Já saudades de Merkel

Friedrich Merz conseguiu à terceira tentativa tornar-se o novo chefe da União Democrata Cristã (CDU). Felizmente este partido alemão está agora na oposição e esperemos que por lá se mantenha a longo prazo. Merkel estava a léguas das minhas convicções políticas, mas sempre admirei a sua modéstia, sentido do dever, sensatez, inteligência e desapego a bens materiais e honrarias.

Já este advogado de negócios e lobista topo de gama de longa data tem assumido posições de liderança num número considerável de empresas, grupos de interesse e redes de negócios. É considerado um especialista financeiro e económico com valiosos contactos na política e nos negócios. Merz foi, por exemplo, vice-presidente da associação de lobbying empresarial da CDU Wirtschaftsrat até ao final de 2021 e membro convidado da presidência da Mittelstands- und Wirtschaftsunion.

Mas a sua função mais aparatosa foi a de Presidente do Conselho Fiscal da Black Rock Alemanha (que exerceu de 2016 a 03/2020), a megagigantesca gestora de fundos que detém mais poder do que muitos governos juntos; o CEO da BlackRock dispõe de mais dinheiro do que o PIB da Alemanha e do Reino Unido somados.  (“Só o tamanho da BlackRock cria um poder nos mercados que nenhum Estado pode controlar” – Michael Theurer, eurodeputado alemão do partido liberal FDP).

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Ui! Com quem a Doroteia se meteu…

Merkel criticou Portugal, por ter facilitado a entrada de ingleses, aquando da final da Ligas dos Campeões Europeus. Servindo de exemplo, segundo a Chanceler alemã, para o desacerto que existe na União Europeia.

Santos Silva e Marta Temido já puseram a Chanceler no seu lugar.

Quem se mete com Portugal, leva. E com o Governo PS, também.

Os supostos valores e os verdadeiros interesses: O acordo UE-Mercosul

Chovem picaretas oriundas de múltiplas direcções contra o absurdo acordo de livre comércio UE-Mercosul ((Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai), que foi já assinado em 28 de Junho de 2019, mas que, para entrar em vigor, depende da ratificação de todos os países envolvidos.

Um dos posicionamentos mais actuais contra o acordo provém de 22 cientistas de diversas instituições europeias e americanas que apresentaram um estudo demonstrando que o acordo é incompatível com as diretrizes ambientais da União Europeia (UE), nomeadamente com o Acordo Verde Europeu:

Segundo os pesquisadores, os problemas centrais são que o acordo (…) não prevê sanções em caso de descumprimento de metas ambientais, não exige transparência, não traz mecanismos de rastreabilidade dos produtos e não é inclusivo – ou seja, ouviu apenas os participantes da cadeia produtiva exportadora, mas não os povos que serão diretamente impactados por ela.”

“O plano europeu objetiva preservar a biodiversidade, o meio ambiente, ser socialmente justo e inclusivo. Assim, as cadeias produtivas de alimento que abastecem a Europa precisam atender a esses critérios”. “Mas o acordo comercial pretende aumentar importações [por parte da Europa] de commodities que trazem riscos de desmatamento e de violações de direitos humanos, sem observar esses critérios de sustentabilidade, como participação [dos povos locais], consulta e inclusividade, transparência, rastreabilidade.”

Na sexta-feira passada foi a vez da comissão francesa para a avaliação do acordo UE-Mercosul, criada por Emmanuel Macron, divulgar o seu relatório. E diz: o acordo é uma “oportunidade perdida” em questões ambientais e sanitárias que irá acelerar a desflorestação nos países do Mercosul, enquanto que não inclui “quaisquer medidas eficazes para a implementação dos compromissos climáticos”.

São tantas e tão diversificadas as frentes que denunciam este anacrónico acordo – tanto do lado de cá, como do outro lado do Atlântico -, que pode ser que seja desta que o resultado venha a ser propício aos povos e ao Planeta e não ao agronegócio e à indústria química e automobilística. Macron e até Merkel já declararam que tal como está não passará e a Áustria e o Luxemburgo também acenderam o sinal vermelho. Mas nada disto é de fiar, mais jeitinho menos jeitinho.

