Metro de Lisboa para todo o dia

metro

Aparentemente, segundo este título, o metro de Lisboa passará a funcionar 24 horas por dia. Lembrei-me imediatamente de uma notícia recente acerca do metro da minha terra: “O metro do Porto começa na sexta-feira, dia 11 de Julho, a funcionar 24 horas diárias nos fins-de-semana”.

Contudo, algo de extremamente grave terá acontecido entre o momento da redacção do título e o primeiro parágrafo do texto. Afinal, depois de nos darem a entender que o metro funcionaria durante todo o dia, agora dizem-nos que “O Metropolitano de Lisboa tem o seu serviço suspenso entre as 23h00 de ontem e as 00h15 do dia 26 de setembro [sic], sexta-feira“. Entendamo-nos: é para todo o dia ou está suspenso?

Ainda por cima, no Diário da República, a enxurrada de contatos e fatos não pára. Efectivamente: pára. Sim, hoje, no sítio do costume:

Na apresentação dos documentos comprovativos dos requisitos referidos nas alíneas a), b), c), d) e e) do n.º 9 do presente aviso, devem os candidatos declarar no requerimento, sob compromisso de honra e em alíneas separadas, a situação precisa em que se encontram, relativamente a cada um dos requisitos, bem como aos demais fatos constantes na candidatura.

(….)

Domicílio ou sede do requerente e contatos

(…)

Identificação completa, domicílio do requerente e contatos

(…)

A identificação completa, a residência do requerente e contatos

Comments

  1. Uma história sobre o Expresso…
    http://expressonegreiro.blogspot.pt/

    com ramificações no grupo (facebook) QUEREMOS RICARDO SALÓ DE VOLTA

  2. Aqui há uns anos , como era assinante da Revista visão li uma entrevista da Drª Ana Sim Sim, Professora em que esta dizia os
    Portugueses não sabem Português, porque não conhecem a sinalética da Lingua Portugesa. Com este comentário fica tudo dito.No entento deixo uma Questão. Os Professores ensinam isto nas Escolas?

  3. Lisboa celebra mais um dia sem metro esta 5ªfeira. A semelhança do que tem acontecido com frequencia celebra-se esta 5ªafeira mais um dia sem metro na capital,em defesa do meio ambinete e saude da da população.

  4. Não aprovo este novo acordo ortográfico (AO90) mas, como professora de Português, sou obrigada a aplicá-lo na escola e junto dos alunos desde 1 de Setembro de 2011.
    Também posso garantir que tem sido muito mais pacífico e consensual para os alunos do que se podia imaginar, e refiro-me àqueles que iniciaram a escolaridade e a escrita mediante as regras anteriores, tendo sido obrigados a corrigir a sua prática. Eles encontram lógica na supressão das consoantes que não se pronunciam, por exemplo, a regra facilita-lhes a vida, e só por isto ficam mais disponíveis para o rol de alterações sem lógica, designadamente a utilização de hifens e a acentuação das palavras.

    No entanto, devo dizer que muitos adultos transformaram a aplicação do AO90 numa caricatura tenebrosa e surreal, revelando indignação perante (pseudo) novas regras que mais não são do que erros crassos decorrentes da sua ignorância. Este excerto do Diário da República apresentado no final do “post” é exemplo disso: nenhuma das palavras destacadas a vermelho se escreve assim, havendo nelas erros ortográficos e não adaptações ao novo AO90.

    Para comprová-lo, sugiro a utilização da seguinte ferramenta:
    http://www.portoeditora.pt/acordo-ortografico/conversor-texto/

    • Francisco Miguel Valada says:

      Cara Ana,

      Muito rapidamente e perdoe-me se a resposta sair gralhada.

      Se acompanhasse aquilo que tenho escrito sobre o assunto, já teria chegado à conclusão de que estas “palavras destacadas a vermelho” surgiam episodicamente no Diário da República antes da aplicação do Acordo Ortográfico de 1990. A explosão de ocorrências depois da obrigatoriedade das regras de 1990 (http://aventar.eu/2013/06/14/duas-ou-tres-coisas-sobre-fatos-do-acordo-ortografico-de-1990/) é a prova de que todo este processo foi, além de mal concebido, conduzido à pressa e ao arrepio de todos os pareceres especializados na matéria.

      Quanto ao “tem sido muito mais pacífico e consensual para os alunos do que se podia imaginar” relativamente “àqueles que iniciaram a escolaridade e a escrita mediante as regras anteriores”, há uma parte que a Ana (por lapso ou intencionalmente) não refere: a leitura.

      No que diz respeito ao “eles encontram lógica na supressão das consoantes que não se pronunciam”, devo dar os parabéns aos seus alunos: encontraram algo que nenhum linguista, pelo menos desde Antoine Court de Gébelin, encontrou. Lógica na supressão das consoantes que não se pronunciam? Já sabia do bosão de Higgs, agora da “lógica na supressão de consoantes que não se pronunciam”, confesso, não sabia. Espero ansiosamente pelo artigo científico.

      Agradeço a atenção do conversor, mas, felizmente, não me faz falta. Aliás, se lesse atentamente a legislação sobre o AO90, nomeadamente, a Resolução do Conselho de Ministros n.° 8/2011, saberia que a “ferramenta de conversão ortográfica de texto para a nova grafia (sic)” é outra.

      Desejo-lhe um óptimo fim-de-semana.

      Francisco Miguel Valada

      • O meu comentário não justifica o agastamento da sua resposta que, aliás, revela que não compreendeu a verdadeira intenção das minhas palavras ou que eu não a transmiti com clareza.
        Apesar de não me parecer que tenha sido somente falta de arte da minha escrita, apresento-lhe as minhas desculpas pelo desajeito.
        Posto isto, desejo apenas acrescentar os seguintes esclarecimentos:
        – Os meus alunos são jovens adolescentes, o que determina em muito as suas apreciações sobre o assunto e até torna cómicas as expectativas que neles deposita. (provavelmente não é professor)
        – Perdi a conta às acções de formação que frequentei sobre o AO90, inclusive inúmeras horas com o Professor Doutor João Malaca Casteleiro, em Janeiro de 2011, que, caso não recorde, fez parte da delegação portuguesa no Encontro de Unificação Ortográfica da Língua Portuguesa, realizado na Academia Brasileira de Letras, no Rio de Janeiro, em 1986, participou também no Anteprojecto de Bases da Ortografia Unificada da Língua Portuguesa, em 1988, assim como nos trabalhos que conduziram ao Acordo Ortográfico de 1990, estabelecido nesse ano em Lisboa, e foi ainda o responsável pela versão portuguesa do Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa e o coordenador científico do Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea e do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa editado pela Porto Editora em Outubro de 2009.

        Nenhuma dessas acções me convenceu, embora tenha ficado satisfeita por ter adquirido argumentos para legitimar a minha oposição ao AO90.

        Passe bem!

Trackbacks

  1. […] O mesmo escrevente terá oportunidade de confirmar a grafia contato nas seguintes páginas, entre muitas outras: APDL, Associação de Futebol do Porto, Centro de Educação Médica da Faculdade de Medicina do Porto, Boavista Futebol Clube, Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova ou Guia do Aluno da Universidade da Madeira. Convém não esquecer o Diário da República. […]

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