ADEUS (9)
Respirar fundo… por um momento
Comissão Europeia adiou a decisão sobre autorização do uso do glifosato
Era de temer o pior, com a Comissão Europeia a querer à viva força fazer aprovar por mais 15 (!) anos o uso do glifosato, essa controversa substância que a Monsanto, entre outras, utilizam nos seus herbicidas e que a Agência Internacional de Investigação do Cancro (IARC) da OMS classificou como substância “possível ou provavelmente” cancerígena. A votação estava prevista para ontem, num comité de peritos representantes dos 28 Estados membros da União Europeia, mas acabou por ser adiada porque a maioria qualificada (55% dos Estados membros representando 65% da população da UE) necessária à sua aprovação, não pôde ser atingida.
No entanto, trata-se apenas de um intervalinho, em que os movimentos europeus de protesto, que recolheram mais de um milhão e meio de assinaturas pela proibição, podem ganhar fôlego e continuar a pressionar. Acontece que a Comissão está decidida a defender os interesses da gigante americana, baseando-se num resultado favorável da EFSA, a agência da UE para a segurança alimentar, segundo uma avaliação do Instituto Federal Alemão de Avaliação dos Riscos, saído em Novembro passado. Para a Monsanto estão em jogo milhares de milhões de dólares, pelo que é (quase) de prever, o que vai acontecer na próxima reunião do comité de peritos, a 18 e 19 de Maio, se não for antes. E a pressa é muita, já que a actual autorização na UE terminará no final de Junho deste ano.
Embora seja importante, não é só o glifosato que está em causa – é o próprio modelo de agricultura convencional que se revela um beco sem saída.
ADEUS (8)
ADEUS (6)

Investir nos amigos é seguro: http://www.tsf.pt/economia/interior/portugueses-podem-confiar-no-banco-espirito-santo-garante-cavaco-4038266.html
É melhor ser presidenta do que princesa
Quando, no ano passado, Ada Colau e Manuela Carmena assumiram, respectivamente, a presidência das câmaras de Barcelona e Madrid, corria a piada
– Sabes que as meninas agora já não querem ser princesas.
– Ai não?
– Não, querem ser presidentas da Câmara.
Similar é o caso de Mariana Mortágua e Catarina Martins, verdadeiros role models eficazes e certeiros. A esse respeito, as perspectivas da próxima geração são mais risonhas.
A liberdade está a passar por aqui…
E pronto. A partir de agora o insulto a Cavaco é punido com pena de prisão até 6 meses ou com pena de multa até 240 dias, agravada de um terço nos seus limites mínimo e máximo se feito através de meio que facilite a sua divulgação. Por seu turno, insultar publicamente o Rebelo passa a dar prisão de 6 meses a 3 anos ou multa não inferior a 60 dias. O espaço de manobra é escasso mas existe.
Pordata Kids. Kids!?
É muito provável que os derivados do inglês venham a ser os crioulos do futuro, porque as ciências (incluindo algumas sociais) e a tecnologia já se exprimem em língua inglesa ou, pelo menos, numa espécie de dialecto em que se misturam termos ingleses com resquícios da língua materna.
Ainda assim, continuo a acreditar que usar uma língua implica pensar sobre ela (e não apenas ficar a contemplar a sua evolução) e agir em sua defesa. É claro que defender a língua materna sem pensar poderia levar a exageros como preconizar que se substituísse Oxford por Oxónia, como já chegou a ser proposto. É igualmente claro que o português já está carregado de antigos empréstimos que acabaram por ser adquiridos, o que também faz parte da natureza das línguas. Por isso, e usando de um conservadorismo metódico, não combato palavras como “futebol”, mas irrita-me que as pessoas esperem feedbacks das propostas que fizeram. [Read more…]
Tragam a bola de espelhos
Agora que o inimputável de Boliqueime dá seguimento ao seu alheamento do mundo noutro palácio, é tempo de abrir as janelas e deixar sair o bafio.
Já pus a música; quem traz a bola de espelhos?
Cem e sem
Santana Castilho*
1. Cem dias passados, o Governo do PS, apoiado pelo PCP, BE e Verdes, provou ter uma capacidade notável de adaptação. Aguentou-se no primeiro lance, o da aprovação de um programa dúbio de governo. Sobreviveu ao golpe que ofereceu, em saldo, o Banif ao Santander, logrando mesmo o apoio do PSD para aprovar o orçamento rectificativo que viabilizou a negociata. Levantou (foi obra) o PCP, pela primeira vez em 40 anos, para aprovar o OE 2016, saído de um belo joguinho de cintura com Bruxelas. E, cereja no topo da geringonça, 46 páginas de erratas depois, eis que a radical Moody’s lhe conferiu um invulgar elogio. Cavaco Silva desta vez não o disse, mas certamente que voltou a pensar ser coisa da virgem de Fátima.
