O batalhão Azov e os seus primos

O sentimento anti-guerra está a crescer na Rússia, com as pessoas no país a “rapidamente começarem a perceber quem é o responsável por iniciar o conflito”, anunciou esta terça-feira o líder da oposição russa, Alexey Navalny – diversas sondagens realizadas pela Anti-Corruption Foundation, organização fundada pelo líder política, que descobriu que houve “rápidas mudanças na avaliação da guerra” entre o povo russo. “Sem dúvida, o Kremlin também pode ver essas dinâmicas, daí o nervosismo, as tentativas desesperadas de encerrar a campanha de guerra o mais rápido possível. O impulso antiguerra vai continuar a crescer em toda a sociedade, então os protestos antiguerra não devem ser interrompidos sob nenhuma circunstância”, apelou Navalny.

Eu suponho que aqueles que dizem que Zelensky ao não se render está a levar o povo ucraniano para a morte, venham agora dizer que Alexey Navalny está a levar o povo russo para a morte ao incentivar os protestos anti guerra. Mas, vamos ao que interessa, o tal batalhão Azov.

O pelotão Azov é composto por neo nazis e outros fascistas do mesmo género que pululam pela Ucrânia. Ora, Putin e a sua máquina de propaganda, onde não faltam desde aliados no ocidente (porque será???) até meros idiotas úteis, não se cansa de bradar e sublinhar este facto. É natural. Como é natural relembrar os direitos LGBT na Palestina – a homossexualidade é ilegal (?!) na Faixa de Gaza. A autoridade religiosa é profundamente fundamentalista. Em geral, a comunidade LGBT enfrenta a rejeição, hostilidade e até violência física em Palestina. Da mesma forma, segundo a IMAGES, 21% das mulheres palestinianas entrevistadas para o seu relatório, confirmaram já ter sido alvo de violência doméstica fruto da tradição e cultura palestiniano. E nem vale a pena referir tudo o que se sabe sobre o Hamas.

Mas, afinal, onde é que eu quero chegar? Simples: Estes comportamentos e ideologias destes grupos na Palestina invalidam a luta pela liberdade e contra a ocupação das suas terras por parte do Povo da Palestina? Não.  A ideologia por detrás dos membros do pelotão AZOV invalida a justeza da luta do Povo ucraniano? Também não. Não vamos misturar alhos com bugalhos nem fazer o jogo da propaganda putiniana. Porque esta coisa de “aquele terrorista/fascista é melhor do que aquele outro” cheira a hipocrisia. Não cheira, tresanda.

 

Comments

  1. JgMenos says:

    De que vale a evidência para o fundamentalista orfão do sovietismo, do esquerdalho eivado do corretês que se não relativiza cancela, do anti-capitalista que se baba por tudo que ataque os EUA, pelo idealista que confia a libertação dos povos a tiranos?

  2. Paulo Marques says:

    Não sei quem defende a rendição, mas algumas opções são, digamos, liberalmente questionáveis. Mas compreensíveis ao pobre coitado, não diria que dessa água não beberia.
    Quanto ao que interessa, parece que nem chega a tanto. Demorei a ir ler, mas a esquerda ucraniana diz que não são relevantes (não mais do que os que andam em muitos países), é porque não são.
    Não que, mesmo que mais preponderantes, torna-se uma invasão total (lol, tentativa de) numa operação especial.
    Mas cá fica. Com crítica à NATO e tudo, tenho pena.
    https://crimethinc.com/2022/02/15/war-and-anarchists-anti-authoritarian-perspectives-in-ukraine

  3. balio says:

    Descrever Alexey Navalny como “líder da oposição russa” é altissimamente inexato.
    Navalny é o oposicionista russo erigido pelos EUA. E é pouco mais que isso.

    • Paulo Marques says:

      Isso e o líder da oposição é o PC… dividido ao meio, segundo consta, entre os caciques com saudades do império, e os jovens ansiosos pelo chuto aos oligarcas.