Respostas para a crise no Brasil?

87_1280

Escrevi, há dias, um post sobre a crise no Brasil que, mais do que respostas, fornecia perguntas. A minha ignorância, a distância, o desconhecimento de muitos dos protagonistas e dos seus interesses e ligações, a não verificação da verdade ou da mentira nos “factos” mediáticos, a velocidade dos acontecimentos e a minha própria estupefacção, tudo isso me aconselhava a ter mais dúvidas do que certezas.

Nestes dias vertiginosos fui procurando entender melhor a situação. Avancei pouco e, separado o joio, quase não me sobra  trigo.

Duas ou três certezas,  tenho: o país está divido, a Política e a Justiça não estão devidamente separadas (e ambas albergam muita gente pouco recomendável), o regime (não me refiro ao governo) precisa de refundar-se, a corrupção é transversal e endémica – chegando-se ao ponto de indiciados e pronunciados por corrupção se atreverem, sem um pingo de vergonha ou de oposição no interior dos seus próprios partidos, a acusar, apreciar, votar e pertencer a comissões de investigação de corrupção (aqui chegados, estamos no grau zero da credibilidade)-, a democracia corre riscos evidentes de sequestro. [Read more…]

O Sporting Clube de Portugal defende Fação

slimani eslimani

© Álvaro Isidoro/Global Imagens (http://bit.ly/1Rbh3ao) & © AFP/Getty Images (http://uefa.to/22uGWJE)

O Sporting decidiu fazer «uma campanha contra a contrafação [?]», alinhando com Patríssio, Squeloto, R. Smedo, Couts, Bruno Cézar, Williams, J. Dário, Adriano S., Brian, Guterres e Eslimani. Como sabemos, há quem seja acusado de contra Fação. Contudo, o Sporting defende Fação. Exactamente: Fação.

Hotel Lisboa

airbnb-hotel

Pedro Guimarães *

Anda tudo doido com as lojas históricas a dar lugar a hotéis e a McDonalds. E mais a polémica Uber x Taxi e mais uma série de perigos do velho Capitalismo e da nova economia digital. No entanto, pela calada, e sem que ninguém tenha ainda verdadeiramente percebido, o anterior governo conseguiu ir ainda mais longe do que esta gente toda ao abrir a caixinha de pandora que, essa sim, vai provocar as mais imprevisíveis alterações aos tecidos sociais e culturais de Lisboa e Porto. A menos que se dê um passo atrás, claro. Falo da liberalização praticamente sem restrições da exploração de apartamentos para fins turísticos através do Airb’n’b e Booking.com.
Preços das casas a disparar para níveis Londres/Paris/Madrid (não é exagero), mercado cruel, expulsões com indemnizações mais do que rentáveis face ao lucro garantido por uma “nova clientela” estrangeira que vem de passagem apanhar uma piela very typical. Esperem só até os velhotes de Alfama perceberem que a sua casita de 50m2 já vale, por baixo, uns bons 200.000€: êxodo para arrabaldes no dia a seguir. É que uma cidade sem lojas históricas é mau, mas uma cidade sem cidadãos, históricos ou não, é algo insuportável.
[Read more…]

O peixismo-aranhismo

Ora bem, vamos lá botar sentença politológica: tínhamos os partidos parlamentaristas, os semi-parlamentaristas e até os anti-parlamentaristas. Graças ao PSD temos uma nova categoria: os a-parlamentaristas. Estão lá, mas é como se não estivessem. São e não são. Como o gato de Schrodinger, está vivo e está morto. Os outros agem, eles esperam. Para, no melhor estilo cavaquista, se pronunciarem sobre os resultados do trabalho alheio e poderem dizer, seja qual for o resultado: nós bem avisamos. E ferrar.
É uma espécie de partido peixe-aranha. Fica quietinho, escondido na sua areia e, quando um incauto que está a fazer qualquer coisa da vida o pisa, sabe-se o resultado.