A ver, a ver, se a fossanguice gananciosa do negócio e o seu lobby vão fazer a comissão tirar da cartola o truque da “separação” da parte comercial do acordo (retirando-a do acordo geral de cooperação mais amplo) para que possa ser ratificado por maioria qualificada no Conselho e sem passagem pelos parlamentos nacionais ou/e aquele inútil “instrumento interpretativo” que sacaram para  o CETA. Tanto quanto se tem manifestado, o governo português, com especial ênfase durante a próxima presidência, tudo fará para que este acordo avance – com ou sem as chamas no Amazonas a agilizarem as alterações climáticas, com ou sem extermínio dos povos indígenas.

Merkel terá mesmo potencial?

Trata-se do gigantesco acordo comercial conhecido sob o lema “carros por comida”, prenhe da lógica comercial insustentável que tem sido seguida a passo estugado pela UE nos últimos anos, em estridente contradição com os anúncios “verdes” da mesma UE.

É o acordo que vai contribuir para

  • o agravamento da crise climática,
  • a devastação das florestas tropicais e da biodiversidade sul-americana,
  • o aumento de atentados aos Direitos Humanos,
  • novos ataques à produção agrícola na Europa (sobretudo de pequenos produtores),
  • a acentuação de assimetrias e vulnerabilidades
  • a redução de padrões de saúde
  • o ataque aos direitos dos trabalhadores,
  • o aumento do sofrimento animal e, como é hábito,
  • é um acordo que resulta de um processo pouco transparente e contribui para esvaziar a democracia por via da harmonização regulatória em comissões técnicas sem escrutínio e com forte influência de lobistas.

A despeito de tudo isto, bem como dos muitos protestos da sociedade civil e de moções contra o acordo UE-Mercosul aprovadas nos parlamentos da Holanda, Áustria e da Valónia, os governos dos países-membros – com a Alemanha e Portugal na linha da frente – estão determinados a levar por diante a conclusão do acordo, de preferência já durante a actual presidência do conselho da UE, que a Alemanha assume até ao final do ano. [Read more…]

Mercosul, o meganegócio

Imagem: Fundação Heinrich Böll

É banal e fatal: quando chega à parte do negócio, não há valores elevados que resistam.

Bolsonaro atenta declarada e sabidamente contra os direitos humanos e o ambiente? Mas que importam essas minudências, se em cima da mesa das negociações está o Mercosul (acordo de livre comércio da UE com a Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai) com oportunidades bem rechonchudas, entre outros, para a indústria automóvel, a manufatura e a indústria química? Nadinha, principalmente para António Costa, Angela Merkel, Pedro Sánchez, o holandês Mark Rutte, o sueco Stefan Löfven, o tcheco Andrej Babis e o letão Krisjanis Karins, que lançaram um veemente apelo à Comissão Europeia para a conclusão do Mercosul, a que chamam um “histórico” acordo comercial.

Por parte da sociedade civil, mais de 340 organizações exigiram em carta aberta que a União Europeia suspenda imediatamente as negociações do Mercosul, devido à deterioração dos direitos humanos e das condições ambientais no Brasil. A carta foi dirigida ao presidente da comissão europeia por ocasião da reunião do Conselho Europeu, que decorreu entre quinta-feira e ontem, em Bruxelas. [Read more…]

Depois admirem-se!

Foto: pictura alliance/dpa; Merkel, Seehofer e Nahles

O país está parvo. “Inacreditável”, “incompreensível”, “inaceitável”, “fantochada”, “uma farsa”, é o que se ouve sem cessar da maioria dos cidadãos e de grande parte dos seus representantes políticos.

Resumidamente, a inconcebível história (ainda por finalizar) é a seguinte:

26 de Agosto: Em Chemnitz, na Saxónia, (leste da Alemanha) um cidadão alemão de 35 anos é esfaqueado até à morte numa briga ocorrida durante um festival de rua. Os suspeitos, dois refugiados (um sírio e um iraquiano) são detidos.

