Na foto, podemos ver as obras de construção, no Porto, do futuro Belas Artes Hotel do grupo Mercan, entre o jardim de S. Lázaro e a Batalha e quase em cima do restaurante Nova Luanda e da habitação que o sobrepuja.
Tudo bem, a Câmara Municipal emitiu a respectiva licença. Tudo legal. Ou não fosse o município de Rui Moreira um velho parceiro de negócios do grupo Mercan (a Selminho não estava disponível?)
Não percebo nada do mundo dos negócios. Mas vejo que o Mercan é um grupo com sede no Canadá, cuja principal actividade é a consultoria a nível de imigração. Está especializada nos sectores da imigração, investimento e recrutamento de estudantes e trabalhadores estrangeiros.
Não percebo realmente nada do mundo dos negócios, mas consigo ver que o futuro Belas Artes Hotel aparece publicitado como um investimento de grande valor pela empresa Mercadia Cambodia. Esta parece fazer parte do grupo Mercan e tem a sua sede em Phnom Penh, no Cambodja.
Os eventuais interessados em investir no projecto, cujo custo total ultrapassa os 15 milhões de euros, terão de desembolsar 350 mil euros. A grande vantagem apontada é a possibilidade de aceder ao Golden Visa Portugal 2022. Ou seja, os famosos Vistos Gold.
São 44 os investidores previstos.
A própria página da Mercadia Cambodia no Facebook publica constantemente posts sobre como conseguir um visto Gold em Portugal. Parece ser o único projecto da empresa.
Mercan? Mercadia Cambodia? Canadá? Cambodja? Imigração? Vistos gold? Adiante.
Tudo parecia correr bem nas obras do Belas Artes Hotel. O problema foi quando apareceram os problemas. Porque construir um monstro daqueles praticamente em cima de um pequeno edifício como é o do Nova Luanda teria de dar problemas.
E se logo no início foi o cabo dos trabalhos para obrigar o construtor a colocar uma armação de ferro para proteger o restaurante, agora está pior.
As obras começam a implicar directamente com o edifício adjacente e, ao mesmo tempo, veio a chuva.
Copiosas infiltrações, tectos destruídos e uma família que simplesmente não pode dormir nem abrir o seu negócio.
É o «glamour» do capitalismo em todo o seu esplendor.
À minha frente, o responsável pela obra disse ao dono do restaurante que primeiro tem de terminar a construção do hotel e que depois logo se vê. Que é como quem diz «primeiro vamos gastar os 15 milhões e depois usamos 2 ou 3 mil para lhe arranjar a casa».
A Câmara do Porto? Não consta que esteja preocupada com o assunto.
Quem de direito? Só ficará preocupada quando morrer alguém.
Entretanto, alguns não estão a conseguir dormir durante as últimas noites. Mas aposto que muitos outros têm dormido tranquilamente. No Porto, no Canadá, no Cambodja ou na puta que os pariu.
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