Mais um enredo do Governo com a EDP em que, aos cidadãos, é destinado o papel de atraiçoados e espoliados.
Os embróglios foram muitos e obscuros e não garanto que os saiba deslindar a fundo e menos ainda conhecê-los todos, mas a coisa começou por uma privatização sem transparência na contratação de assessores financeiros e sem acautelamento de conflitos de interesses nos processos de privatização da EDP, nem tomada de medidas legislativas que acautelassem os interesses estratégicos do Estado Português após a conclusão do processo de privatização.
Ele foram as baralhadas com os CMEC (Custos para a Manutenção do Equilíbrio Contratual), sobre os quais a ERSE concluiu que a EDP cobrou abusivamente 510 milhões de euros e a Autoridade da Concorrência afirmou que a EDP fez utilização abusiva do sistema; depois houve a EDP forçada a pagar 285 milhões de euros e os accionistas a ameaçarem recorrer ao mecanismo internacional de tribunais privados ISDS; pouco depois, houve a “demissão geral”: Ministro, Secretário de Estado, Direcção da ERSE, tudo posto a andar. Em segundo acto, João Galamba, num passo de mágica, esclarece que vai rejeitar as recomendações do relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito sobre as rendas excessivas, na medida em que “representam litigância que o Estado perderá no futuro”. EDP não avança com acção ISDS, mas contesta a devolução em tribunal.
Ele é o famigerado processo das rendas excessivas da EDP, que há cerca de oito anos investiga práticas de corrupção e participação económica em negócio relacionado com os CMEC, tendo como arguidos, além do ex-ministro Manuel Pinho, o ex-presidente da EDP António Mexia, João Manso Neto, ex-presidente da EDP Renováveis, o administrador da REN e antigo consultor de Pinho João Faria Conceição, e Pedro Furtado, responsável de regulação na empresa gestora das redes energéticas. A PJ e o Ministério Público suspeitam de que o ex-ministro da Economia e Inovação do Governo de José Sócrates possa ter recebido, de uma empresa do Grupo Espírito Santo, cerca de um milhão de euros entre 2006 e 2012.
Ele é a construção da barragem de Fridão, no Tâmega também em tribunal, entre a EDP e o Estado português (representado pelo Ministério do Ambiente e da Acção Climática), que envolve um montante de 217,798 milhões de euros. Quem sabe, uma compensação pelas devoluções CMEC…
E agora temos este radioso caso em que a EDP vende à multinacional francesa Engie seis barragens no distrito de Bragança, arrecadando 2,2 mil milhões de euros, sem pagar qualquer imposto ao Estado.
A esse respeito, pergunta Susana Peralta no Público: “O ministro Matos Fernandes, citado pelo DN a 28 de dezembro, diz que só após 20 de janeiro de 2021, é que “se poderá avaliar o valor a pagar”, acrescentando que compete à Autoridade Tributária pronunciar-se sobre o montante de imposto de selo devido. Mas não poderia o governo ter feito as diligências necessárias para saber que receita fiscal ia encaixar? O governo tem um poder considerável neste negócio porque tem de o autorizar e tem direito de preferência na compra. Justifica-se que chegue à véspera sem perceber que vai ficar a ver navios?
É que quem ficou a ver navios com o esquema da fuga da EDP – 110 milhões em imposto de selo – foram os cidadãos, neste caso, dos municípios do Douro… Já o sr. ministro do ambiente e o sr. primeiro ministro não parecem estar muito preocupados – antes pelo contrário. É a vida. Segundo parece, a manobra poderá, eventualmente (está para se ver) até ter sido legal – e, aliás, isso é o que mais por aí há: privilégios VIP concedidos pelos legisladores às empresas e a esperteza filigrana dos escritórios de advogados a encontrar as engenharias fiscais adequadas. Mas é, seja como for, totalmente inaceitável. E no que toca aos nossos governantes, isto é inconcebível.