Foi isto pretexto para a extrema-direita, que nesta região da ex-RDA tem a sua principal sede, desatar a atacar em manifestações violentas pessoas com aparência estrangeira. O número de manifestantes de extrema-direita e a rapidez com que se reuniram contrastou com a suspeita incapacidade da polícia (já pelo insuficiente número) de reagir à altura. [Read more…]

Habemus GroKo

(Foto: Michael Kappeler/dpa)

Depois de mais de cinco meses sem governo – durante os quais se assistiu ao fracasso das negociações para uma coligação Jamaica (CDU/CSU, FDP e VERDES) e às angustiadas negociações para um acordo de coligação entre os sociais-democratas do SPD e os conservadores do CDU/CSU, que incluíram a queda aparatosa de Martin Schulz, o ex-líder do SPD – foi hoje dada luz verde por dois terços da base do partido social-democrata alemão para a formação do terceiro governo da grande coligação (GroKo). No próximo dia 14 de Março, SPD e CDU/CSU vão eleger Angela Merkel, que assumirá assim o seu quarto mandato como chanceler.

Estão pois escancaradas as portas para dar continuidade à política do apocalipse, a saber:

  • Agravamento da clivagem social interna: num dos países mais ricos do mundo, há cada vez mais pessoas a viver na pobreza, com empregos precários e reformas que não chegam para a sobrevivência. A recente controvérsia sobre a decisão de uma associação que distribui alimentos não aceitar mais estrangeiros nas suas listas é óptima para engendrar polémicas xenofóbicas, mas o que realmente e acima de tudo evidencia é o escândalo de, num país tão rico, ser necessário que os pobres concorram por migalhas. São 934 os bancos alimentares existentes em todo o país e atendem regularmente 1,5 milhões de pessoas. Enquanto isso, os lucros das grandes empresas e o “crescimento” sobem vigorosamente – em 2017, a maior economia europeia cresceu ca. de 2,4%. No próprio dia em que o Telejornal (Tagesschau) transmitiu a notícia anterior, anunciou também que devido à favorável conjuntura e elevada taxa de emprego e das receitas fiscais daí resultantes, a Alemanha obteve em 2017 um excedente orçamental recorde de 36,6 mil milhões de euros.
  • Política danosa para o clima: Seja ao nível da amizade para com a indústria automobilística, a agro-indústria ou as centrais a carvão, as políticas que secundarizam o ambiente e o clima vão continuar. É já previsível que a Alemanha não conseguirá cumprir a meta que definiu para a redução das suas emissões de CO2: em vez de 40% serão, nas hipóteses mais optimistas, 32% até 2020. Da poluição do ar e dos solos – em muitas regiões da Alemanha acima dos valores legais definidos pela UE – decorrem danos para a saúde humana e o ambiente. A recente decisão do tribunal administrativo alemão de permitir que cidades, comunidades ou estados proibam em certas áreas a entrada de veículos a diesel apenas demonstra a incomportável situação produzida pelas políticas que têm sido seguidas.
  • Aposta cega na exportação e numa globalização do mais forte: A Alemanha é o 3° maior exportador do mundo e, em 2017, voltou a ser campeã mundial quanto ao excedente comercial. Produtos gerados por mão-de-obra precária e métodos agrícolas destruidores do meio ambiente inundam os mercados e estimulam uma concorrência desleal com países menos poderosos, esmagando a produção local e os meios de sobrevivência noutros países. Ocultando e ignorando as externalidades desse transporte insano de produtos em redor do mundo, aceleram a destruição do planeta, numa desvairada atracção pelo abismo.
  • Entrega da soberania dos países às mãos das multinacionais: a fabricação de um novelo cada vez mais cerrado de acordos comerciais e de investimento é objectivo expresso desta maioria governamental que continua no poder. Com uma dolorosa falta de visão, continua a espetar as esporas – acompanhada pelos outros países membros da UE – para acelerar a destruição da democracia e da soberania dos povos, ao mesmo tempo que promove o individualismo que se revê por completo num consumismo cada vez mais irracional.

Habemus GroKo, mais do mesmo, avante para continuarmos a dar cabo disto tudo.

