Leio por aí, nas redes e na imprensa, várias pessoas que defendem uma intervenção directa da NATO no conflito. Vejo-as ser confrontadas por outras pessoas, a meu ver mais sensatas, que lhes dizem:
- Então e se isso levar a uma escalada nuclear?
Ao que essas pessoas respondem algo como:
- Que se lixe! Temos que fazer justiça pelo povo ucraniano, doa a quem doer.
Isso, fazer justiça. Tudo muito bonito, tudo muito poético, principalmente se aparecesse um James Bond no último minuto, para desactivar o missel balístico intercontinental com o nuke lá dentro, ao qual estaria amarrada uma lindíssima Bond girl, a jeito de ser salva e beijada pelo galã. Acontece que esta merda não é Hollywood e, havendo quem queira mesmo morrer, mais vale ir para a Ucrânia combater. Sempre será mais útil à causa.
Infelizmente, isto não é o Iraque. Estes têm mesmo armas nucleares. E um ataque directo da NATO, ainda que em defesa da Ucrânia, desencadeará uma resposta que pode levar a uma guerra nuclear, e, por conseguinte, à morte da esmagadora maioria da população europeia e mundial, deixando os sobreviventes reféns de um planeta altamente tóxico e em ruínas, sem comida, hospitais ou infraestruturas de apoio. Seria o fim da civilização como a conhecemos. E os sobreviventes, uma minoria de testemunhas traumatizadas do apocalipse nuclear, seriam transportados para a pré-história, doentes e deformados, com a diferença que os ecossistemas estariam maioritariamente destruídos. Seria este, não outro, o resultado final da alternativa de quem defende que a NATO deve atacar os russos: a extinção.
Bem sei que isto é uma merda e que meio mundo, onde me incluo, gostaria de espetar um balázio naquele cabrão. Mas sacrificar a quase totalidade da população mundial, para não dizer toda, porque estamos indignados é uma estupidez. Perdoem-me a frieza, mas era preciso dizê-lo. Se acreditam em Deus, chame-se ele Javé, Alá ou Buda, rezem para que a NATO e a Rússia não batam de frente. Porque o mais provável é ir tudo no 15. Vocês, os vossos filhos, os vossos pais, os vossos irmãos, os vossos avós, os vossos tios e primos, os vossos amigos, a malta que trabalha convosco e os vossos animais de estimação. É uma merda, mas é o que é.
Se o governo eleito pelos ucranianos sair de uma capital atacada por forças estrangeiras e se retirar para junto da fronteira polaca, definir uma no fly zone limitada em área, não seria acção desproporcionada.
Ou vamos ter os russos na fronteira da Polónia?
Ou quando vão parar os russos as suas ‘operações militares’ que não são invasões?
Pois, atenção Mendes!
Está aqui mais um a pedir!
Saia um apocalipse nuclear quentinho para o JgMenos!
Não é desproporcional, não senhor! Se nós matarmos mais russos que eles europeus, ganhamos nós!
As linhas das fronteiras também aparecem no céu e nos radares para todos os lados saberem, vá, ao metro até onde podem ir?
A Ucrânia pode definir o que quiser; atacar um avião continua a ser um acto de guerra.