Caros concidadãos, tudo isto nos custa muito, mas muito dinheiro, entre custos de energia e custas processuais. Já que não podemos mudar de governo (e nem há melhor à vista, visto que o centrão continua a conseguir manter-se no trono), ao menos, mudemos de operadora. Conheço pelo menos uma cujos fins são muitíssimas, mas muitíssimas vezes mais íntegros e orientados para o bem comum. E deve haver mais.
Qual é a operadora que a Ana Moreno conhece cujos fins são mais orientados para o bem comum? E porque afirma a Ana Moreno que o são?
Sempre a defender bandidos, não é
Ao contrário do Lavoura, não branqueio a mama mafiosa da EDP; mas tal como o Lavoura gostaria de saber a tal operadora.
A EDP pode ser a pior, mas todas as que conheço gostariam de ser a EDP: também muito mamam, e mais gostariam de mamar.
De qual fala, Ana Moreno, e que fins são esses?
Já estou mesmo a ver que depois me vão acusar de ter interesses em jogo; não tenho, a não ser a defesa de sociedades mais justas e sustentáveis, um mundo solidário e não regido pelo lucro e a competição. Só por isso, apoio publicamente iniciativas com valores e fins que eu defendo. Por acaso, até já escrevi aqui no Aventar um post a respeito da operadora que escolhi. Não têm estado atentos…:-)
P.S. – E como um mercado liberalizado requer “clientes” (porque é a isso que estamos reduzidos) responsáveis, recomendo uma pesquisa sobre as comercializadoras de energia, que pode ser feita aqui: https://www.comparaja.pt/energia#faq3
Precisamos de nos informar e fazer opções responsáveis, escuso de estar a colocar na mesa a papinha toda feita 🙂
Maravilhosa, a lista que a Ana Moreno nos indicou. 23 comercializadoras de eletricidade, a maior parte delas sem linque. Como quer a Ana Moreno que, olhando para essa lista, possamos distinguir qual ou quais das 23 operadoras tem objetivos louváveis?
Pois o melhor…
É promover um desfile! Primeiro em traje de passeio, depois em fato de banho e finalmente em traje de noite.
Assim já seria possível distinguir a melhor. Ou a mais louvável.
Então, não recebeu a sua formação de agente racional plenamente informado?
Diz-se que “ o lucro foi sempre o perfume de um negócio “ , portanto “aromaticamente” há que ver quais as empresas da lista que a Ana Moreno mostra, as que dão melhores resultados anuais pelos relatórios de contas e em todos os sentidos.
E aí é que se torna difícil escolher.
É mais facil no final não se pensar muito e escolher pelo logotipo com design mais apelativo, e um relatório de contas sustentável ao longo dos anos, etc, o que afasta as novas e quem sabe as melhores no longo prazo .
E pode por favor lincar esse post, àcerca da operadora que escolheu? Para eu não ter que estar a reler todos os seus posts desde tempos imemoriais.
Eu posso lincar o post, sim, mas atão o Luís Lavoura promete que depois não vem alegar que estou a fazer publicidade por interesses ocultos? 🙂
Pois, o problema é que, nesta matéria, os interesses estão sempre ocultos. Até porque a eletricidade não se vê, não se cheira, não se pesa…
Outra coisa que não se vê é a tal “concorrência” anuncidada pelos trombeteiros liberaleiros, que insistiram em inventar um “mercado” num setor onde, nas condições atuais, o monopólio da distribuição é inevitável. Bem sei que a microprodução de base local é possível, mas falta ainda bastante para estar plenamente disponível e a preços comportáveis.
E formulo, desde já, um receio: quando tecnicamente a microgeração for viável, os mesmos do costume facilmente inventarão “pacotes” de serviços associados que nos ponham a pagar o mesmo do costume e sejam os mesmos do costume a beneficiar. Mas concordo que alguma concorrência poderá passar a ser possível. Mas as cabecinhas renteiras oligopolistas não páram e a realidade pode vir a ser muito diferente da que calculamos.
