A Europa volta a estar em Guerra

Como foi possível? Algo que só tínhamos noção através de livros ou filmes. Voltou a acontecer. Depois da desgraça que representou o fim da Jugoslávia, depois dos horrores da Tchetchénia, a Europa enfrenta agora um conflito de proporções inimagináveis.

Como foi possível? Inapelavelmente, as nossas memórias repristinam o que se passou a partir de 1934 com a subida de Hitler ao poder. As imensas semelhanças configuram uma lição que devia ter sido aprendida e não foi. Líderes fracos, infinita complacência perante um ditador nojento, mas acima de tudo o mesmo sentimento cobarde e manso: de certeza que vai correr bem. Pois. Não correu.

Obviamente que seria fácil associar a esquerda e a extrema-esquerda (hoje em dia, muito, mas muito mais perigosa que a extrema-direita apesar de terem imensos pontos em comum) ao que se está a passar. Estão lá quase todos. Putin, claro, o herdeiro da União Soviética, o “carniceiro” da Bielorrússia, a “cavalgadura” da Venezuela, o apoio inicial (vamos ver se continua ou não) da pior ditadura do Mundo, a China, etc. Falta a inenarrável Coreia do Norte. Mas não deve demorar.

Mas essa associação é tão fácil e automática que nem o branqueamento que inevitavelmente tentarão fazer, os pode salvar. Por isso, e neste momento, parece-me muito mais útil pensar no que ainda se pode fazer. Depois de, brandamente, termos deixado um criminoso patológico governar durante anos e anos uma potência militar e nuclear, permitindo-lhe todos os desvarios, o que ainda podemos fazer?

A questão tem muito mais importância face à expressa ameaça da utilização do armamento atómico. Ou seja se nos aliarmos à Ucrânia e se também participarmos no teatro de operações, a Rússia ataca com armas nucleares. Ou seja, estamos atados pelos pés e pelas mãos. Porque quer queiramos ou não, as sanções comerciais e financeiras são uma treta.

Realmente e neste momento, pessoalmente, não faço ideia do que pode ser feito. Do que pode ser posto em prática com efeitos visíveis e palpáveis. Mas também não me cabe a mim sabê-lo.

Só sei que manifestamente aqui não podem haver quaisquer dúvidas sobre qual o lado que devemos apoiar. Sobre qual o lado em nós devemos situar. Porque se há algo que esta guerra restaurou foi a figura do “super criminoso”. Um “super vilão” que só reconhecíamos nos filmes da Marvel ou nas referências históricas a Adolf Hitler.

Comments


  1. No tacanho e manicaista mundo do Carlos, só há lugar para dois tipos de personagens: ou os supervilões (onde não cabem obviamante os Bolsonaros, Dutertes, Orbans, Sheiks árabes e Cª) ou os bonzinhos e cheios de mansidão, nos quais ele arrogantemente se inclui, com certeza. Oh Carlos, tu bota mansidão nisso, meu.

  2. Paulo Marques says:

    Há que, como se tem noutros casos pelo mundo, apoiar a oposição no país, liderada por um tal de Partido Comunista da Federação Russa.
    E ver o que se pode fazer a quem vendemos nacionalidade e propriedade com dinheiro lavado, a bem do mercado.
    Ou seja, é preciso ter uma puta de uma lata para falar de branqueamento.

  3. esteves aires says:

    A SITUAÇÃO NA UCRÂNIA
    A propósito do despique entre duas potências imperialistas nesta região, zona com importância militar e económica, colocamos aqui um texto publicado há 8 anos no Luta Popular online, texto assinado por Espártaco, pseudónimo do nosso saudoso camarada Arnaldo Matos, que verão que mantém a actualidade…
    Ucrânia: Independência a Leste
    Duas províncias do leste da Ucrânia – a de Donetsk e a de Lugansk – submeteram a referendo popular, no passado domingo, dia 11 de Maio, a questão da sua independência, com a correlativa separação do Estado ucraniano.
    (…)
    Em conjunto, os dois novos países têm uma população de sete milhões de habitantes, correspondente a 15% da população da Ucrânia, e formam uma região conhecida como Donbass, que abarca toda a riquíssima bacia carbonífera e mineira do rio Don, numa área total de 54 000 kms2, menos de 9% da superfície do Estado de que se emanciparam.
    Mais de 75% das pessoas que vivem no Donbass tem o russo como língua natal. No seu conjunto, os dois novos países criavam 20% do produto interno bruto do Estado ucraniano. É, aliás, no Donbass que se encontram as maiores empresas mineiras, metalomecânicas, metalúrgicas e químicas da anterior Ucrânia.
    Acontece que o território do Donbass, integrante dos dois novos países, só entrou na composição da antiga República Socialista da Ucrânia depois da proclamação do poder soviético. Anteriormente, o Donbass – e, por conseguinte, o Donetsk e o Lugansk – faziam parte do império russo. Na sua forma actual, a própria Ucrânia só existe há 23 anos, como resultado da implosão da anterior União Soviética, em 1991.
    Nestes termos, os dois países que no último domingo proclamaram a sua independência nunca foram ucranianos: nem pela etnia, nem pela língua, nem pela religião, nem pela história, nem pela geografia, nem pela cultura, nem pelos heróis e heroísmo que cultivam.
    Odiados pelos ucranianos do oeste, os povos dos dois países agora independentes – 15% da população, 9% da área e 20% do produto interno bruto de todo o Estado ucraniano – têm, nos últimos vinte e três anos, servido apenas para que, à conta deles, homens e mulheres do Donbass, vivam os territórios ocidentais da Ucrânia.
    Foi justa e nobre a luta dos cidadãos de Donetsk e de Lugansk pela sua independência, luta que mereceu e concitou todo o apoio da classe operária e dos povos da Europa.
    Felicitamos, pois, o povo de Donetsk e de Lugansk pela sua grande vitória.
    Mas a luta, agora para garantir e consolidar a sua independência, não terminou ainda, e pode até acontecer que, para além das dezenas de mortos que já custou, venha ainda a custar muito sangue ao povo dos novos países independentes.
    O imperialismo americano, germânico e europeu – provocadores exclusivos da crise ucraniana – não desarmará facilmente e tudo fará para aniquilar a independência dos dois novos países e submeter os seus povos à exploração e opressão dos lacaios de Kiev.

  4. Bento Castro says:

    Em pleno seculo xxi ainda ha muita gente com preconceito ideologico a comentar e cair no ridiculo.