Trata-se do gigantesco acordo comercial conhecido sob o lema “carros por comida”, prenhe da lógica comercial insustentável que tem sido seguida a passo estugado pela UE nos últimos anos, em estridente contradição com os anúncios “verdes” da mesma UE.
É o acordo que vai contribuir para
- o agravamento da crise climática,
- a devastação das florestas tropicais e da biodiversidade sul-americana,
- o aumento de atentados aos Direitos Humanos,
- novos ataques à produção agrícola na Europa (sobretudo de pequenos produtores),
- a acentuação de assimetrias e vulnerabilidades
- a redução de padrões de saúde
- o ataque aos direitos dos trabalhadores,
- o aumento do sofrimento animal e, como é hábito,
- é um acordo que resulta de um processo pouco transparente e contribui para esvaziar a democracia por via da harmonização regulatória em comissões técnicas sem escrutínio e com forte influência de lobistas.
A despeito de tudo isto, bem como dos muitos protestos da sociedade civil e de moções contra o acordo UE-Mercosul aprovadas nos parlamentos da Holanda, Áustria e da Valónia, os governos dos países-membros – com a Alemanha e Portugal na linha da frente – estão determinados a levar por diante a conclusão do acordo, de preferência já durante a actual presidência do conselho da UE, que a Alemanha assume até ao final do ano.
Do outro lado do oceano é Bolsonaro quem mais pressiona a implementação do acordo – ora isto devia dar que pensar, não devia??? Isso e as brutais áreas destruídas pelo fogo na floresta amazónica no último ano, que, segundo a agência espacial americana (NASA), foi o pior na Amazônia brasileira desde 2010, sendo “perceptível o aumento de focos de queimadas grandes, intensas e persistentes ao longo das principais rodovias no centro da Amazônia do Brasil”.
Já hoje, cerca de um quinto das exportações de carne e soja do Brasil para a UE está a contribuir directamente para a desflorestação, o que seria fortemente agravado no âmbito do acordo, com o aumento do comércio de mercadorias como a carne e a soja.
Na quinta-feira passada chegou uma notícia, que, a ter concretização, vem abrir uma nesguinha de esperança de que o acordo não seja ratificado na sua actual forma:
Depois de uma reunião de 90 minutos com a chanceler alemã, as activistas do movimento “Fridays for Future” Greta Thunberg, Luisa Neubauer, Anuna de Wever e Adélaïde Charliér adiantaram em conferência de imprensa que discutiram com Merkel sobre políticas nacionais, internacionais e da UE, com particular incidência nos preços de CO₂ e no acordo comercial UE-Mercosul. E “(…) Merkel garantiu-nos que não ratificaria o acordo de comércio livre entre a UE e os quatro países que compõem o Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai) no seu estado actual“.
Na procura de líderes que queiram trabalhar arduamente nos objectivos para o Acordo de Paris que motivou o encontro, Greta atestou que “A Sra. Merkel tem potencial, ela é corajosa“.
Sabendo-se que os interesses da indústria automobilística alemã são um dos principais motores para o acordo, por ver se está se Merkel terá de facto coragem para alavancar alguma alteração…
Alguma alteração, porém, que nunca passará de um paliativozinho, pois seria quimérico esperar que o acordo se tornasse naquilo que deveria ser: uma peça de um novo modelo económico, visando a transição para uma economia neutra em termos climáticos e mais justa. Por exemplo, facilitando o comércio e o investimento em agroecologia, energias renováveis e transportes limpos, respeitando os direitos dos povos indígenas e encorajando a transferência de tecnologia e conhecimentos que permitisse criar novos empregos direccionados para o futuro e preservar os bens naturais.
Sonhos…
P.S. Pode assinar uma petição apelando ao não ao acordo aqui.
O crescimento do PIB é um cão para o ambiente.
Aguarda-se a todo o momento que a esquerdalhada comece a pedir o congelamento dos salários e dos níveis de consumo como um primeiro passo para salvar o o planeta.
O PIB de quem, da Alemanha? O salário dos trabalhadores que mal têm para a renda, invés de iates privados?
Ai essas contas… O Novo Banco já tem a quem pedir servicinho.
Antes disso, JG, há a redistribuição da riqueza: muito chulo e muito mamão tem de tossir o dinheirinho que sacou.
Taxar as fortunas, acabar com os offshores, partir a Banca e as grandes multinacionais, limitar a riqueza. Depois, e só depois, podemos falar dos salários e do que mais quiser.
Tudo isso é péssimo para o ambiente!
Toda a distribuição acaba em mais consumo, mais PIB, mais danos para o planeta.