Uma erva daninha com forma humana

Manifestante contra o glifosato. Foto: Reuters

Ora pronto, acabou a dança, via livre para dar continuidade à destruição da biodiversidade vegetal e animal, à contaminação dos lençóis freáticos, à redução da fertilidade natural do solo, à agricultura intensiva e ao ataque à saúde pública: O Comité de Recurso da União Europeia (UE) deu ontem “opinião positiva” à proposta de renovação por cinco anos do uso do glifosato, com uma maioria qualificada de 18 Estados-membros a favor e a abstenção de Portugal.

Era de esperar? Sim, era de esperar que os lobbiistas pudessem ontem fazer estalar a rolha das garrafas de espumante brindadas pelos chefes. Mas ainda assim… como ocorreu esse prodígio, se ainda há cerca de duas semanas não tinha sido possível conseguir uma maioria favorável para aprovação do prolongamento da licença???   [Read more…]

Adivinhação

“Os resultados representam um raro revés para Merkel, que procura um quarto mandato no próximo ano.” diz o artigo do Público sobre as eleições de domingo no estado de Mecklenburg-Vorpommern. Fantástico!!! O Público sabe mais sobre Merkel do que ela própria e do que a nação inteira, pois a Chanceler anunciou expressamente que ainda não se pronuncia sobre se vai, ou não, voltar a candidatar-se ao posto e que o comunicará “no momento apropriado”. Isso dependerá provavelmente de vir a obter, ou não, o apoio do CSU – o partido “irmão” do CDU de Merkel, na Baviera – para a sua candidatura. O que é duvidoso, sabendo que Horst Seehofer, presidente do CSU, é um crítico acérrimo da política de refugiados de Merkel, tendo já ameaçado que o seu partido apresentaria um candidato próprio – quem sabe até se estaria a pensar em si mesmo… E, presumivelmente, a forte queda da sua popularidade (42% numa sondagem recente) também terá alguma influência na decisão de Merkel… Por outro lado, é conhecida a sua citação “Não quero ser apenas um destroço meio-morto quando abandonar a política”… Enfim, pontos de interrogação atrás de pontos de interrogação… Pode ser que sim, pode ser que não.

Ai o rigor jornalístico…

 

Tourada turco-alemã

erdogan merkel

Cem Özdemir, presidente do partido alemão “Os Verdes”, foi, em 1994, o primeiro deputado de origem turca com assento no parlamento federal. Uma das suas bandeiras, o reconhecimento como genocídio dos massacres aos arménios, cometidos há mais de um século pelo Império Otomano, tornou-o um alvo do presidente Erdogan. Já no seu discurso em Maio de 2014, em Colónia, Erdogan se lhe referiu como “suposto turco” e declarou que não queria voltar a vê-lo no seu país. E desde que, no passado dia 2 de Junho, o parlamento alemão aprovou por grande maioria uma resolução que reconhece o genocídio ao povo arménio, Özdemir – bem como outros 10 deputados de origem turca – passou a receber ameaças, até de morte, tendo sido colocado sob protecção policial e fortemente desaconselhado de se deslocar à Turquia. Esta resolução tornou-se um espinho cravado na garganta de Erdoğan, que logo desancou verbalmente estes deputados como porta-vozes do PKK (o proibido Partido dos Trabalhadores do Curdistão) que, tal como os terroristas, teriam sangue degenerado, ou falta de carácter – duas opções para traduzir as palavras utilizadas por Erdogan. [Read more…]

Desespero

Calais2

A Selva de Calais é o acampamento ilegal onde mais de 7 mil refugiados sobrevivem no meio de um lamaçal, agarrados a uma única ideia fixa: passar o canal da Mancha escondidos num dos inúmeros camiões que atravessam o Eurotúnel para chegarem a Inglaterra. Dia a dia, aumenta a tensão e a raiva, aumenta a violência dos polícias, dos refugiados, dos camionistas. É uma das feridas vergonhosas incrustada nesta Europa desunida e incapaz de encontrar soluções responsáveis e humanitárias, fingindo que pode continuar no business as usual. Merkel acaba de receber novamente um não categórico dos quatro chefes de estado do grupo de Visegrado em relação a uma política de refugiados com quotas obrigatórias para o acolhimento dos mesmos. Em vez disso, a Hungria e a República Checa consideram a segurança como tema prioritário e defendem a criação de um exército europeu.

