Merkel terá mesmo potencial?

Trata-se do gigantesco acordo comercial conhecido sob o lema “carros por comida”, prenhe da lógica comercial insustentável que tem sido seguida a passo estugado pela UE nos últimos anos, em estridente contradição com os anúncios “verdes” da mesma UE.

É o acordo que vai contribuir para

  • o agravamento da crise climática,
  • a devastação das florestas tropicais e da biodiversidade sul-americana,
  • o aumento de atentados aos Direitos Humanos,
  • novos ataques à produção agrícola na Europa (sobretudo de pequenos produtores),
  • a acentuação de assimetrias e vulnerabilidades
  • a redução de padrões de saúde
  • o ataque aos direitos dos trabalhadores,
  • o aumento do sofrimento animal e, como é hábito,
  • é um acordo que resulta de um processo pouco transparente e contribui para esvaziar a democracia por via da harmonização regulatória em comissões técnicas sem escrutínio e com forte influência de lobistas.

A despeito de tudo isto, bem como dos muitos protestos da sociedade civil e de moções contra o acordo UE-Mercosul aprovadas nos parlamentos da Holanda, Áustria e da Valónia, os governos dos países-membros – com a Alemanha e Portugal na linha da frente – estão determinados a levar por diante a conclusão do acordo, de preferência já durante a actual presidência do conselho da UE, que a Alemanha assume até ao final do ano. [Read more…]

Estado minimizado

O que é que apregoam mesmo os mantras do liberalismo? Menos estado, melhor estado, não é? E onde é que acaba o menos? E onde está esse melhor?

Enquanto os fogos na Califórnia crescem, os ricos contratam bombeiros privados
Um número pequeno, mas crescente, de pessoas ricas está a contratar as suas próprias equipas.

Menos é mais, mas apenas para uma minoria.

Já agora, sobre o quão melhor é ter os serviços básicos do estado a serem prestados por privados, atente-se na seguinte passagem do mesmo artigo: “Nos últimos anos, alguns proprietários de imóveis em regiões propensas a incêndios começaram a ser abandonados pelas suas seguradoras”.

Junte-se este cenário ao que poderá ser o futuro próximo, no qual, segundo um relatório encomendado pelo Pentágono, os americanos poderão enfrentar tempos terrivelmente sombrios devido às mudanças climáticas, envolvendo apagões, doenças, sede, fome e guerra. Neste estudo, produzido por oficiais seniores de diversas agências, incluindo Exército, CIA e NASA, afirma-se, inclusivamente, que o próprio exército poderá entrar em colapso.

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Como fazer um deserto em três tempos.

portugal_sem_fogos

[Paulo Arantes Barbosa]

Esta filha-da-putice vai dar estrilho.
A GNR anda a medir as copas das árvores dos carvalhos e sobreiros.
Se a distância for inferior a 4 metros, entre copas, multa certa.
Agora vejamos, as copas das quercineas em geral são redondas, e podem ter uma envergadura (largura)na idade adulta de una bons 12 metros. Mesmos se afastadas as árvores uns bons 10 metros na base, tipo deserto alentejano, é impossível ter uma distância entre copas de 4 metros (6 metros para cada lado de copa normal).
Agora vejam bem o que as pessoas vão fazer para não apanhar multas.
Corte radical de Carvalhos e Sobreiros (estes de forma igualmente ilegal).

A estupidez humana é uma grandessíssima puta.

Monção de sem surra

Falta-me pachorra para dissertar sobre moção de censura do CDS. Por isso, telegraficamente, limito-me a três notas:

1. Obviamente que há motivo para uma moção de censura. Se a incapacidade de resposta nesta situação não serve, não vejo que outros motivos se possam  evocar no futuro.

2. É de uma escandalosa hipocrisia ser o CDS a lançá-la, ou não tivesse sido a respectiva líder diretamente responsável pela pasta que, durante cinco anos, nada fez para resolver um problema de longa data. Perdão, fez. Piorou o panorama com a sua lei do eucalipto. Estivesse a direita no governo e já o PCP ou o Bloco teriam tomado a dianteira neste campo. Ou até talvez mesmo o PS o tivesse feito.

