Crónicas Desportivas (6) – Dos salvamentos e dos apuramentos

No jogo desta madrugada, Dani Alves salvou Dunga de um “impeachment” no Paraguai, destituição que começa a ser pedida pelo povo brasileiro em virtude dos fracos resultados da selecção brasileira na primeira ronda de jogo da qualificação COMNEBOL para o campeonato do mundo de 2018, torneio no qual a selecção brasileira é actualmente 6ª à passagem da 6ª jornada com 9 pontos, fruto de 2 vitórias, 3 empates e 1 derrota. Estando a 1 ponto dos 5ºs e 4ºs classificados, respectivamente Colômbia e Chile, não se poderá de maneira alguma dizer que os brasileiros começam a ficar fora da corrida porque a corrida ainda vai no seu início e nas próximas duas jornadas que se irão disputar em Setembro, a 7ª e 8ª das 18 previstas tudo poderão alterar na classificação geral.

O que está a preocupar os amantes da canarinha é a falta de futebol demonstrada por esta desde que Dunga chegou ao cargo em substituição do nosso conhecido Felipão, homem que agora está a colocar os olhos dos Chineses ainda mais em bico, e as lacunas pelas quais passa a canarinha na frente de ataque a poucos meses da participação na Copa América, ou seja, a falta clara de um ponta-de-lança capaz de materializar o caudal ofensivo construído por Willian, Neymar (ausente do jogo de ontem) Douglas Costa e Hulk (o médio do Chelsea realizou uma excelente exibição frente aos uruguaios na qual foi o cérebro da criação ofensiva brasileira perante uma equipa paraguaia que se revelou fortíssima, ao seu estilo, diga-se, nos arredores da área e mesmo dentro desta em largos períodos de jogo) apesar de, como sabemos, Jonas do Benfica, ser, neste momento o melhor marcador dos campeonatos europeus com 29 golos. Se num primeiro momento, no acto de convocatória, Dunga fechou os olhos ao pecúlio do avançado do Benfica não o convocando, num segundo momento foi forçado, por lesão, a chamar o avançado do Benfica que, para infelicidade dos brasileiros, não saltou imediatamente para a titularidade, cabendo esta ao veteraníssimo Ricardo Oliveira de 35 anos, homem que volta, em tardia idade a estar de pé quente tanto no Santos como na selecção. Contudo, é inegável o facto de, neste momento, Ricardo Oliveira constituir-se como o único ponta-de-lança de referência, ou de área, como lhe queiramos chamar, dos 8 avançados chamados por Dunga para os compromissos oficiais do escrete.

Defensivamente, esta selecção brasileira, com muitas baixas  de jogadores importantes, alguns por lesão casos David Luiz e Marcelo, outros por casmurrice do seleccionador, caso de Thiago Silva do PSG, deu muitas abévias aos paraguaios quer pelas laterais quer em lances de bola parada, sofrendo portanto um golo de um jogada construída por uma lateral na qual Dani Alves estendeu uma invulgar passadeira para o ex-benfiquista Derlis Gonzalez (jogador rapidíssimo que é mortífero em lances de contra-ataque) cruzar para a área brasileira (Lezcano aproveitou alguma passividade da defesa brasileira para disferir o golpe final) e no segundo golo, numa autêntica avenida aberta pela defesa brasileira para Benitez fazer estragos.

Rumando ligeiramente mais a Norte, o México de Layún e Corona carimbou ontem a passagem à fase final de apuramento da CONCACAF com uma vitória por 2-0 contra o Canadá na qual Corona abrilhantou com a marcação do 2º golo dos mexicanos. O posicionamento de Tecatito ao longo da partida (funcionando como um 2º avançado) deve ter dado algumas dicas a José Peseiro: sendo Corona um jogador inofensivo nas alas dada a sua incapacidade para ganhar duelos individuais aos laterais no drible mas um jogador que demonstra muita propensão para atirar\finalizar (bem) às balizas adversárias aliada a uma capacidade ímpar de agilidade e rapidez na obtenção de espaços para finalizar e na execução do remate, não seria mais proveitoso ao treinador do Porto adoptar o posicionamento (funcionando como um extremo que procura mais as zonas interiores para finalizar do que um clássico extremo de jogo exterior) dado ao jogador pelo seleccionador mexicano Juan Carlos Osório?