400 milhões de razões para nos preocuparmos

Com que então, o governo decidiu num sábado, e talvez até lhe tenha ocupado a tarde toda, gastar 400 milhões na indústria dos incêndios. Não faço ideia se chega ou não, apesar da Cristas ter vindo dizer que não chega. Quem foi  Ministra da Agricultura e do Mar poderá ter uma ideia sobre o assunto, se bem que a floresta não é propriamente uma subdivisão da agricultura. Excepto se for para se plantarem eucaliptos nos terrenos agrícolas, área onde Cristas tem cartas para dar.

Adiante. Decidiu-se gastar uma pipa de massa com base em quê? No combate aos incêndios? Na prevenção? Qual é o plano? Muito dificilmente as boas decisões acontecem em momentos de pressão e o Governo encontra-se entre a espada e a parede. Uma pressa destas só nos pode criar preocupações sobre estarmos a fazer as melhores escolhas. Acossado pela oposição, pelo Presidente e refém da sua própria incúria, Costa precisou de mostrar serviço.

E mostrou. Mas começou logo pelo lado errado ao nomear Tiago Oliveira, que trabalhava há vários anos com a Navigator, para unidade de missão dos incêndios. É uma decisão tão má como foi a do anterior governo ao ter nomeado Sérgio Monteiro para secretário de estado dos transportes. As razões são as mesmas. Não se metem raposas a guardar galinheiros.

Comments

  1. exagero says:

    essa referencia ao tiago oliveira é gratuita e a comparação com o sergio monteiro é absurda.

    desconfiar? sim, mas por enquanto nao mais que isso.

  2. Passo todos os dias (a caminho do trabalho) por imensos sítios com eucaliptos quase a entrar pelas casas adentro. E o que eu pergunto às pessoas (e empresas) que ficaram com as casas ardidas, bem como aos presidentes de câmara desses municípios é:
    – O que é que fizeram para que a lei de ter os matos e árvores limpas num círculo de 50 metros fosse comprida? Quiseram limpar e não deixaram ou simplesmente estiveram-se a cagar para o facto de terem mato a entrar casa adentro?

    São aos milhares casos como este que já mostrei:
    http://bucolico-anonimo.blogspot.pt/2017/07/por-que-e-que-as-casas-ardem-em-portugal.html

    Arderam não sei quantas casas nestes últimos grandes incêndios, e vão continuar a arder, se a lei – que já existe DESDE 2006 ! – continuar a não ser cumprido, ou as pessoas continuarem a assobiar para o lado, como se só as casas dos outros ardessem!

    E isto não se resolve com milhões nem com políticos a aplicar medidas avulsas de milhões nos seus gabinetes. Só é preciso que a lei se cumpra. Mais nada!

    • Um problema deste país é achar-se que os problemas se resolvem fazendo leis. E depois fazendo-se outras leis por causa das leis que ninguém segue. E por aí fora.

      • É absurdo! Eu hoje atravessei Gaia por outras ruas que não as habituais, e passei por montes de sítios com enormes eucalitpos encostados às casas! É absurdo! Eu vou fotografar porque é mesmo absurdo!

        Mas o que eu sei, e disso não tenho dúvidas, é que se a maior parte dos terrenos e eucaliptos e pinheiros e matos por cortar, estivessem nas mãos dos pobres, bem podem ter a certeza que eles seriam limpos. Como os terrenos estão nas mãos das pessoas que têm dinheiro, ninguém está para chatear os proprietários, e ainda por cima as multas são mais baratas que o custo de mandar limpar! É ridículo mas é verdade!!

        Ninguém faz absolutamente nada! Presidentes de Junta, de Câmara. Nada! Depois as casas ardem – e a culpa é também dos donos dessas casas – e ai Jesus que a culpa é do Estado, essa figura mitológica que tem as costas muito largas.

        Custa muito pegar numa fita métrica e medir 10 metros junto às estradas, e 50 metros à volta das casas e obrigar a limpar os terrenos?

        Sabem o que é usucapião? Dêem poder às pessoas para ficarem com os terrenos se os limparem e logo se via se eles eram limpos ou não.

        Já temos leis, só precisamos que sejam aplicadas.

