Rui Rio, a bazófia e as sondagens que passaram de manipuladas a credíveis

Segundo Rui Rio, António Costa está na iminência de perder as eleições. Estranha afirmação, vinda de alguém que anda há anos a desvalorizar e a gozar com as sondagens, que são, literalmente, o único indicador de que dispõe para chegar a uma conclusão destas. Ou será que, agora que lhe são favoráveis, se tornaram credíveis?

Até há poucos dias, Rio estava a fazer uma campanha inteligente, facilitada pelo clima de guerrilha que se vivia à esquerda e que concentrava em si o grosso dos holofotes, apesar de uma ou outra ambiguidade comprometedora. Entretanto, as tracking polls começaram a encurtar a distância entre PS e PSD, com o PSD a ultrapassar o PS em algumas, e o que fez Rui Rio? Esqueceu-se da estratégia que o levou até ali, encheu-se de bazófia e já se apresenta como vencedor antecipado.

Para quem é tão experiente nestas andanças, o líder do PSD já devia saber que o excesso de confiança para efeitos de show-off tem um enorme potencial para dar asneira. Mas o cheiro a poder enebria, de tal forma que até Luís Montenegro já aparece ao lado de Rio em campanha. Não sei se me precipitei quando apostei, há dias, na vitória do PSD, mas confesso que também não esperava este plot twist de bazófia. A parte boa é que isto se está a tornar mais interessante. Por um lado temos Costa, que redescobriu a importância da negociação e enfiou o sonho da maioria absoluta no sítio de onde nunca devia ter saído, por outro temos Rio, que deixou a humildade em casa e já acha que ganhou as eleições. Quem diria que dois políticos tão rodados poderiam ser tão ingénuos?

Não é vitória. É castigo

Em 2001, Fernando Gomes perdeu a Câmara do Porto, por castigo.

Foi o preço por ter aceite trocar a cidade do Porto, pelas delícias do estatuto de Ministro-adjunto e da Administração Interna na capital do império em 1999, em pleno mandato de Presidente da Câmara do Porto.

As gentes do Porto não gostaram da troca. E, tal como a mulher abandonada que vê à porta o marido regressado da casa da amante, porque as coisas não deram certo, as gentes do Porto bateram-lhe com a porta na cara.

Rui Rio, contra os oráculos, tornou-se presidente da Câmara do Porto, porque Fernando Gomes foi castigado pela infidelidade.

Ontem, as gentes de Lisboa não deram a vitória a Carlos Moedas: castigaram Fernando Medina.

O socialista, há poucos dias, tinha sido considerado pela esmagadora maioria dos inquiridos numa sondagem, como mais arrogante do que Carlos Moedas.

Foi a permanente arrogância de Fernando Medina, a principal razão do castigo. E o caso das informações às embaixadas – e, pior, o modo como lidou com todo o processo a salvar o seu gabinete de apoio e queimar na praça pública um funcionário -, caiu mal. Muito mal.

Até porque os valores de Abril, são queridos por muita gente que não é comunista ou sequer socialista. É gente de um centro social-democrata que sem cravos ao peito, defende, também, a democracia, a liberdade, a igualdade, o direito à manifestação, à privacidade, à inviolabilidade da sua correspondência e o respeito pela dignidade da pessoa humana. E, também, não suporta bufice. [Read more…]

Sócrates, Coelho e a Nossa Senhora de Fátima

nuvem

Como é habitual, abro o computador de manhã, hoje para ler os comentários sobre o debate dos candidatos a Primeiro-ministro de Portugal, e nada de novo encontro. Reflexo do próprio debate de ontem à noite.

A reiteração da crise económica que afecta o país é uma temática ouvida vezes sem fim desde finais de 2010. Ontem, não houve novidade, talvez os candidatos com esta estratágia procurem convencer eleitorado fora dos seus partidos. Estou certo que os membros do PS e do PSD devem aplaudir para animar os seus amados confrontantes.

Fiquei surpreendido ao ouvir a temática da crise económica. Não havia motivo nenhum para continuar com uma temática que está mais do que resolvida, com os empréstimos que o mal fadado FMI já resolveu. Ou os empréstimos da Alemanha, da Finlândia que mudou de posição e do não passou ao sim, e os fundos da União Europeia reservados para crises dos seus Estados Membros, quase esgotados a partir da Grécia, da Irlanda e, evidentemente, de nós. [Read more…]

Bento XVI quer diálogo com os ateus!!!

Bento XVI quer diálogo com os ateus!!!

 Li o post do amigo João José Cardoso, intitulado a “arrogância dos ateus”, frase proferida por D. José Policarpo na mensagem natalícia. Apesar de o post de João José Cardoso ser curto, diz tudo, e, de facto, acaba como deve: “Não vou perder tempo com isso”. Seria a melhor solução.

E eu seguiria de bom grado o conselho do amigo João, marimbar-me-ia para estes disparates, se gostasse que me comessem as papas na cabeça, e se não tivesse recebido, logo a seguir, um texto enviado por um amigo do Canadá intitulado:”Papa deseja criar espaços de diálogo com agnósticos e ateus”.

 Bento XVI assegurou que a Igreja precisa criar espaços de diálogo e de encontro com agnósticos e ateus, que em algumas sociedades representam um grande número de pessoas. Acrescento eu que está mais ou menos calculado que mais de metade da humanidade é ateia. Mas porque quer BentoXVI criar estes espaços de diálogo, com os filhos do diabo?

“Quando falamos de uma nova evangelização”, diz ele, “talvez essas pessoas se assustem. Não querem enxergar-se convertidas em um objecto de missão, nem renunciar à sua liberdade de pensamento e de vontade. Mas a questão sobre Deus segue desafiando-os” (a mim não, e creio que nenhum ateu sente esse desafio), “ainda que não possam crer no carácter concreto de sua atenção por nós. Penso que a Igreja também deveria abrir hoje uma espécie de ‘pátio dos gentios’, onde os homens possam, de alguma forma, manter contacto com Deus, sem conhecê-lo, antes de encontrarem o acesso a seu mistério, a cujo serviço se encontra a vida interior da Igreja” (a vida interior de muitos, que os há,…acredito,  a vida exterior da igreja não, essa seria a vergonha de deus).

“Ao diálogo com as religiões deve-se acrescentar hoje todo o diálogo com aqueles que enxergam a religião como algo estranho, aqueles que desconhecem Deus” (os burros, os cegos de espírito) “e que, todavia, não gostariam de permanecer simplesmente sem Deus”, (quem o diz?) “mas aproximar-se dele, ao menos como Desconhecido” (quem disse tal coisa tão disparatada?). [Read more…]

A arrogância dos ateus

Não conheço arrogância superior à da fé. Quando me asseguro que o Porto vai ganhar o campeonato porque é o maior estou a ser arrogante, na minha fé. Já se utilizar algumas evidências estatísticas revelarei alguma humildade, embora o campeão  em prognóstico seja o mesmo.

Vem isto a propósito da mensagem natalícia do Cardeal Policarpo, que nos acusa a nós, ateus, de sermos arrogantes. Deixe-se estar. Não lhe vou sequer lembrar que se a nossa cultura está marcada pelo cristianismo tal se deve a uma imposição violenta: até ao século XIX a religião era obrigatória, pagar os dízimos à igreja uma imposição legal, e assim, à porrada, também eu convertia o país à minha fé clubistíca. Tinha de reconhecer aos crentes a humildade que não têm, e não vou perder tempo com isso.