Agora, já não se escondem.
Podem dar as voltas que derem, dizerem-se anti-sistema quando são, há muito, a escória do sistema, mudarem programas políticos de ano em ano, mudarem o sentido de votação três vezes no mesmo dia; já não enganam ninguém.
A extrema-direita é isto. É ódio, é violência, é ignorância. A extrema-direita é igual em todo o lado e já esteve por todo o lado. A única coisa que surpreende, ainda, mesmo não surpreendendo, é a incapacidade do Ser Humano de aprender com os erros passados. Somos, sem dúvida, a única espécie que tropeça vinte vezes na mesma pedra.
Depois dos ataques à sede da SOS Racismo, depois das ameaças a deputados e deputadas da AR e a activistas sociais, depois de um programa, mais maltrapilho que programa, a defender a extinção do Estado Social e com tiques pidescos, das incitações à desordem, das “sugestões” de deportação de cidadãos portugueses, das máfias e dos dePaços desta vida, já não enganam ninguém.
E se alguém ainda se sentir encantado por esta gente fascista, racista, homofóbica e machista, saibam, caríssimos, que também vocês o são; porque à primeira todos podemos cair, à segunda só cai quem quer. André Ventura pode ser só o Donaltim de certos interesses obscuros e perigosos, mas, se o deixarmos, levará esses interesses obscuros e perigosos a bom porto. Chega.
Maio, duvido que muita gente, além do chulo Ventura e dos seus carneiros, acredite que o Chega é mais do que um veículo das suas ambições de poleiro e mama. O Chega é trampa.
O que os críticos insistem em ignorar é que o resto é trampa. Toda a partidocracia, todo o sistema, todo o Paralamento e os governos e as ‘instituições’, a começar pelo Centrão, é trampa.
E é trampa há mais tempo; é a trampa que nos deixou aqui, que ganhou todas as eleições, que manda e decide e nomeia e adjudica e provoca bancarrotas e cria calotes impagáveis e sai impune para Paris e brutos tachos e mesmo assim continua a ganhar eleições… onde só metade do país ainda vota.
Ora o Chega jamais será solução; é ainda pior. Mas este constante matraquear da extrema-direita isto, a extrema-direita aquilo, tudo extrema-direita, extrema-direita, todos os dias o terrível perigo da extrema-direita, a Kristallnacht que aí vem da extrema-direita, o cheiro a câmara de gás da extrema-direita, as marchas de Santa Comba a Nuremberga da extrema-direita, o holocausto canibal da extrema-direita… não sei se atinge o objectivo.
Não sei mesmo, Maio. Não parece estar a funcionar.
O Chega é uma ferramenta do imperialismo capitalista, tal como noutras paragens temos os Trumpas e os Bolsoneros e os Borises e LePenis e por aí a fora…
E como ferramentas que são, prestam-se a várias utilidades:
1 – Extremar a discussão política por servir de saco onde meter todos os críticos do sistema invalidando-lhes as ideias (e o efeito disto é cada vez mais patente e observável)
2 – Mascarar o crescente autoritarismo dos supostos democratas (a tal trampa partidária toda) como sendo normal em democracia, uma vez que não é o Chega a implementar tais medidas
E etc. que não tenho tempo de andar aqui o dia inteiro…
De qualquer modo, as perguntas que o Maio não fez e deviam ser feitas, estão colocadas pelo Lavoura mais abaixo e não se viram feitas por qualquer jornaleiro (nem tão pouco pelo Maio que apenas aproveita a parangona escrita a modo de clickbait para clamar os ruidos identitários e generalizar que o Ventura bate nos gays, o que é tão mau como o tipo de argumentário do próprio Ventura…)
De acordo. Só não sei se o Chega será uma ferramenta do capitalismo, ou apenas um seu parasita.
O Ventura é certamente um parasita do sistema: sempre viveu de esquemas, bitaites e lambidelas de cu a mamões, a que agora soma a mama estatal que critica aos outros, como constata o último post do João Maio.
Mas o pior de tudo no Chega é o que v. diz: invalidar e demonizar justíssimas críticas ao sistema, enquanto ajuda a normalizar os desmandos e a podridão ‘democrática’.
Precisamos de uma alternativa para ontem; em vez disso só nos aparecem PANs, ILs e Chegas. Porca miséria.
Há diferença? Atirar merda para a ventoinha para que nada mude é dar poder ao que já existe.
O Paulo Marques, que aqui passa os dias a fazer comentários que em grande parte são, precisamente, “atirar merda para a ventoinha para que nada mude”, até sabe o resultado daquilo que anda a fazer – “dar poder ao que já existe”…
Ele é com cada ironia que se encontra nesta vida… Como aquela já velhota e meio Orwelliana do “com a verdade me enganas!”…
Se partilham o palco, batem palmas um ao outro, e promovem o megafone um do outro, é uma colaboração.
