momento que tem para que a sua voz chegue à comunicação social e, através dela, ao país.
Triste país em que nem os partidos dão voz aos seus candidatos locais.
Não nos iludamos, contudo, porque é do jogo que as pessoas gostam, o que as faz viver sem controlo social, almejando e adorando que o seu clube ganhe. Sim, que ganhe limpo, que esmague o adversário, com a ajuda do árbitro, do VAR ou de outros ainda mais sórdidos sortilégios. Mas que ganhe.
Sim, um rolo compressor in just another fucking game!

Comments

  1. JgMenos says:

    ‘Triste país em que nem os partidos dão voz aos seus candidatos locais’

    País/partido é o sonho de caciques, democratas de merda, cabeças de polvos.

    • Ze colmeia says:

      Ja no tempo do meu querido António era outra coisa .

      Daaaaa-se que é fanático !

    • POIS! says:

      Pois fica aqui a prova.

      JgMenos, por dentro daquela austera carapaça salazaresca, é afinal um ser sensível e, sobretudo, um sonhador.

      Sem medo, pelo Menos, de assumir esses sonhos, embora consciente de serem politicamente incorretos.

      Louvada seja tanta coragem!

  2. Rui Naldinho says:

    A BAZUCA
    Em África, durante a guerra colonial, os militares portugueses consumiam com alguma frequência nas suas tertúlias e convívios, tentando esquecer as agruras de uma guerra que não compreendiam bem, e a saudade dos seus familiares, na metrópole, carradas de cerveja. Por norma adquiriam garrafas de litro, mais económicas face à quantidade disponível, ao qual chamavam de BAZUCA. Uma analogia ao invólucro explosivo da “bazuca” militar. A garrafa tinha 1litro de cerveja e, depois de consumida sofregamente bem fresquinha, no meio da poeira e do calor africano, acabava muitas vezes por dar valentes bebedeiras. E das grandes.
    Como podeis compreender, este PS anda perfeitamente ébrio, qual deles debita maior disparate, na campanha eleitoral autárquica. Estamos naquela fase da vida social e política onde todos os dias se embriagam com a BAZUCA.
    Se não sabem ser racionais, bebam água.

  3. Júlio Rolo Santos says:

    É burgo, não ? Cada um joga com as inteligência que tem e a mais não é obrigado. Em terra de cegos, quem tem olho é rei e, nisso, costa é rei. Podemos crítica-lo por isso?

  4. Filipe Bastos says:

    Um post fifty-fifty.

    …é do jogo que os as pessoas gostam, o que as faz viver sem controlo social, almejando e adorando que o seu clube ganhe.

    Nem mais. É como na bola, apenas mais corrupta, se tal for possível. Por isso não temos política, só pulhítica: que partidos ganharam ou perderam mais câmaras, quem ganhou ou perdeu o tacho, como se fosse alguma taça. E a carneirada acha isto normal.

    O Bosta, um rematado pulha, é especialista neste jogo de pulhas.

    Triste país em que nem os partidos dão voz aos seus candidatos locais.

    Porra. Triste país com tais candidatos, isso sim. Triste país que tem tal escumalha a ‘representá-lo’, i.e. a fazer o que lhe dá na gana sem qualquer validação democrática, enquanto se enche à sua conta.

    Fifty-fifty. Já não é mau.

  5. Paulo Marques says:

    O PS ganha com isso, bem como ganha com uma direita a criticar gastos ao mesmo tempo que diz que é preciso gastar mais, e da colaboração da narrativa que à esquerda só vuvuzelas. Mas terá o seu fim, como teve o seu fim a narrativa da bazuca dar para tudo e ninguém reparou quando deixou de dar.
    E quanto às autárquicas, não deixa de ser função do trabalho dos eleitos e da concorrência. Querer ganhar com Moedas e quejandos, só no Levanta-te e Ri.

  6. JgMenos says:

    ‘O rolo compressor’

    Para o chefe da matilha, a pandemia deu-lhe o mote e o estímulo que o move: a ‘imunidade de grupo’ depende do número de eleitos e nomeados, e há que tudo fazer para garantir essa imunidade.
    Medidas anticorrupção, reforma da justiça….fica para nunca.

  7. Seja qual for o partido que ganhe as eleições, TU perdes!!!!

    • Filipe Bastos says:

      Nem mais, joseliveira.

      Bem se pode repeti-lo outra e outra vez, a ver se a carneirada aprende. Não é fácil, como se vê por aqui.

      O carneiro não resiste a ir botar o botinho. Ficava doente se ‘deixasse os outros decidir por ele’. Como se os pulhíticos em que vota o deixassem decidir alguma coisa.

  8. João Mendes says:

    Grande malha, Carlos!

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