Trickle Down Economics- O MITO

 

Bernie Sanders mostra um quadro lapidar que desmente – para quem ainda não soubesse – todo o paleio com que nos querem enrolar de cada vez que alegam que dar borlas fiscais aos ricos é para o bem de todos nós. Where we are today: The top 10% GETS IT ALL!!

Parafraseando Susana Peralta: “Parafraseando a ministra das Finanças sueca, em entrevista ao PÚBLICO em 2022, é “interessante” e até “fascinante” observar “como os portugueses aceitam isto”.”

Susana Peralta pergunta:

Sabia que o Parlamento não conhece o OE que hoje vota?“.

Sim, sabia. Aliás, toda a gente sabe. Nem o que hoje vota, nem os que votou para 20122013201420152016201720182019, 20202021 e 2022 [1] e [2].

E gostei do conceito “cacofonia orçamental”: proponho que abranja os “tetos de despesa”, mencionados pela Autora. Os vinculativos, sim, mas também os indicativos.

Desejo-vos um óptimo fim-de-semana.

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A tudologia dos economistas ou os pedagogos de sofá

Há anos que é isto: se o tema for Educação, toda a gente sabe tanto ou mais do que os professores. Em Educação, não há leigos. A haver, são, na prática, os professores. No futebol, temos os treinadores de bancada; na Educação, os pedagogos de sofá.

Entre este tipo de pedagogos, avultam os economistas, porque não há assunto que lhes escape, numa arrogância extraordinária que vai da esquerda à direita. Há uns anos, tive uma polémica com Carlos Guimarães Pinto, a propósito de um capítulo de um livro em que os autores explicavam ao mundo tudo o que sabiam sobre Educação. Nessa polémica, sobressaiu a ignorância atrevida de quem cultiva uma ciência social que se arroga o direito exclusivo de explicar tudo o que existe no mundo.

Recentemente, alguns, vindos da esquerda, desprezando a questão sanitária, descobriram a existência de assimetrias enormes na vida dos estudantes, que o ensino à distância iria fazer sobressair os efeitos que as desigualdades sociais têm sobre as aprendizagens – e a vida, senhores, a vida – dos alunos. As escolas deveriam ficar abertas, mesmo aumentando o risco de contaminação da sociedade, para resolver esse problema. Mais uma vez, a Escola é vista como um paliativo para um problema que os pedagogos de sofá descobriram quando apareceu o ensino à distância. Entretanto, os professores têm sido obrigados a lidar (que é diferente de resolver) com esses problemas, enquanto a tutela despeja nas escolas decisões que só atrapalham, como a manutenção de um número exagerado de alunos por turma ou o eterno adiamento acerca de decisões fundamentais sobre o acesso ao Ensino Superior, entre muita outra tralha. [Read more…]

EDP e governo – juntos para sempre

Mais um enredo do Governo com a EDP em que, aos cidadãos, é destinado o papel de atraiçoados e espoliados.

Os embróglios foram muitos e obscuros e não garanto que os saiba deslindar a fundo e menos ainda conhecê-los todos, mas a coisa começou por uma privatização sem transparência  na contratação de assessores financeiros e sem acautelamento de conflitos de interesses nos processos de privatização da EDP, nem tomada de medidas legislativas que acautelassem os interesses estratégicos do Estado Português após a conclusão do processo de privatização.

Ele foram as baralhadas com os CMEC (Custos para a Manutenção do Equilíbrio Contratual), sobre os quais a ERSE concluiu que a EDP cobrou abusivamente 510 milhões de euros e a Autoridade da Concorrência  afirmou que a EDP fez utilização abusiva do sistema; depois houve a EDP forçada a pagar 285 milhões de euros e os accionistas a ameaçarem recorrer ao mecanismo internacional de tribunais privados ISDS; pouco depois,  houve a “demissão geral”: Ministro, Secretário de Estado, Direcção da ERSE, tudo posto a andar. Em segundo acto, João Galamba, num passo de mágica, esclarece que vai rejeitar as recomendações do relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito sobre as rendas excessivas, na medida em que “representam litigância que o Estado perderá no futuro”. EDP não avança com acção ISDS, mas contesta a devolução em tribunal. [Read more…]

Os “burgueses do teletrabalho” e outras oligarquias

Há tempos, quando a Mercadona abriu a sua loja na minha cidade, escrevi no Facebook que não me via ser cliente do supermercado espanhol, por ter o mesmo que os outros, que são portugueses, e por praticar mais ou menos os mesmos preços. Pouco tempo depois, ironia das ironias, tornei-me cliente da Mercadona, que ocupou o lugar outrora ocupado pelo Continente. E a que se deveu esta minha mudança de comportamento? A vários factores: o primeiro foi ter descoberto que a Mercadona tem políticas laborais que, no sector, se distinguem claramente dos restantes, nomeadamente na forma como tratam e recompensam os seus trabalhadores. A isto acresce que, em bom rigor, comprar à Mercadona ou comprar ao Continente, ou a outro supermercado qualquer de nacionalidade portuguesa, com sede na Holanda, vai dar ao mesmo. Para além de que a Mercadona, usando código de barras espanhol, compra grande parte dos seus produtos a produtores portugueses, numa proporção que não estará muito distante da concorrência. On top of that, é ao lado da minha casa, ao passo que os restantes supermercados está quase todos concentrados do outro lado da cidade. E isto, numa primeira fase, chegou-me.

Posteriormente, um novo factor veio juntar-se aos restantes. Se precisar de ajuda, para encontrar um produto na Mercadona, não tenho que andar de um lado para o outro à procura de um funcionário para pedir ajuda. Há, pelo menos cá na Trofa, funcionários em praticamente todos os corredores. E isso não acontece nem no Continente, nem no Pingo Doce. E eu ainda sou do tempo em que essa era a regra. Hoje, neste tempo em que o sector está dominado por estes dois gigantes, com sorte encontramos um funcionário a fazer reposição, que, em princípio, irá chamar um colega, porque a área dele não é aquela e ele não consegue ajudar.

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