Aconteceu em Loures

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via Expresso

Deparo-me com alguma frequência com artigos de opinião, publicados em jornais ditos de referência deste país, que me alertam para o perigo da extrema-esquerda portuguesa, essa herdeira do mais violento estalinismo, que planeia secretamente uma golpada com vista à instauração de um regime totalitário.

Esta corrente de opinião, que se alimenta do clima de medo para o qual contribui activamente, vive da exploração incansável das emoções e dos sentimentos mais básicos e primários do ser humano. Não obstante, em certos e determinados projectos políticos disfarçados de comunicação social, assistimos à desvalorização da violência da extrema-direita nacional, que já chegou inclusivamente a ser romantizada por um desses projectos encapotados.

Imaginemos que o que se passou ontem no Prior Velho tivesse sido protagonizado por movimentos de extrema-esquerda. Um embate entre facções rivais, com uma delas, munida de paus e ferros, a bloquear o acesso à rua onde tudo aconteceu, com vandalismo e violência em doses industriais, do qual resultavam seis feridos, três em estado grave. Conseguem imaginar? Conseguem imaginar o que seria dito pela so called imprensa de esquerda que domina este país?

Mas podemos sempre subir a parada. É que o episódio teve a particularidade de acontecer em Loures, onde nas Autárquicas do ano passado, o PSD apresentou um candidato com ideias, digamos, pouco social-democratas. Imaginem que, ao invés de movimentos de extrema-direita ou esquerda, os protagonistas fossem árabes ou ciganos. Imaginem o que diria a imprensa sovietizada, os fazedores de opinião do costume e o vereador André Ventura, que até ao momento não tomou uma posição pública sobre o caso.

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Imagem via SIC Notícias

E imaginem que, no lugar de Mário Machado, as câmaras da SIC captavam um cigano, um árabe ou um dirigente da esquerda mais extrema a fazer aquele elegante gesto de degolação. Conseguem imaginar a histeria no Observador? Conseguem imaginar a reacção do social-democrata André Ventura?

Comments

  1. Ernesto Martins Vaz Ribeiro says:

    E também espero a reacção daqueles comentadores do Aventar – a que eu chamo “os justiceiros” – que têm uma visão “pura” da política e da liberdade, mostrando-se tão afanosos na crítica leve e arruaceira que expressam quando estas páginas se cruzam com princípios de esquerda…
    Vamos ler o que têm a dizer ou se não passam de … “Observadores” e/ou “Andrés Venturas”.

    • Ernesto Martins Vaz Ribeiro

      Confesso-me admirado com a sua inusitada opinião ! Sobretudo na sua alusão aos “Andrés Venturas” e “Observadores” deste blogue, mesmo que figurem entre “beneméritas” aspas…

      E em aparte, a notícia completa é do insuspeito Expresso, e está aqui :

      http://expresso.sapo.pt/sociedade/2018-03-24-Tres-feridos-graves-em-rixa-entre-grupos-rivais-em-Loures.-Um-deles-e-liderado-por-Mario-Machado-lider-da-extrema-direita#gs.juR=MFg

      • Ernesto Martins Vaz Ribeiro says:

        Será inusitada para o caro José Peralta, mas não para mim que leio o que aqui se escreve.
        As aspas não são nem “beneméritas”, nem beneméritas. Servem apenas para utilizar um modelo comparativo e mais nada.
        Mas não tenho – diga-se ao correr dos dedos – o caro José Peralta nesse grupo 🙂

        • Obrigado, no que a sua opinião a mim se refere. Pelo que aqui costumo ler de si, (e que, desta vez, considerei inusitado…) não me senti atingido !

          Mas eu também leio e verbero, abomino, repudío (e comento !) os andrés venturas e observadores sem “aspas” e em minúsculas, que é como costumo configurar o seu reptilíneo “tamanho e perfil”, e que passeiam a sua verrina pastosa e vingativa, no AVENTAR, o que comprova o espaço de liberdade que é.

          Nada que, no entanto, me leve à utilização de um “modelo comparativo” com a “extrema esquerda” seja lá isso o que fôr, sobretudo quando dita pelas cristas afogueadas, os nunos melos rasteiros, os montenegros e de todas as côres, as hienas de todas as estirpes e os correios da manha e pasquins do mesmo jaez…

          • Ernesto Martins Vaz Ribeiro says:

            Caro José Peralta.

            Pois temos exactamente a mesma opinião embora a expressemos de um modo diferente.
            Tenho por hábito colocar as aspas em tudo o que é modelo para comparar e não ofender o conceito base. Daí o referir ..“os justiceiros” que de justiceiros não têm nada, ou a visão “pura”, que neste caso refere uma pureza ao nível do crude.
            E são exactamente esses que refere, todos esses e ainda uns quantos comentadores que por aqui passam, que existem emboscados a mandar pedradas, pessoal rasteiro embora tenha vontade de escrever “rasteiro”, para não ofender a cobra animal que não tem culpa nenhuma da existência de humanos que ainda são piores que ela.
            Em nenhum dos meus escritos escrevi “extrema esquerda”, mas sim esquerda e sem aspas, o que quer dizer que me refiro à verdadeira esquerda.