Imagem: arte

Bilhete do Canada – Depois queixem-se

Desde que estourou a bomba do Brexit tem havido duas preocupações por parte da nomenklatura de Bruxelas: enquanto Merkel afirma que não há pressa nas negociações de saída da Inglaterra, que não é preciso ser desagradável nesta rampa final, outros sublinham que até o processo estar terminado não cessam os deveres e os direitos de quem decidiu sair.

Cameron, que pôs o pé na argola e trata agora de limpar-se o melhor possível, respondeu à letra, em sede própria, no parlamento,  com aplauso geral: quem trata do timing somos nós, porque cá em casa mandamos nós.  E com isto deu a entender que percebeu a jogada da chanceler: fazer de conta, levar tudo em pianinho para que fique tudo na mesma.

Juncker é que, na primeira sessão depois do desastre, perdeu as estribeiras: invectivou a delegação britânica, foi desabrido. Farange não se ficou, passou rodas de inúteis a todos, acusando-os de nunca terem feito nada na vida, de não terem proporcionado um único posto de trabalho.

Se puxam mais por ele e acompanhantes, arriscam-se a que o Farange, que como os malucos diz tudo, conte ali pelo claro o caldinho da estrondosa fuga ao fisco que Juncker ajudou a medrar no Luxemburgo quando foi governante.  E mais coisas.  Mesmo muito mais coisas.

Ponham-se a puxar por eles e depois digam que têm pouca sorte na vida. Vai linda a peixeirada, vai.

De como uma sátira política conduz à revisão do código penal por via de um contencioso diplomático

erdogan spiegelFoto: Capa “Der Spiegel”

Isto foi um verdadeiro policial e uma galhofa que entreteve o pessoal durante toda a semana. É que no meio de assuntos tão confrangedores como a questão dos refugiados, crises financeiras, paraísos fiscais e que tais, de repente temos um caso satírico no centro das atenções, um caso simplesmente ridículo elevado à categoria de caso diplomático, com potencial para

  1. provocar um agravamento da relação com a Turquia com a inerente problemática relativa aos refugiados
  2. provocar uma desavença entre os partidos da coligação no governo
  3. provocar uma actualização do código penal alemão.

Aqui vai a história completa: Primeiro foi uma música com letra dedicada às brutais tropelias de Erdogan, apresentada num programa de sátira política alemão, que motivou Erdogan a convocar o embaixador alemão em Ancara para exigir a extinção do vídeo. Uma semana mais tarde, o governo federal alemão rejeitou o protesto, declarando que a liberdade de imprensa e opinião “não é negociável”.  Parecia assim estar encerrada a contenda. [Read more…]

Carro-chefe à deriva

merkelFoi consensual que, no período em que a crise das dívidas soberanas estava no centro das atenções da UE e do público, foi Merkel, através do seu Ministro das Finanças, Schäuble, quem impôs o rumo da austeridade; a Alemanha, com a força do seu peso económico, obrigou os países cuja dívida era insustentável às eufemísticas “reformas” – algumas até necessárias (p. ex. medidas contra a fuga ao fisco), mas outras absolutamente inaceitáveis (p. ex. privatizações, cortes na saúde pública, etc.). Bem clara foi a tomada de partido em favor do capital e contra os cidadãos, aquando dos resgates bancários. O que se mostra agora também claramente, é que a posição da Alemanha só prevaleceu porque era isso mesmo que os outros membros do clube queriam, os governos europeus de maioria conservadora, que mais não fizeram do que aproveitar para se encarrilarem atrás da locomotiva que não temia assumir o papel de mazona. A Grécia, que ousou entrar no ringue para mudar esse estado de coisas, viu-se pura e simplesmente isolada e foi reduzida à sua insignificância. [Read more…]

