quatro décadas de merda

Uma mulher de Portimão, presa desde Agosto de 2019 viu a sua pena ser suspensa pelo Supremo. Com 67 anos, estava condenada por tentativa de homícidio do marido, um acto que cometeu em defesa da sua vida e dos seus filhos. Condenada inicialmente a seis anos, acabou por ser libertada esta semana. Mas pouca será a verdadeira liberdade. [Read more…]

O funcionário da Salsa que foi despedido por criticar o presidente da Câmara Municipal da Trofa

Primeiro, vamos aos factos.
Um funcionário de longos anos da Salsa, quadro da empresa que fora responsável pelas vendas no leste da Europa, é avisado de que não poderá continuar a trabalhar na empresa enquanto escrever no seu blogue pessoal contra o presidente da Câmara Municipal da Trofa.
O funcionário recusa a intromissão da entidade patronal na sua vida privada e a coisa resolve-se com a sua saída da empresa e uma indemnização que atinge os 5 dígitos.
O funcionário é o João Mendes, meu amigo e autor do Aventar. O blogue é o E a Trofa é minha.
Perguntei ao João se podia escrever sobre um assunto que já conhecia há algum tempo mas que ele acabara de assumir sem rodeios no Facebook. Mostrou-se preocupado com a minha segurança, mas eu não. Assim como assim, não há melhor seguro de vida do que este.
Depois dos factos, vamos às considerações.
A Salsa tem 120 lojas próprias e está presente em centenas de outras lojas em 35 países espalhados por todo o mundo. Conta com mais de mil funcionários, numa actividade que, para além da produção própria, inclui a prestação de serviços a marcas externas como a Ralph Lauren, a Zara ou a Massimo Duti.
O que leva uma empresa deste calibre a subjugar-se desta forma ignóbil aos pequenos caciques do concelho onde está sediada?
Como é que uma empresa mundial consegue ser ao mesmo tempo tão paroquial e tão pequenina na relação com o poder político da terrinha? [Read more…]

Os artistas de circo na hora da morte de Otelo

Capaz de defender tudo e o seu contrário: eis o bufão-mor.

Honra lhe seja feita:

   A morte do Otelo e a posterior decisão de António Costa de não decretar luto nacional, teve o condão de pôr os mais acérrimos críticos do primeiro-ministro a beijar-lhe os pés.
   Ler o João Miguel Tavares, o pinscher da opinião política, a louvar Costa por esta decisão, não só é lindo (o amor tudo supera), como é, ao mesmo tempo, embaraçoso. É preciso lembrar que esta gente é a mesma que, há uns meses, depois do inconsequente derrube de estátuas, veio defender, com o ar mais paternalista do mundo, que “é…preciso…enquadrar…na…época…não…podemos…julgar…com…os…olhos…de…2020…o…que…se…passou…em…1920!”. Teriam razão, se, agora, não se prestassem a fazer estas figuras quando o tema é Otelo, usando, como combustível, as FP-25 (e isto também é gente que tem zero para dizer acerca das spínoladas e do MDLP).
   Ainda assim, é natural: a postura de reaccionarismo, típica da direita em Portugal, leva-os a cair neste ridículo vezes sem conta. Não se cuidem, não…

Fotografia: José Carlos Carvalho