Theresa May – a antiga moderada hesitante quanto ao Brexit – atirou-se que nem uma leoa à União Europeia, honrando a heráldica da velha Albion. Mas o leão da Albion está desdentado e a fúria da primeira-ministra britânica é mais fruto de uma agressividade nascida da frustração que um sinal de força e firmeza.
Em resumo, o que a zangada senhora disse foi: queremos sair da UE, queremos manter todas as vantagens e dispensar todas as obrigações e desvantagens, ou nos dão o que queremos ou a vingança – quiçá traduzida num mega-paraíso fiscal – será terrível; mandem-nos os vossos quadros mais qualificados que os outros nos encarregamos nós de devolver.
E quem, entre nós, tentou – tenho por aqui textos que o provam – compreender o Brexit e vê-lo na sua complexidade, ouve isto, olha para a gente que governa a União Europeia e tem vontade que a jangada do Saramago levante o ferro – embora os destinos e a companhia sejam, também eles, muito duvidosos.
Os ingleses também inventaram o futebol e agora são incapazes de ganhar seja o que for na Europa. Com a democracia é a mesma coisa. Eles não são capazes nem de conservar o Reino Unido. Esses políticos que tomaram o poder são apenas um bando de hooligans.
Estas tiradas da Sr.a May são um mau sinal para os britânicos e dão inteira razão ao votantes do “permanecer”.
Segundo eles os Brexiters não têm nem nunca tiveram nenhum plano para a saída e ignoraram completamente as dificuldades da cisão.
Para unir um país completamente dividido a Sr.a May utiliza a velha táctica política de unir o país em torno de um inimigo externo.
Não será fácil pois a UE, o tal inimigo, tem tido sobre este aspecto um comportamento coerente que é salientado pelos Brexiters que continuam a defender com mais acinte a permanência.
Não será fácil para a Sr.a May manter um mercado que absorve 45% das suas exportações sem as empresas sediadas no UK terem o passaporte da UE.