É preciso levar muito a sério a sobrevivência da vida, esse milagre de que não se conhece qualquer outra versão no Universo.
A esquerdalhada sabe bem que o seu modelo de sociedade é de baixo consumo e nenhuma liberdade, mas faz-de-conta que salva o planeta atacando o capitalismo e clamando pelo aumento do consumo. São uns fiteiros!
Pois não há palavras!
Só um génio como JgMenos seria capaz de produzir uma tão revolucionária teoria económica!
Temos de concentrar ainda mais nos ricos! Nada de redistribuição, é uma asneira! Os pobres ainda iam gastar o dinheiro em comida e sapatos e coisas assim, o que só iria causar ainda maiores danos no planeta!
Isto é óbvio, meus senhores, e quem o pode contestar? O Abílio Gaitas, o Beiços e o Zucanaberga só comem uma lagosta por dia. Agora imaginem o que aconteceria se a sua fortuna fosse redistribuída: era o fim da espécie das lagostas! E depois com quem é que dormia o Menos?
E acrescenta Menos: “É preciso levar muito a sério a sobrevivência da vida, esse milagre de que não se conhece qualquer outra versão no Universo.
Tchchchhhh! Fiquei tão comovido, tão comovido que…não há palavras! JgMenos esgotou o sentido de todoas as outras!
Sim, há algo que esquecemos: o problema da sobrevivência da vida! Nem quero pensar no que aconteceria se a vida não sobrevivesse! Será que JgMenos continuaria a comentar? É duvidoso! E quem, no seu perfeito juízo, quereria viver num mundo onde a vida não sobrevivesse e o JgMenos não comentasse? Só de pensar nisso dá arrepios!
Por fim, fez-se luz no teu dementado espírito!!!
Pois parece que V. Exa,..
Está com um registo de voz muito fininho. Não admira. Isso de tentar resolver as necessidades lúbricas recorrendo a uma lagosta haveria de ter consequências.
Mas deixe lá! No Teatro de S. Carlos estão a admitir gente para reforçar o naipe de sopranos. Sempre pode tentar uma nova carreira.
Tem é de mudar rapidamente de reportório. A “Marcha da Mocidade Portuguesa” e o “Angola é Nossa” não são peças que se apresentem numa audição destas.
Acaba em mais consumo, ou acaba em menos consumo? Decida-se.
Mas quanto a este, é óbvio, até para o Menos, que este não tem todo o mesmo impacto nos recursos.
Pois tá bem! Façamos um apelo:
Malta! Temos de consumir Menos à tripa forra como primeiro passo para o salvarmos! Quem o vir por aí salte-lhe imediatamente para as costas e ordene-lhe que dê duas voltas à Circunvalação.
Estou inteiramente de acordo com as suas preocupações que também são as minhas mas, internamente, também se queimam florestas para satisfazer os mais variados interesses, desde as celuloses até às negociatas com as companhias de aviação de combate aos fogos e, ultimamente, a aquisição de vários drones, com caráter de urgência, para vigiarem as florestas e ajudarem no combate aos fogos. Foram gastos milhões mas os drones nem vê-los. Tudo em nome de interesses que todos conhecemos mas que pouco ou nada fazemos para acabar com tamanho regabofe que se instalou neste Portugal á beira mar plantado, como diz o poeta. A minha preocupação está, neste momento, direcionada mais para o que se passa internamente em matéria de fogos, mais de noventa por cento intencionados sem que se vislumbrem medidas radicais, do que propriamente o que se passa em casa alheia. Se queremos contribuir com alvo positivo, devemos começar por arrumar primeiro a nossa casa porque o palheiro já está a arder desde há muito.
Se ainda há muito a fazer quanto aos incêndios propositado no país, não quer dizer que se gaste pouco com a transição energética comparado com países com maiores contribuições para o problema.
Olá JRS, é que, no mundo globalizado em que vivemos, já não chega “varrer” só o espaço em frente à nossa casa, porque as regras são estabelecidas a outros níveis. E quando nos apercebemos já não temos voz em coisas relevantes fora e dentro da nossa casa. Isso em nada contradiz que seja imprescindível arrumarmos cá dentro e o que mais precisamos é de cidadãos conscientes e activos. Bem haja por estar atento (e idealmente a intervir).
O problema dos fogos tem maioritariamente a vêr com o preço a que o proprietário consegue vender as árvores !!!
Aumentai para o triplo o preço da madeira e deixai o problema dos fogos em paz !
Os proprietários até iriam dormir para o meio da mata,nessa altura mais limpinha que agora a sala de estar das habitações da malta…
Está na cara ou eu enlouqueci ???