            Portanto o dito modelo comparativo, é só e apenas para não ferir o conceito base, tão afastado dele está a realidade a que me refiro.
            Foi um prazer.
            Abraço.

          • A “extrema-esquerda” a que aludi, não se refere ao que o Ernesto Ribeiro escreve, mas a que costuma estar na boca dos rasteiros que eu referi !

            Cumprimentos

            Um abraço

  2. Bento Caeiro says:

    Desmancha prazeres, estes opinadores. É a malta a descomprimir, caramba! Qual o mal de umas cadeiradas, uns cortezitos no coiro e uns arranhões? Entretanto em França, outro maluco – mas com outro deus – fazia das dele; mas este com mais empenho.
    Não sei se as autoridades já sabiam e acompanhavam estes rapazolas, mas, no caso de França, sabiam e nada fizeram. Porquê, perguntarão. Pela simples razão – lá como cá – que enquanto as pessoas, os cidadãos, estiverem ocupados e assustados com a sua segurança, não dão atenção a outras coisas e até aceitam tudo o que o Estado, pelas suas instituições, lhes queira impor – tal como se vê, claramente, pelo teor das opiniões ou da ausência das mesmas sobre os assuntos, por parte dos partidos e seus comentadores.
    A forma, métodos e atitudes como estes grupos se apresentam e actuam são idênticos – até, como se vê, apresentam-se sempre em bando. Métodos idênticos, em todos eles, só factores apenas das circunstâncias e dos momentos: sejam eles radicais, marginais ou auto-marginalizados – com convicção e proveito – como são os Rom (ciganos). Todos eles procuram, pela confrontação, intimidar, amedrontar as pessoas e a população, criando assim as condições ideais para puderem actuar ou, mesmo, arrecadar alguns benefícios – como é, usualmente, o caso dos ciganos. Um cigano está doente, talvez seja preciso esperar no hospital, qual quê? Vai o clã e vamos ver se alguém se atreve a fazê-los esperar; e o polícia que ali está? Foi mijar. Na velha e conhecida escola fascistas, nazi e stalinista; tão ao gosto dos parceiros e amigos do presidente da câmara do local. Loures, como se vê, foi mesmo o local ideal.
    Certamente, tal como nos incêndios – que como o governo muito bem está a demonstrar, o que não é o parecer da comissão independente – os fogos foram mesmo culpa da falta de limpeza dos quintais. E então os imensos eucaliptos, a mata junto às estradas? Qual quê? Já disse o primeiro entre os iguais – enquanto limpavam umas ervinhas, para português ver – a culpa é dos quintais, as celulósicas não são para aqui chamadas; terão de os limpar, porque se mais fogos houver no próximo Verão, já sabem quem irá pagar.
    As celulósicas e a política de abandono da produção e dos campos, essas é que não. E, como vê, amigo Mendes, estes – os do governo da Nação – também se apresentam e deslocam em bando.

  3. ganda nóia says:

    mendes, tenho a mesma postura que tu quanto a estes extremistas de direita.

    no entanto, este caso não se limita a isso, aliás, essa parte é aqui secundária e usada para ter clicks à pála do machado.

    estes grupos funcionam como autênticas máfias. é crime organizado puro. agora, que haja nestes grupos uma elevada percentagem de simpatizantes daquelas ideologias, acredito.

  4. Nem para isto servem… só ficam feridos! Miséria.

    • Paulo Marques says:

      Nem para se matarem uns aos outros, né?

    • ZE LOPES says:

      Realmente terá havido aqui alguma incompetência em termos de letalidade. Lembra-me aquela frase do Ricardo Araújo Pereira para o Unas numa rábula dos “Gato Fedorento”: “você nem para falecer tem jeito!”.

  5. As matas não ardem se não lhe chegarem o fogo-incendiarismo, ou seja, desleixo e maluqueira.
    Sobre a agressividade e violência as razões têm de ser procuradas “noutras paragens”.
    As pessoas agrupam-se nestes esquemas do tipo “ismos” de direita e de esquerda, ou seja, agrupam-se porque já têm inclinações e padrões de exercício da violência.
    Há grupos sociais que dificilmente se aculturam-civilidade- porque nisso não têm motivação-são modos de vida.
    A agressividade e a violência são, fundamentalmente, socialmente construídas.
    Uma justiça sentida como ineficaz potencia também isso.
    A falta de mérito social também.
    Haverá mais razões…

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