Nestes cem dias, de fé no fim da austeridade, recuperaram-se feriados perdidos. Operaram-se exíguas melhorias para as famílias de mais baixos recursos. Reverteram-se privatizações. Extinguiram-se exames. Prometeram-se (para uns) 35 em vez de 40 horas de trabalho. Aumentou-se o salário mínimo. Apresentou-se à EDP a factura da tarifa social de energia e aos fundos imobiliários a nota para pagarem o IMI e o IMT de que estavam isentos.
Seguir-se-á a realidade, que diluirá tendências populistas e começou já a ser reconhecida com 800 milhões de novos impostos. [Read more…]
Esclareçam-me, sff
Quando o Henrique Raposo afirma que tem “um olhar camiliano sobre os portugueses” refere-se ao Camilo Lourenço, certo?
Marques Mendes aplica uma delicada tareia a Maria Luís Albuquerque
Diário Económico, Março de 2015:
PSD e CDS deixaram ontem passar, com a abstenção, o projecto dos socialistas que reforça as incompatibilidades dos titulares de cargos políticos, incluindo o alargamento para três anos do ‘período de nojo’ entre a política e empresas ou organizações que tutelaram.
Cerca de três meses após abandonar funções, Maria Luís Albuquerque faz vista grossa ao projecto que o seu partido permitiu ser aprovado e assina contrato com uma empresa cuja actividade era, até então, por si tutelada. O silêncio e a vergonha instalam-se à direita, apesar das tentativas de Matos Correia e Passos Coelho de branquear a situação. É impossível mascarar o mal-estar causado. [Read more…]
♪ Cheira bem, ♫ cheira a eleições autárquicas ♪

Praça do Rossio, Lisboa, 2007 (wikimedia)
O que está a acontecer a Lisboa é inacreditável, não sei se quem vive noutros locais estará a par. Acontece que há autárquicas à porta e se existe algo que faça um autarca salivar, as obras estarão no topo.
É a treta da segunda circular, o arrancar da calçada, a mesquita na Mouraria e agora isto do Jamaica, do Tokyo e do Europa que a Daniela relata.
Há um cardápio de obras que vão acontecendo ao sabor das autárquicas. As requalificações, os gimnodesportivos, as rotundas, as estátuas nas rotundas, as lombas em tudo o que é passadeira (e que nada devem à segurança, como se pode constatar, por exemplo, em Soure). E a lista poderia continuar.
Da compatibilidade
Bilhete do Canadá – demais é moléstia
No telejornal de 2ª feira à noite, José Rodrigues dos Santos, de olhos muito abertos, empertigado e em voz vitoriosa, anunciou ao país que o Eurogrupo exigia Plano B e medidas de austeridade imediatamente. Dali a pouco, António Esteves Martins dizia, a partir de Bruxelas, que o Eurogrupo estava a “fazer voz grossa a Portugal” por achar que a Comissão Europeia trata o nosso país com brandura. O balão empertigado baixou a voz, esvaziou um pouco e ficou com aparência de surpreendido.
Não é a primeira vez que o locutor Rodrigues dos Santos se comporta desta maneira. Dir-me-ão que pode ser garotice, falta de educação, reacção de direita raivosa, exibicionismo, leviandade. Não sei o que possa ser. Mas sei que Rodrigues dos Santos é pago com o dinheiro dos contribuintes. Portanto, não pode tomar atitudes destas, ninguém o autorizou a tal. Os noticiários têm de ser lidos com clareza e neutralidade, porque se trata de um serviço fornecido a TODOS os portugueses. Ainda por cima acontece esta mancada no dia em que a RTP estava a celebrar os seus 59 anos de vida. Foi duma deselegância gratuita. En passant digo que gostava de ouvir uma aula de Comunicação Social dada por este rapaz na universidade onde tem um gancho.
Em contrapartida, no PRÓS E CONTRAS que seguiu Ramalho Eanes e Jorge Sampaio deram uma nobre lição de democracia e boas maneiras, apontando as falhas que nos trouxeram a esta situação, mas não insultando ninguém e apontando para o futuro. O mesmo se diga dos emigrantes portugueses que foram ouvidos e vistos via satélite, ou ao vivo na sala. Como dizia o refrão da revista: isto é outra loiça.
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