À beira do fim

Gostava, mas não iria conseguir, de dignificar este último estertor da criatura de Belém com um texto sério lembrando-lhe, entre outras coisas, que está a impor aos deputados – sim, é a estes que, em última análise, o gesto de Cavaco convoca – algo completamente absurdo se considerarmos o mandato irrevogável e representativo – e não imperativo – de que estes são portadores.

Os partidos são organizações de homens e mulheres livres que estabelecem acordos entre si, o cumprimento dos quais tem, como garantia, a lealdade e a ética. Só por sua livre escolha o acordo com as deliberações do partido que os elegeu é, permanentemente, renovada. Assim, o próprio programa com o qual são eleitos é acessório e de modo algum é legal ou legítimo forçá-los a um determinado caminho. Seja quem for e, por maioria de razões o inquilino de Belém, qualquer que ele seja.

Deste modo, as exigências de Cavaco são totalmente descabidas, inconstitucionais e, sejamos francos, muito pouco inteligentes. O PR exige a António Costa aquilo que ele não pode nem deve garantir e, ainda por cima, mostra não conhecer o programa de governo do PS, os acordos por este partido feitos e o que neles já se garante. Ou não conhece ou não quer conhecer, por birra não sei se infantil se senil. Alguém lhe explique, como se o homem tivesse seis anos.

Comments

  1. Carvalho says:

    É preocupante pensar que o energúmeno de Belém foi eleito democraticamente. Duas vezes.
    Para além da vergonha de pertencer a um povo assim, assusta-me imaginar gente que, se é capaz de eleger um cavaco, será capaz vá lá saber-se de que enormidades mais…
    Que gente é esta???

    • Cavaco foi eleito directa e pessoalmente (ao contrário dos deputados) por uma maioria superior à três partidos do governo ps-pcp-be somados.
      Que gente é esta? Simples: a maioria do povo português.
      Quanto ao mais, o regime é semi-presidencial.

      • Carvalho says:

        Ser a maioria do povo votante (e não, como diz falaciosamente, do povo português) não significa serem os melhores. Quantidade nunca foi sinónimo de qualidade, como fica demonstrado pelos votantes na aventesma de Belém, uns energúmenos iguais ao energúmeno que elegeram.

  2. Tem piada, agora quando a esquerda discorda de algo, atira sempre com o argumento inconstitucional.
    Deve haver algo estranho na Constituição que permite muitos pensarem que o que pensam é o constitucional e o que for contrário é inconstitucional.

    • Ernesto Martins Vaz Ribeiro says:

      Compreendo que tenha essa dúvida, pelo menos se pensarmos no número inusitado de inconstitucionalidades mandadas à natureza nestes quatro anos pelo governo que agora cessa funções.
      Pela minha parte, compreendo a sua estranheza. De facto, esta Constituição não é a de 1933 coisa que este governo tanto lutou para fazer reviver.
      Assim, imagine, que até ficamos a saber, na sua “legitimidade constitucional” que a direita, quando não ganha uma maioria absoluta em eleições, até luta para mudar a constituição.
      Há de facto alguma coisa de estranha nisto tudo.
      É que uma Constituição democrática é uma espécie de naftalina contra o mofo …
      E é assim: desde que este governo e a presidência que temos ocuparam as suas funções, o mofo deu-lhe …

    • Nightwish says:

      Vá lê-la e os motivos pelo qual é como é que isso passa-lhe.

  3. O filho dum corno do Silva censura todo o tipo de comentários no Aventar.. says:

    O filho dum corno do Silva censura todo o tipo de comentários no Aventar..

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