Jornal ao fundo

Ontem, fechou mais um jornal ou, pelo menos, a sua edição em papel. Não faltarão justificações e teorizações sobre este facto e, de caminho, sobre as raquíticas tiragens dos auto-proclamados jornais de referência. Claro que a culpa vai ser atribuída aos potenciais leitores. Ora permitam-me que contribua com um singelo argumento: os jornais não se vendem, não porque os portugueses não gostem de ler e não gostem, sobretudo, de ler jornais, mas porque os jornais não são feitos para os leitores; são feitos para os “outros”. E de tanto tentar manipular ingénuos e iletrados – ou reduzir o máximo de pessoas a essas condições -, esquecem que estes não são leitores lá muito fiéis ou consistentes. Assim, os jornais vão deixando de o ser para se transformarem em entidades que designaremos por “correio da manhã”. E à medida em que se vão aproximando desta execrável condição, vão perdendo os leitores que…lêem.

O verdadeiro triunfo dos porcos

triunfo_dos_porcos_george_orwell

Miguel Szymanski

Acabei de falar para a fábrica Triumph, em Sacavém, que produz roupa interior para a marca e multinacional alemã de mesmo nome. Telefonei, porque a última notícia que vi online já tinha quatro meses e porque queria saber da sorte das 500 famílias, da zona da Grande Lisboa, que dependem da actividade daquela empresa.
Contaram-me a mesma história que se repete por todo o lado no país: toda a gente vai perder o emprego se não se encontrar rapidamente um comprador. O problema da fábrica têxtil Triumph, da fábrica de bolachas Triunfo há quatro meses ou do jornal Económico esta semana é que esse comprador nunca aparece. O comprador está a comprar imóveis na Alemanha, francos na Suíça ou a investir em produtos financeiros em Frankfurt e Londres.
[Read more…]

Diminua o seu QI

Fantástico produto para aqueles que, como eu, têm dificuldade em suportar a corrupção, os permanentes enganos, os talibans da política de caminho único, a ausência e incapacidade de debate, a intolerância face à diferença, a ausência de solidariedade, a ausência de responsabilidade e responsabilização, o amiguismo, a falta de seriedade e de princípios, etc. Estamos em minoria e a única forma de não criar problemas e viver feliz é o MinusIQ.

MinusIQ – “The world’s a much brighter place when you’re not too bright for it.”

 

Hoje é Dia do Pai

dia_do_pai_cp_cartazTodas as crianças deviam ter uma infância feliz.

Dilma tinha que nascer duas vezes para perceber tanto destes esquemas como Cavaco

CSDL

Anda por aí muito moralista de direita nacional indignado com o esquema engendrado por Dilma Roussef para proteger Lula da Silva da justiça brasileira. Questiono-me sobre onde estavam eles em 2008, quando o caso BPN rebentou e Dias Loureiro, antigo ministro de Cavaco Silva e referência de Pedro Passos Coelho, gozava da imunidade de conselheiro de Estado que o manteve protegido da investigação em curso durante mais de um ano. Apesar dos factos e do escândalo, Cavaco recusou-se a destituí-lo do cargo e deu ao seu amigo 15 meses para se preparar para o que aí vinha. Claro que, como estamos em Portugal, a culpa morreu solteira. Portanto se alguém achava que Dilma foi particularmente original com a nomeação de Lula da Silva para a sua Casa Civil, Cavaco está cá para provar à lusofonia que usar o poder para proteger amigos da justiça não é novidade nenhuma. Dilma tinha que nascer duas vezes para perceber tanto destes esquemas como Cavaco.

A imparcialidade de Itagiba Catta Preta Neto

Itagiba

Um juiz não deixa de ser um cidadão de pleno direito pelas funções que exerce. Mas é expectável que assuma uma postura de imparcialidade. Não parece ser o caso de Itagiba Catta Preta Neto, o juiz que ontem suspendeu a nomeação da Lula da Silva para a Casa Civil de Dilma Roussef, assumido apoiante de Aécio Neves, principal opositor de Dilma Roussef nas últimas eleições brasileiras, e autor de inúmeras publicações contra o governo brasileiro nas redes sociais. O apelo à queda de Dilma para que os brasileiros, perdão, as elites dos helicópteros possam voltar a viajar para Miami e Orlando porque a queda da presidente levaria à queda do dólar é absolutamente notável. Já o embaraço causado é tal que este juiz se viu forçado a desactivar a conta no Facebook. A internet, porém, não perdoa.