Bloco de táxi

Contas feitas, o Parlamento continua a alojar uma maioria expressiva de esquerda, que fica com 129 dos 230 deputados ontem eleitos. Mas as consequências desta eleição, que resultam de um braço de ferro entre o PS e os partidos de esquerda, subordinado ao tema “Quem foi o (ir)responsável pelo chumbo do OE22 que precipitou o país neste abismo, quem foi?”, só sorriram, e de que maneira, a António Costa. Rui Tavares também foi eleito, o que representa uma inegável vitória para o Livre, que lá conseguiu sobreviver ao desastre Joacine, e é digno de nota. Mas uma nota de rodapé, numa história que é sobre um eucalipto que secou tudo à sua volta.

Sobre o PCP já escrevi na noite eleitoral. Foi um dos derrotados da noite, teve um resultado desastroso, perdeu parlamentares de peso como António Filipe e João Oliveira, que prestigiaram a AR com o seu trabalho, e viu aprofundar uma crise que vem de trás, e que não parece ser de fácil resolução. Mas continua com seis deputados, mais dois no Parlamento Europeu, quase duas dezenas de autarquias, presença em praticamente todos os concelhos do país e um forte ascendente no meio sindical.

Já a situação do BE é completamente diferente e muito mais grave. É o grande derrotado da noite à esquerda e só não é o grande derrotado da noite porque houve um partido fundador da democracia que foi obliterado do Parlamento e um Rui Rio que levou a tareia da vida dele. Mas deixarei o grande derrotado da noite e a implosão do CDS para outro escrito.

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E continuam a insistir na agricultura intensiva de regadio

A situação é dramática, mas não há sensatez que entre na cabeça dos governos espanhol e português, que, na avidez do negócio (e viva o crescimento económico liberal, que, como se vê, não é exclusivo do partido que o reivindica para si!), continuam a destruição do ambiente e a promoção da desertificação, aumentando violentamente ou mantendo a agricultura intensiva de regadio.

Consta hoje no Jornal Público:
„Esta terça-feira está reunida a Comissão Permanente da Seca, que congrega vários ministérios, para analisar a situação e eventuais medidas a tomar. A seca, que começou a agravar-se no país em Novembro, deixou Portugal continental no final do ano com 93,7% do território em seca fraca, moderada ou severa. O mapa de Janeiro do IPMA, além de indicar que 100% do território se encontra nessa situação, coloca já uma vasta área do Algarve e do Alentejo em seca extrema.“

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Algumas notas sobre as eleições legislativas de 1922: Uma maioria absoluta do PS e 12 deputados fascistas

As eleições estiveram mais próximas da lógica do Big Brother, ou de qualquer concurso televisivo, do que de um exercício capaz de esclarecer os eleitores para uma escolha democrática. Por isso mesmo o Viagra do Cotrim, o Albino do Rio ou a Acácia do facho foram mais citados do que os temas centrais da governação ou as aberrações programáticas dos respectivos partidos. Assim, a direita que quer proibir greves e acabar com a negociação colectiva, radicalizar a liberalização do mercado de trabalho, vender o que sobra da estrutura económica do país, cobrar os mesmos impostos a ricos e pobres, foi capitalizando simpatia ao invés do escrutínio público que por certo teria o seu preço a pagar em votos. Os jornalistas passaram a apresentadores de um concurso de variedades destinado a medir a popularidade do espectáculo pelo espectáculo, mesmo que isso aconteça sobre a vala comum do jornalismo e do debate de ideias. A direita da direita cresceu, a esquerda da esquerda foi devorada pelo PS que ganhou às suas custas com maioria absoluta, há 12 fascistas medievais num parlamento democrático, mas as lições a tirar destas eleições não se ficam por aqui.

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