Determinação para o mal e para o bem e um país dividido

Angela Merkel é um fenómeno. Surpreendeu-nos com o abandono da energia nuclear na sequência de Fukushima. Indignou-nos – e indigna-nos!!! – pela sua posição quanto à dívida pública. E agora é essa mesma figura que se revela uma humanista intransigente, tudo arriscando e tudo fazendo em nome e em prol da defesa da universalidade da dignidade humana. Na sua política para os refugiados, Merkel não se cansa de repetir que estamos perante um desafio histórico, uma tarefa imensa, mas obrigatória. Tanto a nível europeu como a nível nacional, vem travando uma luta incansável e firme. Não é possível solucionar de imediato problemas que foram sendo criados ao longo de décadas e cujas causas são múltiplas e profundas (até Blair acabou de “apresentar as suas desculpas” admitindo que “os erros” na invasão do Iraque podem ter contribuído para o surgimento do grupo terrorista Estado Islâmico). De momento, resta gerir o imenso desafio de prestar assistência a milhões de refugiados.

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Fogo amigo

“Portugal e Irlanda apoiaram muito a Alemanha nas negociações com a Grécia”, declarou Merkel. Há elogios que são verdadeiras bofetadas.

Ja, Führerin!

Merkel diz que países do euro devem estar preparados para ceder soberania. Peça-se comentário aos gestores do protectorado.

Passos telefona a Obama: no worries, safes are full

Obama telefona a Merkel. É preciso evitar que a Grécia saia da zona euro

O desenho

merkel governo

Fotografia reciclada.

Entretanto, no dia dos namorados…

be my valentine

– O meu mandato acaba daqui a uns meses.
– A sérrrio? Mas não têm a eleição prrresidencial primeirro?
– Nein, Liebling,  isso é um truque que temos para não se falar das legislativas.
– Ach so! Depois vemos se ficas com o Gasparr ou com o Constâncio.
– Ah!, como me inspiras. Tenho uma coisa para ti…
– Ja! Ja!, Sê um lindo Männchen e vai picarr os miolos do Tsiprrras com isso.

“Regras são regras”, diz Merkel…

… mesmo quando são arbitrárias. «O senhor Abeille inventou este número [défice de 3%] “em menos de uma hora, nas costas de um envelope”».

Aperta-se o cerco à austeridade

Renzi rejeita lições orçamentais de Angela Merkel. O demónio Varoufakis não dá sossego à IURD liberal.

Carta Aberta de Alexis Tsipras aos Leitores do Handelsblatt

Alexis_Tsipras © Libération

Mais uma vez, o Aventar na vanguarda do verdadeiro jornalismo, está a apresentar uma tradução colaborativa de um documento essencial para a análise política internacional.

A maior parte de vós, caros leitores do Handelsblatt, terá já uma ideia preconcebida acerca do tema deste artigo, mesmo antes da leitura. Rogo que não cedais a preconceitos. O preconceito nunca foi bom conselheiro, principalmente durante períodos em que uma crise económica reforça estereótipos e gera fanatismo, nacionalismos e até violência. [Read more…]

Merkel também visita Sócrates

German Chancellor Angela Merkel in Florence

Angela Merkel in visita a Palazzo Vecchio a Firenze – Credits: EPA/TIBERIO BARCHIELLI/PALAZZO CHIGI PRESS OFFICE/HANDOUT

A mais

Scheissefüher Merkel determinou que Portugal e Espanha têm licenciados a mais. Sabendo que a percentagem de licenciados em relação à população é, nestes países, ainda muito inferior à da Alemanha e à da maioria dos outros países europeus, pergunto-me o que significa, de facto, esta declaração da megera. É que quando os fürher teutónicos decidem que há excesso de um determinado segmento social, as coisas costumam acabar mal. Até porque Herr Coelho costuma servir obedientemente a sua suserana.

Última hora

Passos Coelho acaba de afirmar que a chanceler alemã autorizou a reposição do subsídio de férias, medida a entrar em vigor antes de 25 de Maio.

Vai esquiar, Passos Coelho

Acidente de ski faz parar Merkel três semanas.

O novelo

2013-03-30-17h06m45Como seria a vida se fosse um fio estendido, simples, esticável, uma sequência linear que não se enrodilhasse pelos dias? uma profunda chatice, suponho, um sossego, imagino; tranquila, acredito.