3. Se para o CDS a moção de censura era premente, porque é que não a fez logo depois de Pedrogão Grande? Há um número de mortos a partir do qual tal iniciativa se justifica? Deve haver, porque, segundo Cristas, nenhuma calamidade aconteceu durante os seus mandatos, como se não tivessem morrido, por exemplo, 9 pessoas em 2013 e 6 em 2012. Sim, há uma questão de escala. Mas, como muito bem lembraram diversas vozes  a propósito de Pedrogão Grande quando dissertavam sobre se havia 64 ou 65 mortos, algumas delas ligadas ao CDS inclusivamente,  “um morto é uma tragédia“.  Excepto quanto se está no governo, assim se pode depreender.

[Gráfico baseado no extracto do Relatório da Comissão Independente, disponibilizado no DN]

Em Entre-os-Rios a culpa morreu mesmo solteira

Fotografia RTP

Aquando da tragédia de Entre-os-Rios, Jorge Coelho, ministro do Equipamento Social demitiu-se nessa mesma madrugada, justificando a decisão: “a culpa não pode morrer solteira”. Pois bem, a culpa morreu mesmo solteira. Apesar de a comissão parlamentar de inquérito concluir que as atividades de extração de inertes foram a principal causa da queda da ponte, nem os areeiros, nem os seis técnicos que foram acusados de negligência e de violação de regras técnicas foram condenados. Foram todos absolvidos.

De que valeu aquela demissão espetáculo de “a culpa não pode morrer solteira”? Não valeu absolutamente nada. A carreira política de Jorge Coelho não saiu beliscada e Jorge Coelho não fez o trabalho que lhe competia fazer depois da tragédia, que era bater-se para que as famílias das vítimas fossem devidamente recompensadas e a culpa do acidente fosse exatamente determinada. Pensei assim na altura e penso exatamente a mesma coisa no caso da tragédia dos fogos que acabámos de viver. Considero que os ministros deveriam ficar em funções e levar o seu trabalho até conhecermos as conclusão dos relatórios das tragédias. Se há culpas, então demitem-se e são julgados se for caso disso. Em particular, no caso dos fogos e no caso de Entre-os-Rios, há imensas culpas que residem no passado. O que é irónico é que alguns desses com poucas e muitas culpas no cartório andam por aí desgarradamente a pedir demissões (sim, sim, estou também a pensar em Cristas).

Este frenesim de exigir demissões a todo o transe, remete-nos para os tempos em que se sacrificavam cordeiros, virgens ou patifes para expiar a culpa e acalmar os deuses. No século XXI temos obrigação de fazer melhor.

Será que António Costa aceitará a prenda?

Marcelo Rebelo de Sousa disse o que tinha e havia para dizer sobre o descalabro deste governo face ao tratamento, ou melhor, ao abandono, que o Estado dispensou aos cidadãos que tiveram de enfrentar, sós, o avanço dos fogos.
Falou bem, mas ter-se-á apercebido de que, ao anunciar um novo paradigma que deverá sair da Assembleia da República, ofereceu a Costa o melhor motivo para se demitir e provocar eleições, aproveitando o estado calamitoso em que Passos deixa o PSD?
Não sei se António Costa optará por aceitar esta prenda desde já, mas que não lhe bastará uma vitória contra uma moção de censura do CDS, isso parece claro, uma vez que o Presidente da República mostrou bem que só lhe dará mais uma oportunidade. Este governo precisa de reforçar a legitimidade parlamentar de forma a responder a Marcelo Rebelo de Sousa, seja através de um pedido de voto de confiança, seja através de eleições legislativas antecipadas.

Portugal's PM Costa reacts during a biweekly debate at the parliament in Lisbon
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Os portugueses e o fogo

Excerto de um livro do holandês Gerrit Komrij (que viveu em Portugal). Em 1996, escreveu: “A cada Verão que passa, os políticos prometem fazer finalmente alguma coisa e, cada Verão, a coisa arde com violência acrescida.” 1996!

“Os políticos não se educam, pressionam-se”

Fotografia LUSA/Paulo Novais

Uma expressão como “época de incêndios” poderia ser cómica, não fosse enorme a tragédia. Faz tanto sentido como “época de inundações”, como se houvesse uma obrigatoriedade de haver fogo e água por toda a terra, dentro dos períodos respectivos, como se tudo, no fundo, fizesse parte de um planeamento. São expressões que transformam probabilidades em inevitabilidades e que são o retrato de um país ou de um mundo por civilizar.

