Opinião:

“Estou farto deste jornalismo de merda”, por José Mendonça da Cruz

Estou farto deste jornalismo de merda”, por José Mendonça da Cruz
Estou farto da informação reaccionária e terrorista, que, em vez de estudar e explicar os assuntos, os submerge no que proclama serem as fatais e inevitáveis consequências. Farto de ver medidas graves e sérias como as que o FMI propõe para a redução da despesa serem descartadas, sofrerem como tratamento serem despejadas sobre elas as sentenças grosseiras e retrógradas do comunista de serviço. Estou farto da parcialidade e da preguiça.
Estou farto de directores e editores cheios de narrativas pré-fabricadas na cabeça, destituídos de capacidade ouvinte, despidos de curiosidade além do próprio e indigente pré-juízo, apostados em afogar os factos nas suas pobres certezas.
Estou farto da esperteza saloia dos rebanhos redactoriais, da sua presunção ilegítima de que o seu poder vale mais que o voto. Farto do engraçadismo que extravasou das croniquetas para malformar as notícias, farto das reprimendas em off por aquilo que os políticos «só não disseram», farto de remoques pessoais e ressentimentos pedantes.
Estou farto desta manipulação descarada, boçal e presumida que treslê relatórios, que omite os factos que contrariem o preconceito, que falsifica discursos feitos em português de lei sob o pretexto de que eram «herméticos». Estou farto desses medrosos, desses cadáveres, que pintam tudo de negro e suspiram pelo imobilismo.


Estou farto do catastrofismo com que pintam as notícias, farto dos que choram por causa da dívida pública, por causa do excesso de betão, por causa da ruína da paisagem, e, mal virada a esquina, choram que haja arrefecimento na construção civil. Farto de ver reportagens inteiramente direccionadas para a obtenção de queixas públicas, e de ver as mesmas reportagens concluir pelo desastre quando, nas entrevistas de rua, foram unanimente desmentidas. Estou farto de ver um aumento de 5 cêntimos nos táxis promovido a suplício do povo.
Estou farto de agentes políticos (que ninguém quiz na política) mascarados de jornalistas, a promoverem as suas especiais crenças e as dos amigos, a promoverem os aldrabões que lhes subscrevam os pontos de vista. Estou farto de jornais que espezinham as mínimas regras deontológicas, e logo vêm, inexplicavelmente ufanos, proclamar-se «de referência». Farto de incúria e desonestidade impunes.
Estou farto dos desgraçados que se sonham contrapoder enquanto vão baixando a sua audiência e as suas tiragens, e depois alucinam que a culpa é da crise e da austeridade.
Estou farto de ver como certos fora que são ilhas de inteligência, refúgios onde gente que estudou e pensou debate com serenidade e inteligência, de ver como dessesfora não transpira uma gota de bom senso, de trabalho, de seriedade para as notícias.
Estou farto dos manipuladores que entendem que o «contraditório» consiste em dedicar 5 segundos a uma fonte do governo e fazê-la seguir de 10 minutos de opinião do Bloco e do PCP ou do primeiro sociólogo que consigam colher na rua.
Estou farto de imbecis com carteira de jornalista a fazerem dos noticiários um rol de opiniões tontas, farto de ver noticiar, não as greves e seus motivos ou falta deles, mas as «emoções» de passageiros frustrados e os dichotes alarves da Inter.
Estou farto da ignorância e do populismo que presidem à hierarquização das notícias, farto do fogo ou do acidente que precedem um evento muito menos espectacular mas de consequências muito mais gravosas.
Estou farto desse jornalismo de pacotilha que alega que é modernidade o que não passa de falta de formação, critério e cultura. Farto de ver pôr no mesmo patamar os rabiscos pintalgados por alguma deputada pinceleira e as obras e o percurso de grandes escritores e artistas.
Não me farto de deslocar-me à cabina de voto. Mas fartei-me de me deslocar às bancas. Não me cansa ser jornalista. Mas cansa-me este jornalismo de merda.

Comments

  1. jorge costa says:

    Espantoso como se consegue escrever um texto tao longo e nada dizer.
    Convém documentar as afirmaçoes/acusaçoes que destila.
    Nem Bagão Felix ou Vitor Bento sabiam que eram perigosos comunistas.
    A acreditar no texto o proximo governo de Portugal sera liderado pelo Bloco ou pelo PCP dado o consenso critico existente a Passos e a Gaspar e companhia. Ressuscitando as teses salazarentas que quem critica e comunista imagina.se que o autor nem deve conseguir dormir assombrado pelo “perigo” comunista.Haja Deus!

  2. jorge costa says:

    No Portugal profundo não e de bom tom dizer.se na rua o que se come em casa.
    O titulo da crônica nao respeita este bom hábito ancestral

  3. Cario Jorge Costa,
    Como é que chamava o “conselheiro” da ONU?
    “Ainda não li o expresso. Mas por acaso a crónica do nicolaço é” o q o FMI diz e o governo não quer ouvir?” Tiago Pascoal @tspascoal
    Não concordo com a palavra “mxxxx”, mas bosta está mais próximo da irracionalidade do jornalês português – é na estrebaria ….

  4. Sarisa says:

    É “quiz” de “quiz show”? Ou será “quis” do verbo querer? Fica a dúvida no ar!

  5. Pisca says:

    Já disse por aí, esta “coisa” é uma mistura de Medina Carreira com o Zé Manel Taxista, só falta o Benfica, enfim… mas vende em muitos sitios

    O autor que vá à merda mais as ideias que lhe assaltam o neuronio

  6. nightwishpt says:

    Você pode estar farto daquilo que bem entender, mas a miséria e o subdesenvolvimento estão aí quer acredite neles, quer não. Não tenho pena que a realidade não se conforme com a sua opinião e que tenha que insultar todos os que vêm o obvio e inevitável. Quem o ouvir pensa que o BE é governo e que o que diz nada tem a ver com a realidade, quando não há uma única verdade que saia da boca do fdp que estão no governo.

  7. Pedro says:

    Está farto de muita coisa. Enquanto for só isso… eu estou farto de ter cada vez menos dinheiro ao fim do mês. Se você é realmente jornalista,dê nomes às pessoas, os tais comentadores com que não concorda,etc Isso é um texto da treta

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