Portugal à procura de cura

Não eram necessários muitos exames para perceber que o povo português está deprimido. Domingo, tarde e a más horas, como em qualquer país que acha que o Estado tem a solução para tudo, tivemos a confirmação de que Portugal sofre de depressão. Somos um país apático, passivo, que aceita qualquer tique tirânico pelo poucochinho. Estas eleições ficam para a história como aquelas que deram a maioria ao Governo que usou a pandemia para arruinar a vida de pequenos e médios empresários, juntando-se mais uma vez aos cães grandes e amigos, à boa moda socialista. Também é o Governo que teve um Ministro que não saiu do carro depois do seu motorista matar uma pessoa. É o Governo que achou sensato proibir venda de livros em supermercados. Da economia a medidas sociais, este PS aniquilou a liberdade individual em nome de uma falsa sensação de luta comum.

Portugal poderia estar animado. Ou então revoltado. Mas não, Portugal já não tem esperança e passa um dos piores momentos de sempre. Chegaremos ao fim desta legislatura como o país mais pobre da Europa. Vemo-nos a ser ultrapassados por países da Europa Central e do Leste, que optaram por medidas liberais. Temos uma esquerda arrogante que constantemente usa desculpas como a Irlanda ter a sorte de falar inglês ou da República Checa ter a sorte incrível de estar ao lado da Alemanha. Na cabeça desta gente, a Irlanda tem inglês como língua oficial e a República Checa está ao lado da Alemanha há meia dúzia de anos. O desespero da esquerda com os liberais é facilmente justificável. Primeiro, os liberais têm ideias que realmente funcionam e fizeram crescer imensos países. Segundo, porque os liberais, ao contrário do que a esquerda proclama, não prometem uma sociedade ideal. Os liberais nem sequer prometem um fim em si, apenas lutam por que os cidadãos possam ter maior margem de manobra para se cumprirem. Enquanto a esquerda usa as pessoas para servir a ideologia, os liberais usam a ideologia para servir as pessoas. Os liberais não necessitam de criar lutas artificiais entre classes, com um discurso altamente preconceituoso e com pitadas de inveja. Os liberais delinearam muito bem desde sempre os seus inimigos: aqueles que substituem o indivíduo pela sociedade, venham eles da esquerda ou da direita.

Mas há esperança de encontrar a cura. O povo português é trabalhador, tem vontade de ser feliz e, certamente, não quer que uma metade do país esteja a sustentar a outra. Para a esquerda, cada vez que o Estado ajuda alguém é uma vitória, mas é uma derrota terrível. Um país que depende tanto de uma instituição que rouba os seus contribuintes de forma descarada é um país falhado. Qual a cura? [Read more…]

5 lições que aprendi a escrever o meu primeiro livro

O meu primeiro romance “Nevoeiro” está a caminho do seu sétimo aniversário. Na altura, com 18 anos, sentei-me ao computador com uma ideia e só descansei quando ela estava escrita, completa, feita numa história. No entanto, fruto da tenra idade e da ansiedade gerada por querer ter o livro na mão o mais rapidamente possível, cometi alguns erros que, felizmente, geraram lições importantes.

Assim, ficam aqui 5 lições que aprendi no processo de escrita do meu primeiro livro.

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Tachos familiares no CH: o caso de Rita Matias

Durante a campanha, e antes dela, Ventura e o seu partido afirmaram, várias vezes, que se opunham e queriam acabar com os laços familiares no Parlamento. Fizeram disso uma bandeira. Talvez por isso, imagino eu, é que Rita Matias, a única mulher eleita pelo CH para a AR, é filha de Manuel Matias, assessor de Ventura na AR e antigo líder de um micropartido que o CH engoliu. E se dúvidas restarem, puxem a box atrás e vão ver o debate da jovem com a Joana Amaral Dias, na CNN, para perceberem a mediocridade. Parafraseando o saudoso Chicão, um esquadrão de cavalaria à desfilada naquela cabeça não esbarra numa ideia. Sim, é um tacho. E sim, a narrativa do CH é uma fraude. Mas cada um come os gelados que quer com a testa. Por enquanto, ainda somos um país livre.

A verdadeira semântica da vitória do PS

No meu artigo anterior, “A Direita e as Direitas” analisei os desafios para as direitas no pós legislativas de 2022. Agora vou procurar analisar a vitória de António Costa e do PS. Para isso vou recordar os dados da Pordata: são 9,2 milhões de eleitores dos quais 5,2 milhões (56%) dependem directamente do Estado (funcionários públicos, trabalhadores de empresas públicas, reformados e pensionistas assim como beneficiários do RSI – nestes 56% não estão contabilizadas as respectivas famílias.

Um dos motivos que me levou a escrever este artigo sobre a vitória de António Costa é a falta de noção de inúmeras pessoas que, perante o resultado obtido, começaram a disparar contra os eleitores que escolheram o PS. Desde o “a culpa é do Povo que é estúpido” ao suposto problema da falta de percepção do eleitorado. No primeiro caso, vi muitos laranjinhas descontentes atirar a matar ao povo. Aliás, uma senhora do PSD disse-o na televisão com todas as letras e sem gaguejar. Já outros queixam-se que o Povo votou no PS graças a um conjunto de medidas que foram impostas pelo PCP e pelo Bloco. Até pode ser verdade mas o erro de percepção é, sobretudo, responsabilidade daqueles que agora se queixam. Será que é o Povo que é estúpido e burro a justificação para a derrota de tantos e a vitória do PS?

Não. O Povo não é estúpido, nem quando nos brinda com derrotas nem tão pouco quando nos oferece vitórias. O Povo vota segundo os seus interesses, o seu bolso, os seus medos e angústias e as suas ambições. Ora, 56% do eleitorado (e suas respectivas famílias) o que viram nestes seis anos? Viram o seu salário mínimo crescer 40%. Viram as suas reformas aumentar e os cortes, antes efectuados, repostos. Viram as carreiras serem descongeladas. Viram o Serviço Nacional de Saúde funcionar para eles antes e durante a pandemia. Viram, como bem explica o José Mário Teixeira neste artigo, que podem continuar a recorrer ao sistema de justiça de forma gratuita ou quase. Mais, durante a pandemia viram o governo actuar segundo os seus interesses, os interesses destes 56% que não perderam poder de compra, que não viram os seus postos de trabalho terminar nem os seus salários cortados. Nada. Ou seja, nestes seis anos, não viram a sua vida piorar, o que é melhor do que na legislatura anterior a Costa. [Read more…]