O professor Jorge Paiva, um especialista em floresta, ao contrário de gente mais mediática e sem vergonha, anda, há anos, a chamar a atenção para vários problemas que poderão estar na origem dos fogos, nomeadamente a falta de guardas florestais. [Read more…]

“As comunidades têm de se mostrar mais resilientes”

Não sei se está a decorrer algum concurso que tenha por objectivo premiar a frase mais idiota do Ministério da Administração Interna. Se sim, o campeonato está renhido. Depois do secretário de Estado, e colocando a hipótese de o contexto poder dar outro sentido à declaração, esta frase da ministra reúne condições para alcançar uma belíssima classificação.

Passos Coelho e Luís Montenegro sentem o (des)prestígio, alcançado a duras penas, a ser posto em causa. Há gente que, calada, poderia chegar a poeta ou mesmo gravar um disco.

Nunca desiludem

Há sempre um soldadinho de chumbo pronto para o primeiro tiro.

Sofia Vala Rocha nasce no Canadá em 1972 e vem para Portugal com quatro anos de idade. Estuda em Peniche e licencia-se em Direito, na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, com 14 valores. Além de jurista na cadeia Intermarché, foi chefe de divisão na Secretaria Regional de Educação da Madeira, assessora da vereação da Câmara Municipal de Lisboa, adjunta do Secretário de Estado da Cultura e consultora jurídica do PSD, na Assembleia Municipal de Lisboa.”

É público, vem na Caras, em entrevista à própria. Político na oposição não desilude, e muito menos com autárquicas à porta.

A/c da Direcção de Informação da TVI

[Luís Galrão]

Sei que não gostam de lições, mas considerem este gesto apenas uma dica (uma das várias tentativas nas últimas horas, dado que a monitorização das redes – a par da verificação – não será o vosso forte).
Aqui fica: boa parte deste conteúdo (tenho dificuldade em chamar-lhe notícia) não corresponde à realidade: http://www.tvi24.iol.pt/sociedade/imagens/nasa-mostra-incendio-em-pedrogao-grande-visto-do-espaco .

Explico: 2 das 3 fotos são de arquivo, uma de 2010 e outra de 2016. E os incêndios alegadamente em curso no Gerês são imaginários. Deixo-vos os links:

Foto de 2010: https://visibleearth.nasa.gov/view.php?id=45225 ou

https://earthobservatory.nasa.gov/NaturalHazards/view.php?id=45225

Foto de 2016: https://visibleearth.nasa.gov/view.php?id=88552 ou

https://earthobservatory.nasa.gov/IOTD/view.php?id=88552

Imagens de satélite do incêndio de Pedrógão (e de outros das últimas horas): https://go.nasa.gov/2sEM0Sf .

Se precisarem de lições de técnicas de verificação, estou ao dispor.

A Protecção Civil e a prevenção dos fogos

João Faria Martins

seguro_incêndioNo que toca a tudo o que se relacione com fogos florestais, do que apreendo das notícias dos últimos dias, a Protecção Civil em Portugal funciona mais ou menos assim:

Imaginem um serviço nacional de saúde de um certo país no qual não existe qualquer tipo de medicina preventiva: não se fazem exames de rotina, não há consultas regulares com médicos de clínica geral nem tão-pouco com especialistas, ou um aconselhamento sobre modos de vida saudável. Quaisquer remédios ou tratamentos preventivos foram há muito abolidos; não se receitam comprimidos para a tensão alta, comprimidos para o colesterol, e afins. Jamais se trata em ambulatório, ou com medicação leve, só se opera. Não se encoraja o exercício físico, ou a alimentação saudável. Não se desencoraja o excesso de peso ou o tabagismo. [Read more…]

Censura no Facebook de Marco António Costa

Comentário apagado da página de Marco António Costa

Comentário apagado da página de Marco António Costa

Por duas vezes deixei um comentário num post de Marco António Costa e por duas vezes ele o apagou. A imagem acima é uma cópia desse comentário, quando colocado pela segunda vez. O post em causa é este: [Read more…]

