A São solidária e a função diacrítica

Este recheio também é óptimo para tartes.
O Livro de Pantagruel

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Os excelentes Tradutores Contra o Acordo Ortográfico encontraram um belíssimo exemplo das consequências da base IV do Acordo Ortográfico de 1990. Ainda por cima, com potencial crase — não ocorrida e ainda bem. É a prova do crime (aliás, uma das provas do crime), ao cuidado dos incréus por conveniência.

Para quem não tiver Facebook, eis o vídeo publicado pelos Tradutores.

Muitos e bons (e.g., Castro, Duarte, Delgado Martins, Emiliano — e, deste rol, estou intencionalmente a excluir autores de ortografias autênticas, como os maravilhosos Gonçalves Vianna e Rebelo Gonçalves) indicaram a função diacrítica das letras c e p. Há uns anos, além de também me caber o papel de a indicar, dediquei algumas páginas a explicá-la, em publicação de referência, com revisão por pares (pdf). Desde então, até no Ciberdúvidas a função diacrítica (da letra c) chegou a ser mencionada. Mas sem consequências.

Fica o registo e ficam também os meus votos de uma óptima semana.

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De facto, são relevantes

Anteontem, na Academia das Ciências de Lisboa, recordei que, em última análise, a razão para ali nos encontrarmos, no Colóquio «Ortografia e Bom Senso», se prenderia com um ofício enviado pelo chefe do Gabinete de Revisão da Imprensa Nacional ao administrador, em 10 de Dezembro de 1910 (*):

As publicações saídas da Imprensa Nacional, quer oficiais, quer de particulares, apresentam grafias diferentes, umas discutíveis, outras porêm [sic] grosseiras e vergonhosas”.

Lembrei-me de recorrer a esta retrospectiva, a propósito de Outubro deste ano, com

Documentos comprovativos dos fatos referidos no currículo que relevem para a apreciação do seu mérito,

no dia 1,

e

Menção de que o candidato declara serem verdadeiros os fatos constantes da candidatura,

no dia 30.

Onde? No sítio do costume.

E acrescentei um aparte: “temos aqui exactamente aquilo que está a acontecer e não aquilo que querem que aconteça”

E hoje? Hoje, temos isto:

dre12112015

(*) Em breve, quando as comunicações forem publicadas, acrescentarei uma nota de rodapé (**), com hiperligação, onde poderão ser consultadas as referências. No caso em apreço, remeto para a página 207 da seguinte obra:

Castro I, I. Duarte e I. Leiria (1987). A Demanda da Ortografia Portuguesa: Comentário do Acordo Ortográfico de 1986 e subsídios para a compreensão da Questão que se lhe seguiu. 2.ª ed. Lisboa: Edições João Sá da Costa.

Explicai-me, sff

RTP excessão

De Caras, RTP, 19/6/2013 (http://bit.ly/12J0oFc)

Não havendo, em português europeu, qualquer razão para se escrever *direção em vez de direcção (ver explicações fastidiosas, lá em baixo, na Nótula I), é compreensível que o actual director do Expresso, Ricardo Costa, tenha infringido as “regras” adoptadas por uma direcção anterior à sua.

Expresso 472013

Em suma, Ricardo Costa escreve direcção porque é português. Se fosse brasileiro, escreveria direção. Contudo,até prova em contrário, o Expresso ainda não terá emigrado para o Brasil. Porque é que o Expresso determinou a adopção do AO90? Não sei. Qualquer dia, explicar-me-ão.

Quanto à imagem da entrevista a Nuno Crato, com a supressão do ‘p’ de excepção, a ocorrência de erros semelhantes àquele tenderá a aumentar — sim, a aumentar; exactamente, a aumentar (ver explicações fastidiosas, já a seguir, na Nótula II).

Ah! Podem (e devem) corrigir, como fizeram anteontem. Andam a esquecer-se é dos outros *contatos — sim, daqueles. Antes de passarmos às nótulas, aproveito para vos desejar um óptimo e espectacular fim-de-semana.

Nótula I: [Read more…]