Atualmente a tal “concorrência” é uma farsa. Bem pode o Sr. Lavoura procurar alternativas que tudo se traduz em, literalmente, meia dúzia de euros de “poupança” por ano. Não paga o incómodo de uma pessoa se dar ao trabalho de mudar de operador, a não ser por alguma militância ambiental. E, mesmo assim, é duvidoso quem serão os beneficiários finais dos sobrecustos que frequentemente existem nestes casos.
Prometo, sim!
Como é que eu branqueio a EDP? Eu já disse mais que uma vez que não sou cliente da EDP, e já mais que uma vez convidei outras pessoas neste blogue a deixarem de ser clientes da EDP. Portanto, não a estou a branquear nada, bem pelo contrário!
Comercializadoras (e produtoras) de energia há algumas, mas distribuidoras só há uma.
E esse é o grande problema de que ninguém fala.
Pois é!
Mas porque é que V. Exa. não preenche essa lacuna, criando outra? Assim já podia haver concorrência e tal e a malta ficava muito agradecida e tal.
Se precisar de fio diga tenho ali uns 10 metros que sobraram de umas obras cá de casa. Já só lhe falta a eletricidade.
Só merda sai da tua boca
E na de V. Exa. só entra!
O meu primeiro instinto é recomendar-lhe que abrace um transformador MT/BT, um abraço suficiente para o transformar definitivamente. Só não o faço porque o Aventar veria uma das suas peças de mobiliário transformada em torresmo – os transformadores, entre outras coisas, servem essa função.
O meu segundo instinto é recomendar-lhe que enrole num tubo os 10 m de fio (dental, de pesca, pouco importa, mas não o condutor eléctico, que seria um desperdício) e posteriormente o introduza naquele sítio onde o Sol não brilha. Só não o faço porque essa recomendação poderia ser considerada sexista.
O meu terceiro instinto é (tentar) ensinar-lhe alguma coisa, muito embora me vá faltando a paciência e sabendo a priori que “burro velho não toma ensino”. Pesquise, por exemplo, por “Kapanadze”, por “LENR”, por “electric potential difference with altitude” (tem que ser mesmo em inglês para lhe aparecer “The Feynman Lectures on Physics Vol. II Chp. 9”, o resultado mais importante).
Pois tá bem!
E o meu instinto é devolver isso tudo.
Muito agradecido por tentar partilhar connosco o que tanto lhe dá prazer, mas não estou interessado.
Prazer? Pois está redondamente enganado. Não tenho qualquer prazer em atirar pérolas a porcos.
Pois compreendo!
Não deve fazer mais cedências à malta aí de casa! Deixe-os, berrar, fazer chinfrim à vontade!
Mas a culpa é toda de V. Exa. Habituou-os mal e agora queixa-se!
Elvimonte
“distribuidoras só há uma.”
Tem toda a razão. A mafia da EDP,, a quem eu chamo os “MEXIAS” seja ela qual o nome que tiver,( vão mudando para ver se enganam os trouxas. E pelos vistos ainda há muitos trouxas.
Esse bandido foi deputado pelo PPD/PSD ou como se chama agora o partido do Marcelo Caetano recauchutado
Excelente, Ana, muito obrigado por mais este escrito!
Viva a desregulação libertadora!
Pois, pois!
O “mercado” é uma maravilha, funciona perfeitamente, tão perfeitamente que até mete nojo. Quando funciona mal o problema são os políticos.
Quais políticos? Aqueles que a gente escolhe “à la carte”.
Continuamos a ser roubados pelos tubarões com a conivência, e ou incompetência dos que foram democráticamente eleitos para nos desgovernarem e se amanharem á grande!
Luis Lavoura: “Prometo, sim!” 🙂 Pois cá vai, eu tinha ideia de que eu própria tinha escrito o post, mas afinal quem escreveu o texto foi o Rui Pulido Valente, da Coopérnico, e, como tal, eu publiquei-o como autor convidado. A Coopérnico é uma boa opção. https://aventar.eu/2020/03/01/a-cooperativa-energetica-feita-por-e-para-os-cidadaos/