Guia antipopulista para saber quem é pirómano

portugal_incendios_nasa
Nuno Oliveira

1. Quem não limpa o mato dos terrenos (só 2% da floresta é do Estado)
2. Quem não actualiza finalmente o cadastro para que o ponto anterior se altere
3. Quem acabou com a Autoridade Florestal, Guarda Florestal, Viveiros, pontos de vigia, etc e fez o Fundo Florestal em vigor (adivinhem quem foi)
4. Quem acha que, sendo a fruta e cortiça duas exportações principais (entre outras), é uma ideia bestial apostar na celulose (em plena era digital)
5. Quem não taxou/impediu conversão de solo rural/florestal a urbano (maioria das habitações em risco)
6. Quem passou a competência logística do combate aos fogos do Exército e Força Aérea para empresas contratadas
7. Quem não associa os nossos hábitos e estilo de vida a extremos climáticos cada vez mais fortes (seca e mais de 30° desde Maio/Junho)
8. Quem não leva a sério o gado extensivo (ou outros ruminantes selvagens),na gestão de um território livre de incêndios e com economia baseada na ruralidade (em crescimento na Europa)
9. O doente ou criminoso que aproveita todas as condições anteriores para causar danos
10. Quem esquece os primeiros oito pontos para culpar só o nono.

Era uma questão tempo até um oportunista tentar tirar proveito político da desgraça

Marco António Costa a insinuar que os fogos se devem a menos Marco António Costa fez parte de um governo que esteve envolvido num esquema de corrupção quanto aos meios aéreos, em investigação no DIAP de Lisboa e envolvendo Miguel Macedo, ex-ministro da Administração Interna. Agora insinua que os actuais fogos se devem ao um corte no orçamento da Protecção Civil. Quando o título da notícia é claro: “Meios aéreos na Protecção Civil permitem corte de 24 milhões nas despesas do MAI“. E, no próprio artigo citado por Marco António Costa, lê-se que “o corte mais significativo neste ministério ocorre na área da Protecção Civil, que regista uma poupança de 24 milhões de euros, a maior parte dela justificada pelo fim da Empresa dos Meios Aéreos que, pela primeira vez, não aparece no Orçamento do Estado.” Eis o oportunismo desmascarado, já anteriormente ensaiado pelos deputados Carlos Abreu Amorim e Duarte Marques.

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Fogo

fogoNão, não vou teorizar sobre as razões de Portugal ser, de longe, o país com mais incêndios e área ardida da Europa. Não vou especular sobre causas e, muito menos, soluções. É que todas elas são claras há décadas. A sua repetição – enunciadas por pessoas verdadeiramente conhecedoras e agitadas pelos papalvos de serviço habituais -, de cada vez que estamos nesta situação, já tem alguma coisa de ritual. Uma espécie de liturgia do fogo, que nem evita o mal disfarçado entusiasmo com que certos dispositivos noticiosos chafurdam nos dramas alheios, sem qualquer réstia de contenção ou sentido da mais elementar decência. Depois de rever todas abordagens sérias e fundamentadas, mas pouco excitantes para a telenovela jornalística, alguém irá falar, de novo, na “imperiosa necessidade de mais meios para combater o fogo”. Aparecerão propostas. E nós perguntaremos quem, de uma vez por todas, tem a coragem política de as denunciar e pôr as questões no seu devido lugar.
De caminho, nós fazemos contas ao desastre à vista, outros fazem contas aos negócios em vista. A vítima chorará a sua desdita, tu procurarás ser solidário. Outro contará o numerário.
Falaremos de heróis, falaremos de como podia ser e não é, sofreremos com a família que perdeu tudo, tentaremos entender o que suspeitamos oculto, lembraremos de tudo o que foi decidido e não foi praticado.
E assim, de fogo em fogo, vamos queimando o caminho do futuro. Não porque faltem razões e soluções. Mas porque falta coragem.

Respondendo aos deputados Duarte Marques e Carlos Abreu Amorim

duarte marques

Imagem de um tweet dos dois deputados em causa (original)

“O que aconteceria se esta notícia de primeira página tivesse sido há um ano?”, pergunta-se no tweet comentado (!) pelo deputado Carlos Abreu Amorim e retweeted pelo deputado Duarte Marques.

A resposta é simples, caros doentes de amnésia fulminante. Possivelmente teria acontecido menos alarido.

