Diogo e as carpideiras do botas

Andam por aí umas quantas carpideiras, a rasgar as vestes da Mocidade Portuguesa que estavam no baú com as traças, porque a esquerda poderá não votar favoravelmente a eleição de um deputado eleito pelo CH para o cargo de vice-presidente da AR. Segundo estas pessoas, isto é pouco democrático. Democrático seria votar como as carpideiras pretendem. Percebe-se: são saudosistas de um tempo em que a União Nacional decidia como se votava e o votante não tinha voto na matéria. Faz sentido.

Ora, o indivíduo proposto pela Unipessoal do Ventura é nada menos que Diogo Pacheco de Amorim. Dos 12 deputados, o CH decidiu-se precisamente pelo mais extremista de todos, aquele que tem provas dadas. Pacheco de Amorim foi militante do MDLP, organização terrorista de extrema-direita que levou a cabo centenas de atentados em solo nacional, na década de 70, incluindo ataques bombistas que mataram vários inocentes. A escolha não é inocente. É uma provocação e um insulto a todos os que sofreram às mãos do Estado Novo e do MDLP.

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DEPENDÊNCIAS

 

Há uns anos, aquando de uma greve de camionistas, muitas pessoas ganharam consciência de alguns dos perigos deste mundo em rede que temos vindo a construir. Ao fim de alguns dias de greve, as prateleiras dos supermercados começaram a esvaziar-se pelo país fora, produtos essenciais esgotaram, a gasolina faltou nos postos de abastecimento, os transportes individuais foram abalados, etc., etc.

Nessa época já o mundo funcionava em rede, já os consumos pouco tinham de produção local ou de proximidade, já nos pratos nacionais repousava na mesma refeição um bife irlandês, batatas francesas, cebolas espanholas, tomates italianos, pimentos sul-americanos e, enfim, uma alface portuguesa, mas estávamos todavia num mundo predominantemente analógico em que ainda viviam mais pessoas nos campos do que nas cidades e o digital não reinava como hoje.

A situação evoluiu e a dependência em rede aumentou.

A escalada previsível de ataques cibernéticos, de que é exemplo o agora sofrido pela Vodafone, devia preocupar-nos e alertar-nos.

Não se trata de saudosismos bucólicos ou de propôr regressos a passados idílicos e românticos. Um ataque a uma única empresa acarreta reacções em cadeia que implicam a paragem forçada de outras empresas, a falta de resposta de transportes, ambulâncias paradas, serviços hospitalares que não funcionam e por aí fora, até, num absurdo não tão absurdo, à paralisação total.

Bem sei que há quem esteja encarregado de fiscalizar, precaver, evitar, reagir e corrigir, mas trata-se de um jogo entre o gato e o rato em que os hackers fazem de ratazanas.

O problema é que, além de fugirem sempre à frente do gato, volta e meia é o próprio gato que lhes serve de refeição.

A cor de origem

Diogo Pacheco de Amorim deve ter sido vendedor de automóveis: “Ó meu amigo, isto está um bocado escuro, mas a cor de origem é branca – é raspar um bocadinho e recupera-se!”

O Portugal que parte – Crónicas do Rochedo 49

A Iniciativa Liberal julga que os portugueses sairam de Portugal para fugir da elevada carga fiscal. A carga fiscal é elevada? É. Mas é o motivo para os portugueses rumarem a outras paragens? Não.

Os portugueses rumam para outras paragens, na sua maioria, para procurar melhores salários. E encontram. Em Espanha, em França, na Alemanha, em Inglaterra. Só para citar geografias mais próximas. São os salários e não os impostos. Pode a IL argumentar que a elevada carga fiscal é a responsável pelos baixos salários. Pode ser. Até considero que é o mais provável. Só que a verdade é que a esmagadora maioria faz as malas por outros motivos e a questão dos impostos é a ultima das razões. Todos? Não. 

Como bem lembrou alguém nas redes sociais (confesso que não me lembro quem foi) existe um grupo de portugueses que ruma a outras paragens, nomeadamente a sede das suas empresas. Para a Holanda. Esses sim, fazem-no por causa dos impostos. São os únicos. Não sei era destes que a  IL estava a falar…