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portugal no-wall

No mundo de Trump não há factos nem verdade. Apenas o que se diz no momento.

Não é só o sujeito que é ridículo. É o que ele defende e está a fazer.

Neste contexto, Trump é um problema para a direita, que detesta o seu lado revolucionário e anticonservador, mas que o aceita muito mais do que o pode admitir. Aliás, é interessante verificar que, quase sem excepção, os artigos escritos à direita em Portugal sobre Trump têm como motivação muito mais a crítica aos críticos de Trump do que a crítica a Trump. Embora não possa garantir ter lido todos, ainda estou para ver um artigo, comentário, declaração vindo da direita portuguesa que seja apenas… contra Trump. E não faltam motivos. O que há é ataques aos que atacam Trump, e depois desgosto com a personagem, mas a economia da indignação vai para os “radicais” que o atacam, muitas vezes colocados no mesmo plano. Outra variante é dizer que Trump está a fazer o mesmo que fez Obama ou Clinton, só que gabando-se, em vez de esconder a mão, como eles fizeram. Na aparência pode ser verdadeiro, como é o caso do muro com o México que já existia, mas toda a gente sabe que, no domínio simbólico da política, o muro de Trump, “pago” pelos mexicanos como sinal da sua culpa colectiva, é uma coisa completamente diferente do de Obama. Do mesmo modo, há uma diferença abissal entre “banir” a entrada de imigrantes ilegais, e ter todo o cuidado com a imigração de zonas de conflito, e “banir” as entradas de países muçulmanos porque são muçulmanos. E mesmo assim “banir” só os países muçulmanos onde Trump não tem negócios, e não aqueles como a Arábia Saudita que efectivamente exportaram mais terroristas para os EUA e para todo o Médio Oriente. [Pacheco Pereira, Público, 04/02/2017]

Não estamos perante um fase de transição até que a moderação e o bom senso triunfe. Se há coisa que podemos concluir é que a personagem grotesca que vimos durante a campanha eleitoral é o retrato fiel do Presidente dos EUA. O mundo está um lugar mais perigoso desde que o cowboy Trump está à frente da Casa Branca.

Comments

  1. Atento says:

    Um artigo do Professor Pacheco Pereira, esta na linha de algumas análises politicas de esquerda, que foram feitas, em tempos, mas que não são transcritas pelos meios da comunicação social. Porque será?
    Já sei; é militante do PSD, do Coelho, e ex-militante do PCP-M/L!

  2. Paulo Só says:

    O mais grave no caso do Trump é o poder do contágio. Aqui no jardim à beira-mar plantado basta abrir o Observador para constatar que as tentativas de lavagem cerebral por extremistas, como uma tal de Helena Matos, recebem um apoio crescente. As pessoas habituam-se a pensar que atrás de cada árvore tem um árabe de faca na boca. Esta semana ela fala sobre a Escandinávia “esquecendo” que aquele fascista norueguês matou num só dia mais noruegueses do que qualquer árabe na Noruega em mil anos. Tal como os malucos nos EUA com as armas à mão de semear. Mas é a post-verdade em acção, que se funde com a desinformação dos livros de história do salazarismo, até hoje vigentes. Assim a “reconquista” mascara o facto de, em 1147, lisboetas cristãos terem morrido em massa sob as armas dos cruzados. O bispo de Lisboa pagou com a vida a tentativa de intermediação. Era necessária a “reconquista” para arrasar 900 anos de cristianismo na nossa cidade. 900 anos! Preparem-se para novas “reconquistas”.

    • martinhopm says:

      As cruzadas foram uma sucessão de ignomínias, de morticínios, de ‘cristãos’ sobre outros cristãos e não só em Lisboa..

    • martinhopm says:

      Quanto ao ‘Observador’ é melhor desprezá-lo. Não passa de excremento. E não é só a Helena Matos. Foram todos ou quase todos escolhidos a dedo..

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