Assuntos aparentemente menores, que não ocupam grandes espaços da comunicação social, seja escrita ou audiovisual, e por isso têm pouco impacte na opinião pública, podem porém ser matérias da maior importância em termos de futuro, de longo prazo – aspectos de que as governanças portuguesas são pouco adeptas. O curto prazo é muitas vezes mais importante que uma decisão sábia de longo termo. E os fogos são exemplo disso.

A extinção dos Serviços Florestais levada a cabo pelo Governo PSD/CDS não levantou qualquer reacção pública; o afastamento entre os cidadãos e a res publica, desejado e promovido pelas derivas liberais daqueles partidos, conduziu ao encolher de ombros da maior parte das pessoas. [Fernando Santos Pessoa, PÚBLICO, 10/08/2016]

Para quem não esteja a par, a capa em causa é esta: [Read more…]

A foto do dia

FB_IMG_1470764978327Roubada no Facebook de alguém. Desconheço o autor. Se alguém souber quem é, por favor avise. Merece ser conhecido.

Matar bombeiros é mais barato

bombeiros2

Ninguém pode garantir que os sete bombeiros não teriam morrido, se se tivesse cumprido a integração de 900 reclusos em acções de prevenção e vigilância dos incêndios florestais, como estava previsto no Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais para 2013.

Quem escolhe ser bombeiro sabe que arrisca a vida e quem já ouviu falar de vida sabe que não tem preço.

A referida integração dos 900 reclusos não se verificou porque o Ministério da Agricultura e do Mar considerou que os custos associados a essa medida não seriam “a melhor forma de executar as acções de prevenção estrutural na floresta sob gestão do Estado”. É em momentos como este que percebo a dupla ironia de uma expressão como “democrata-cristão”.

A propósito de incêndios, o ministro da Presidência e dos Assuntos Parlamentares, Luís Marques Guedes, explicou que se trata de um “flagelo típico” de países como Portugal.  O Secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural, Francisco Gomes explicou que há muitos “incêndios anómalos”, o que é flagelo e é típico.

Vivemos num país em que muitos dos melhores são bombeiros. Os piores estão no governo.

Foto encontrada em Bombeiros para Sempre

Esta Pira de Nome Portugal

Estou angustiado com o que vai por aí de ignições. Ainda ontem, ao início da tarde, logo ao sair de Braga rumo ao Porto [sempre pela nacional 14, pronto para o único estrangulamento empata automobilistas com que um condutor se depara, a Trofa], um fogo devorador patenteava-se-nos num monte fronteiro. A colossal coluna de fumo negro; o helicóptero da praxe voluteando com a sua pinga de água. Um cenário que me fez omnipresente e terrível a destruição do nosso património verde e sobretudo de vidas, neste Agosto aziago.

Basta!

Sim, há pirómanos. Mas o problema reside sobretudo na ganância secular do eucalipto e na preguiça dos poderes públicos em gastar os milhões necessários à prevenção activa de incêndios, pela vigilância e pela limpeza, também compulsiva, das matas, o que dita um número insuportável de bombeiros mortos, este ano.

Insuportável é insuportável! Tirem conclusões. Ajudem aqueles homens e mulheres. Dêem o sangue por eles que dão o litro por nós! E será de menos. Por esta altura, nos Estados Unidos ou num País menos seco de afectividade políticos-população, num País menos inexpressivo e menos tolhido nas emoções, algum Obama teria as palavras de consolação a que a Hora se presta. Também por aí se vê com que furor arde a Pira Portugal.

