
Pela glória de Sua Majestade, deram os seus bravos cavaleiros cabo do sonho londrino de Roman Abramovich. Quando comprou o Chelsea, em 2003, ocupando na altura o cargo de governador de Chukotka, onde se manteve até 2008, as mãos de Abramovich não estavam sujas. A sua eleição, para um oblast tão longínquo que está mais perto de Washington DC do que de Moscovo, terá seguramente sido limpa e transparente. A sua fortuna relâmpago, estratosférica, terá seguramente resultado do trabalho árduo e do seu génio fora de série. E as ligações a Putin, é sabido, remontam a 24 de Fevereiro de 2022, quando ambos se conheceram e Abramovich sujou as mãos. A mão pesada de Londres é implacável. Os oligarcas russos que andam há anos a enviar remessas para o Palácio de Westminster que o digam.
Uma das coisas mais intrigantes para mim é o forma como estes estalinistas convictos, com uma “fé inabalável no comunismo”, depois de se converterem ao capitalismo de uma forma quase voraz, ficam insaciáveis.
Nós por cá também temos alguns espécimes raros, talvez não tão grotescos com o Abramovic, mas recordo por exemplo, Luís Filipe Pereira, na CUF, Joaquim Pina Moura, na Iberdrola, já falecido, Vital Moreira, na EDP, tudo gente convertida ao rentismo.
É quase como se não tivesse havido comunismo e os sucessores ao regime tivessem sido escolhidos a dedo!
Não são assim tão raros.
Já ouviu falar do João Carlos Espada, o “Churchill” cá do burgo?
O homem foi funcionário da UDP e do PCP(R). Era membro do comité central e foi até encarregado de integrar a direção da organização estudantil da UDP, a UEDP, como controleiro contra eventuais “desvios” ideológicos.
Mais tarde foi diretor do jornal “Voz do Povo”. Aproveitou uma cisão no PCP(R) para sair. Passado nem três meses já era retintamente de Direita, “Curchilliano desde pequenino”.
E escusa alguém de procurar tais factos nas suas biografias. Foi tudo apagado. Onde é que eu já vi isto?
Uma vez fartei-me de rir com uma crónica que começava com uma queixa sobre a falta da existência de comemoração oficial do 25 de novembro e, pelo meio, dissertava sobre casacas e vestidos de noite… Era esta:
https://www.publico.pt/2015/11/30/politica/opiniao/celebrando-o-25-de-novembro-em-londres-1715944
Que levou a uma resposta com bastante piada do Louçã:
https://blogues.publico.pt/tudomenoseconomia/2015/12/02/nao-ha-nada-como-uma-casaca-alinhada-e-dar-gracas-ao-altissimo-em-latim/
Ora o homem esqueceu-se é de dizer onde é que estava no tal 25 de novembro. Talvez numa reunião do Comité Central do PCP(R)…sim, numa em que discutiram se se alinhava com a “malta do gatilho”…