      • Rui Naldinho says:

        Ou não limpar o Pinhal de Leiria, uma reserva natural do Estado, durante três ou quatro anos, esperando que a sorte nos proteja, deixá-lo arder, e a seguir decidir privatizá-lo, para evitar despesas.
        Espero que ao menos criem um conjunto de exigências orgânicas e funcionais, a quem ficar com a concessão, obrigando-os a plantar Pinheiro Manso.
        O problema deste país é que as Instituições se atropelam umas ás outras. E depois nada funciona.

  3. Ana A. says:

    Talvez o sr. Tiago Oliveira (se não vier de má-fé), sendo ele doutorado em “Governança de Risco de incêndio” segundo consta, e como também consta que os eucaliptais das celuloses não ardem porque são muito bem geridas, então, dizia eu, talvez seja uma boa aposta. É esperar para ver!

    • Rui Naldinho says:

      Eu aqui tenho alguma discordância relativamente à forma como o Jorge Cordeiro coloca em questão, a presumível independência do Doutor Tiago Oliveira.
      Uma coisa é o Doutor Tiago Oliveira ter trabalhado como funcionário de uma indústria ligada a celuloses, como um simples técnico, e posso dar-lhe um exemplo bem conhecido, o atual presidente da CGD. Outra coisa é o Dr. Tiago Oliveira ter feito parte do Governo, ou ter ocupado por escolha partidária, um daqueles lugares chave das Autoridades da Concorrência, Energia, Comunicação Social, cuja função é mais proteger os lobies do que defender os interesses dis contribuintes.
      Temos de esperar para ver.

      • Ana A. says:

        Concordo!

      • Não faço ideia se Tiago Oliveira é boa ou má escolha. Mas mete-me impressão esta dança de cadeiras entre privado que depois vai para o público que depois vai para o privado e por aí fora. O melhor é que eu esteja errado: fica mais barato para todos. Mas os exemplos passados não são recomendáveis.

  4. JgMenos says:

    « trabalhava há vários anos com a Navigator»
    Dir-se-ia que é um trabalhador, um proletário.
    Engano!
    Todo o trabalhador que não pique ponto e não se mantenha a mais de 50 metros da gerência é um vendido ao capital.
    Mendes dixit.

  5. O homem nunca negou que trabalhava par a navigator. Aliás sempre o disse.
    Ele tem de ganhar a vida com os conhecimentos que tem.
    A navigator com certeza que o contratou para evitar que os eucaliptos de que são proprietários ardam.
    Qual é o problema?
    Temos de exigir aos governos que reduizam e controelm este tipo de negócio da pasta do papel que parece beneficiar poucos em detrimento de todos.
    Parece-me que o governo fez muito bem em contratá-lo porque se ele é bom para a navigator será bom na prevenção e combate aos fogos nas restantes matas e florestas.
    Não conheço a pessoa a não ser através da comunicação social.
    Acho curiosas as notícias/afirmações aqui no blog sobre as ligações do homem aos ditos lobis do eucalipto. O homem é sócio da navigator?
    Como é isso?

    • JgMenos says:

      «negócio da pasta do papel que parece beneficiar poucos em detrimento de todos»
      Parece?
      Sempre aquela nota a certificar que não abandona a manada!

      • joão lopes says:

        parece que sim.na Renova todo o trabalhador ganha o ordenado minimo,e os gestores levam para casa,50.000 euros por mês.

  6. joão lopes says:

    se as populações começam a ganhar consciencia de tudo o que de errado se fez no interior(ouve-se muita gente a falar dos eucaliptos,ou monocultura,por exemplo),será no minimo prepotente que empresas como a Navigator,não se importem de ter má publicidade,porque essa já ninguem lhes tira,incluindo tambem a poluição do Rio Tejo,por varias celuloses como é publicamente conhecido.Portanto é bom que este Tiago Oliveira seja responsavel,e demostre no minimo mais civismo,e menos ganancia pelo negocio(a origem de toda esta desgraça)

  7. Certo, há indústrias poluentes como essa tal navigator.
    Há que mudar o que está mal.
    Agora, porque atacam o recém-nomeado.
    Manada!? Estou longe de muitas opiniões baseadas em credos.

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