Olha, Ide Gozar Com …

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GOVERNO NÃO SÓ NÃO POUPA COMO AINDA GASTA MAIS

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Eu sei que a crise é para todos e de todos os Portugueses. Sei-o eu e mais nove milhões de entre os meus compatriotas. Todos nós, estes muitos milhões, cortamos nas despesas, entregamos mais dinheiro ao Estado, vivemos preocupados com a falta de recursos do nosso governo, e aceitamos mais uma catrefada de sacrifícios que nos são pedidos ou mesmo impostos pelos governantes (nem dou exemplos, tantos são eles).
Depois, lemos os jornais e ouvimos as rádios e as televisões, e descobrimos que a crise é mesmo uma coisa séria. Tão séria e tão grande que nem dinheiro há para comprar o que já foi prometido há alguns anos, como por exemplo dotar os Bombeiros de mais e melhores meios para combater os fogos que lavram em todo o País, ou para comprar mais máquinas de desencarceramento para acudir às pessoas que ficam presas dentro dos automóveis em que seguiam no momento em que tiveram um qualquer acidente nas nossas estradas.
Convenhamos que é mau para todos, esta crise.
Mas agora, descobrimos que no ano passado o governo que nos (des)governa poupou dinheiro. Pelo que se houve dizer, até poupou muito, apesar de ter comprado umas quantas centenas de carros novos para os seus ministros e deputados e companheiros e amigos, esquecendo-se de comprar umas duziazitas de carros de combate a incêndios ou mais um ou outros avião ou helicóptero para o mesmo efeito, ou mesmo ter mandado limpar as matas que são de todos nós. Mas poupou, e isso é uma coisa boa.
E como uma coisa boa nunca vem só, resolveu, o governo, gastar este ano mais dinheiro do que poderia ou estaria autorizado pelo orçamento. Esse, o dinheiro que poupou no ano que passou.
Os burros dos Portugueses ainda pensaram que esse dinheiro ia ser utilizado para as tais coisitas que são mesmo muito precisas e das quais já falei antes, mas não, o dinheirito poupado, os 546 milhões de euros, sim quinhentos e quarenta e seis milhões de euros, vão, ou foram para serviços que dependem directamente dos serviços dos senhores ministros, quase cem milhões, e o restante para as despesas de institutos públicos.
E se fossem gozar com…. a mãezinha deles?
Começo a pensar que a data de 9 de Setembro peca por tardia.
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Um país que arde…

portugal queimado

Nem se Via o Sol

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Neste fim de semana resolvi ir dar um passeio pelo Douro Vinhateiro. Meti-me a caminho, no sábado após o almoço, que a carteira só dava para um dia de folga e no sábado de manhã ainda há quem trabalhe.
Tinha marcado estadia para uma unidade hoteleira muito boa entre a Régua e o Pinhão, e ansiava por lá chegar e deitar-me ao sol, na piscina de onde se vê uma curva e mais um bocado do rio.
No Porto estavam trinta graus e o calor apertava.
Auto-estrada fora, ar-condicionado ligado, velocidade de cruzeiro de cento e dez, cento e vinte e um sorriso nos lábios.
O termómetro do carro marcava já trinta e oito, e a subir, como eu, na IP4. O sol nem se via graças a algumas nuvens. Trinta e nove, quarenta, mas dentro do carro estava-se bem.
Chegados ao alto do Marão, resolvi parar. Abri a porta do carro e um sopapo de ar quente atingiu-me, misturado com o cheiro a incêndio. As nuvens que eu via a tapar o sol mais não eram que fumo dos inúmeros fogos espalhados pela região. Continuei o meu caminho já com uma atenção virada para essa realidade.
Chegado ao hotel, ainda tentei ir para a piscina, onde a exemplo de todo o caminho e também das horas que se seguiriam, o sol não se via e o chão estava coberto de cinzas, juntando a isso um calor abrasador.
Já no quarto e ligada a televisão, soube que muitos dos incêndios tinham começado de noite (????) e [Read more…]

Fogos – uma pergunta incómoda!

A floresta propriedade das celuloses não arde! Porquê?

Porque aquelas empresas privadas têm uma politica para a floresta, desde o plantio, com acessos generosos, limpeza adequada, uma equipa privativa de bombeiros e de gestores da floresta, que limpam, vigiam…

O Estado não tem política nenhuma para a floresta, ano após ano, arde tudo, parece que é mais fácil deixar arder do que ter uma política preventiva de limpeza, rasgar acessos, vigiar, limpar. É melhor ou mais barato, deixar arder?

Há tanta gente no desemprego, tanta gente a receber subsídios, tanta gente presa, a troco de um vencimento a juntar ao subsídio não se impediria um prejuízo muito maior dando emprego a tanta gente?  Em articulação com os proprietários privados? Bem sei que as celuloses estão num negócio, a floresta é a matéria prima para as suas fábricas, pois então a gestão florestal Estatal é o que tem que fazer, desenvolver um cluster da floresta por forma a que a gestão da floresta seja uma actividade económica e não os fogos de todos os anos!

O Estado não faz nem deixa fazer! Até a cãmara do Porto não tem tempo para limpar a escarpa das Fontaínhas!

Ou se cria um cluster económico da floresta ou os fogos nunca se apagarão!