No bairro por onde deambulo não é assim. As ruas não foram desenhadas rectilíneas, traçaram-se a si mesmas por sua alta recreação tortas e escorregadias, e os seus habitantes acrescentam artes de complicar a  vida que nelas decorre..

As crianças podiam brincar às coisas simples a que os pais não brincaram, mas preferem sempre um risco detonador de aflição casas fora.

Os homens amam mulheres que amam outros homens, ou não amando são levadas a imitá-lo. As mulheres, por sua vez, amam os homens errados porque não estão certas de os amarem. Vice-versa, troquem homens por mulheres e mulheres onde está homens, é a mesma desafinação e corrupio.

As lojas continuam de portas todas abertas em plena caloraça ou invernaça, esbanjando pelo ar condicionado, que assim não condiciona.

Veio-me isto a propósito de nada e coisa nenhuma.  A vitória de Merkel, o mau dia para os meus clubes, o peditório de Portugal aos mercados à espera do resgate seguinte, são outro novelinho. Mas há dias em que nos sentimos enrolados. Para a semana o Domingo será melhor.

Alto e pára o baile

Vou citar para vós o que, em letras gordas, vinha nos jornais portugueses, e não só, nos últimos dias:

“MERKEL QUER MAIS AUSTERIDADE NOS PAÍSES EM DIFICULDADE”;

“CRISE RENDEU À ALEMANHA MAIS DE 50 BILIÕES DE EUROS”;

“PRESIDENTE DA FEDERAÇÃO DA INDÚSTRIA ALEMÃ, ULRICH GRILLO, PROPÕE COMO ALTERNATIVA NA RESOLUÇÃO DA CRISE GREGA QUE ATENAS TRANSFIRA PARTE DO PATRIMÓNIO NACIONAL PARA O FUNDO DE RESGATE EUROPEU, QUE PODERÁ VENDÊ-LO PARA SE FINANCIAR”.

Esta é uma verdadeira declaração de guerra destruidora, sem tiros nem bombardeamentos, contra a Grécia, Chipre, Malta, Irlanda, Itália, Espanha e Portugal. Que ninguém caia na tola ilusão de pensar que esta ameaça é contra os outros, não contra Portugal. É contra todos estes e, lá mais para diante, atingirá a França e outros mais. Render os países em dificuldade pela fome, criar-lhes uma situação económica e financeira tal que, caídos na miséria, não terão meios de amortizar a dívida e pedirão mais empréstimos aos agiotas. A pouco e pouco, apanhar-lhes tudo o que tiverem de mais valioso no seu património a pretexto de amortizar a dívida. Quem sabe até se as ilhas que pertencem a alguns países em perda de soberania. [Read more…]

Uma alemã, outra portuguesa e ambas nos endrominam

Merkel

Merkel

M.L.Albuquerque

M.L.Albuquerque

Eis as duas louras governantes, com as semelhanças do corte de cabelo e de outras coisas que as fotografias não mostram  – essa das  louras “estúpidas” foi o que contou pra você.

O meu amigo João, quanto à Maria Luís de Albuquerque, já se pronunciou aqui sobre a mentirosa criatura que, a despeito de provas evidentes e operações de swaps complexos que ela própria fechou na Refer, insiste em faltar à verdade.

O curioso é a personalidade da ‘czarina’ germânica, Merkel, corresponder também a pessoa dissimulada, estranha e muito ambiciosa em alcançar o comando da Europa. Tudo isto e muito mais pode ficar a saber-se através desta entrevista ao ‘Negócios’ de Gertrud Höhler, ex-conselheira de Helmut Khol, que acaba de publicar um livro a desancar na Merkel até ao tutano.

Da entrevista, nada me surpreende do que Gertrud Höhler revela; do livro, garanto que vou lê-lo muito atentamente. Eis o que saiu do prelo, que agora é computadorizado:

livro de Gertrud Höhler

Como dizem aqui no Alentejo, uma alemã, outra é portuguesa e as duas andam a ‘endrominar agente’, filhas d’um….