O Chega é ferramenta; o seu dono, (só mais) um parasita… O mesmo para os equivalentes das outras paragens.
E assim vamos nós, alegremente dançando para onde o flautista nos levar sem lhe perguntarmos para onde nos leva!
Quando digo “dono”, é por facilidade de expressão. Leia-se, “face”, que é o verdadeiro papel do parasitário moço de fretes.
Mas o problema é bem mais complexo do que isso. Não se trata apenas de escumalha. Essa sempre existiu e continuará a existir. O facto é que um cada vez maior nº de tugas, completamente revoltados e desanimados com as sucessivas escandaleiras e cambalachos das cliques no poder, saques a bancos, fugas a impostos e tudo o mais, decidiram votar no Desventuras, não por acreditarem nele nem na camarilha que o rodeia, mas sobretudo como voto de protesto. E é isso que as elites políticas fazem por ignorar. Pagarão de certeza um alto preço por isso.
Nas próximas eleições, a abstenção vai disparar, os cheganços idem, e os partidos tradicionais vão cair. É claríssimo. Só não vê quem não quer, e desses não há que ter pena.
O Chega tem assegurados os votos de quem está farto da esquerdalhada idiota, presunçosa, armada da santidade da inveja e das raivas das frustrações, para quem tudo são igualdades e sempre exaltam diferenças, as existentes e as que inventam.
O que diz o Chega, o programa que dizem ter, o que façam, interessa pouco ao caso.
Denunciam a grande farsa esquerdalha e tanto basta!
Pois tá bem!
Malta! Pelo Menos, mais um pato!
Aceitam-se sugestões de destino culinário.
No forno, desfiado, à antiga, à Pequim…Temos ceia!
Sô Menos saudosista, já pensou tentar a sorte no stand-up?
Pois, mas já tentou!
Há por aí imagens de um tipo fardado de Legionário, de botas e cheio de folhas de cerejeira na cabeça e brincos de cereja nas orelhas!
A malta riu-se muito, pensava que era a Fada da Primavera.
O pior foi quando começou a cantar. Era assim:
“Minha bela cerejeira,
Abraça-me c’os teus raminhos.
Para Angola, já, em força,
P’ra civilizar os pretinhos.
Mussolini, o teu retrato,
Tenho na escrivaninha.
Toda a noite eu por ti rezo,
P’ra que ganhes a guerrinha”
Aqui entrou a bengala do contra-regra e saiu na bisga pela direita.
Pois tem pouco interesse, como tinha o programa do querido líder anterior antes de lhes ir ao bolso.
WC Pato. Não faz quaqua mas parece um pato.
Pois, realmente, já chega.
Declarou o Venturoso Enviado, dirigindo-se, supostamente, a Rui Rio:
“Estes joelhos só se vergam para beijar a pátria.”
Ficamos então a saber que o Venturoso Enviado situa a pátria a um nível abaixo dos tomates.
Temos de admitir que a pátria está muito em baixo. E só um beijo do Venturoso príncipe a salvará.
Como poderemos apressar esse momento sem recurso a um porrete pelas costas abixo? Eis a premente questão.
Resta saber se (1) os agressores agrediram a vítima por esta ser homossexual ou por outro motivo qualquer, e se (2) a vítima falou verdade quando relatou a agressão e quando identificou os agressores perante a polícia.
Ambas as coisas só poderão ser devidamente apuradas em tribunal.
‘Numa senhora nem com uma flor’, regra antiga que dada a igualdade de género tem aplicação extensiva…
A habitual conversa entre a esquerda Berloque, aqui representada pelo Maio, e a maioria da população:
— o Chega é salazarista!
— e…?
— o Chega é racista!
— e…?
— o Chega é homofóbico!
— e…?
— o Chega são serial killers zombies nazis canibais!
E por aí abaixo. A gritaria cada vez mais estridente, a indiferença cada vez maior. Lembro o debate das presidenciais entre a Matias e o Ventura: o olhar dela chispava. Nem disfarçava o desprezo. Ela era a boa da fita, a pessoa superior que ali vinha desancar o vilão. Ora ele teve mais do TRIPLO dos votos dela.
Comprovadamente não funciona, Maio. Nem funciona comigo, e até estou do seu lado. Porque o que temos não serve. Repito: esta trampa não serve. Por isto, as suas prioridades não são as minhas.
A extrema-direita, o Ventura, as lindas vitórias woke, para mim tudo isto é ruído. A prioridade é mudar esta trampa.
Vá explicar aos jovens que são ruído e para tarem caladinhos.