Marcelo

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Li as análises à intervenção de ontem do Presidente da República. Lamento, mas já não tenho pachorra para os comentadores de televisão, cada vez mais fracos e alinhados. Do que li fiquei surpreendido pelo tom de varias análises mais à direita: somente Nuno Garoupa se distingue pela lucidez. Nota-se uma enorme irritação com o Presidente. Uns esperavam que ele alertasse para os “enormes perigos” do OE2016, outros que dissesse que o orçamento é muito perigoso pois assenta num modelo errado, outros que levantasse o cartão amarelo, esperando para ver, mas avisando da margem de manobra, outros que fizesse algum “jogo” com o PSD, etc. Mas ninguém esperava, aparentemente, que Marcelo Rebelo de Sousa fosse igual a si mesmo. O que é surpreendente. As reações descabeladas do PSD são uma demonstração da sua desorientação estratégica. O CDS, para mim surpreendentemente (pela positiva), esteve calado, deixando o ridículo para o PSD.

Marcelo foi cerebral, como costuma ser, e fez uma intervenção muito clara, otimista e apostando numa nova fase de cooperação institucional entre o Presidente e o Governo. No processo, deixou claro 3 coisas, que irritam solenemente a direita:
1. Recusou firmemente entrar na estratégia de curto-prazo do PSD, colocando por várias vezes o foco na estabilidade e, por entre avisos, realçando a preocupação social do orçamento e o afastamento das políticas de austeridade. E com isso, esvaziou o congresso do PSD do próximo fim-de-semana. Eu diria que o tornou quase irrelevante.
2. Foi muito cuidadoso na forma. Falou às 17:00, dizendo mesmo que o horário nobre das 20:00 era para coisas graves. Foi instrutivo, professoral (o que irritou muita gente) e fez um discurso para os Portugueses e não para a elite política ou para aqueles que têm a mania que são estrategos políticos.
3. Que não contem com ele para derrubar o Primeiro-Ministro, como muitos sonham, por razões táticas. Será exigente mas muito leal na relação próxima com o PM.
Marcelo Rebelo de Sousa, apesar de não esquecer o que lhe fazem e não resistir a devolver, está apostado, parece-me, em ser um grande Presidente da República. E tem a capacidade, a coragem e o conhecimento para isso. Assim queira.
🙂

Comments

  1. Subscrevo o post, Marcelo dá oportunidade a quem Governa de mostrar o que vale e deita um balde de água fria no calor da crispação… por muito que alguns crispados não queiram isso.

  2. doorstep says:

    Já era tempo de a inteligência, o sentido do bem comum e a independência intelectual ocuparem Belém. E de uma ou outra asneira que faça grande mal não virá – desde que não caia na tentação de as esconder, o que sendo Marcelo um sibilino, é pouco provável.

    A seita que fez do País uma coutada para as caçadas dos amigos anda em estado de choque!

  3. Tretas! Analisando o que escreve, não há um pingo de substãncia! Estamos no reino absoluto da suposição, da esperança vã! Ou o PR olha para a realidade, ou esta vai acabar por entrar à força pnde ele não quer!…

    • adeus passos says:

      ah, a “realidade”… cervantes, pela boca de dom quixote, não diria melhor. a “realidade” é que 500 mil portugueses emigraram. que a miséria alastrou com a receita dos “realistas”. e que a quimera das exportações é fugir em frente. e insistem em defender que a pobreza é a solução. proteger o status do enriquecimento contínuo do 1% e de um sistema financeiro predador.

    • Era pois! says:

      Vê se compreendes!
      Os traidores da Pátria já não governam…

  4. A rafeirada do PaF, está num estado de negação com a Democracia, com o país e até com o Presidente que acabaram de eleger.

  5. adeus passos says:

    e o rui rio não perde pitada e junta-se aos que gozam com o pafioso de massamá…

    http://expresso.sapo.pt/sociedade/2016-03-30-Rui-Rio-Costa-e-Marcelo-fizeram-bem-em-influenciar-o-futuro-da-banca-nacional

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