O grupo Mercan, um hotel no Porto, os vistos Gold e o restaurante Nova Luanda


Na foto, podemos ver as obras de construção, no Porto, do futuro Belas Artes Hotel do grupo Mercan, entre o jardim de S. Lázaro e a Batalha e quase em cima do restaurante Nova Luanda e da habitação que o sobrepuja.
Tudo bem, a Câmara Municipal emitiu a respectiva licença. Tudo legal. Ou não fosse o município de Rui Moreira um velho parceiro de negócios do grupo Mercan (a Selminho não estava disponível?)
Não percebo nada do mundo dos negócios. Mas vejo que o Mercan é um grupo com sede no Canadá, cuja principal actividade é a consultoria a nível de imigração. Está especializada nos sectores da imigração, investimento e recrutamento de estudantes e trabalhadores estrangeiros.
Não percebo realmente nada do mundo dos negócios, mas consigo ver que o futuro Belas Artes Hotel aparece publicitado como um investimento de grande valor pela empresa Mercadia Cambodia. Esta parece fazer parte do grupo Mercan e tem a sua sede em Phnom Penh, no Cambodja.
Os eventuais interessados em investir no projecto, cujo custo total ultrapassa os 15 milhões de euros, terão de desembolsar 350 mil euros. A grande vantagem apontada é a possibilidade de aceder ao Golden Visa Portugal 2022. Ou seja, os famosos Vistos Gold.
São 44 os investidores previstos.

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Ignorante, cruel e elitista: eis o negacionismo de Maria Vieira

Na passada semana, no Canadá, as temperaturas atingiram valores próximos dos 50°. Na Columbia Britânica, foram reportadas 500 mortes súbitas, um aumento de cerca de 200% face ao período homólogo. Um incêndio na vila de Lytton, cujas causas estão ainda por apurar, levou à imediata evacuação de todos os suas habitantes e, pura e simplesmente, deixou de existir, devido a uma mistura explosiva de trovoada, ventos fortes e temperaturas elevadíssimas, nunca antes registadas.

A Amazónia, segundo um estudo recentemente mencionado pela revista Visão, já estará a emitir mais gases com efeito de estufa de que a absorver, em larga medida devido a combinação de acelerada desflorestação e expansão da agropecuária e da monocultura da soja. Em Madagáscar, a zona sul do país secou, e a fome instalou-se porque os solos deixaram de ser aráveis. Desesperadas, as populações alimentam-se de gafanhotos e cactos. [Read more…]

American Freak Show

Cartoon: Taylor Jones

Do outro lado do Atlântico, na Land of the Free, a democracia continua a monte, com o cerco neofascista a apertar-se a cada dia que passa. Dos muitos atropelos que poderiam ser aqui destacados, que são cada vez mais e se sucedem a um ritmo preocupante, o que vos trago hoje prima pela bizarria e revela um país cada vez mais autoritário, paranoico e radical. Um país em processo de regressão civilizacional, onde grupos de fundamentalistas religiosos, políticos fanáticos e terroristas financeiros, que encontraram em Trump o bobo perfeito para animar o seu freak show sem escrúpulos, dão hoje cartas. Como nunca. [Read more…]

Uma besta é uma besta

Para justificar as novas tarifas alfandegárias para produtos canadianos, Trump precisava de alegar que a importação de aço e alumínio era uma ameaça para a segurança. E como a justificou ele?

«Trump asked, according to CNN: “Didn’t you guys burn down the White House?”»

Só dois detalhes. Foram tropas britânicas e foi em 1814.

“The White House was burned by British troops in 1814 as part of a failed invasion of the mid-Atlantic, more than 50 years before the signing of Canada’s confederation paved the way for the founding of modern-day Canada.”

No entanto, a verdade para Trump e seus correlegionários não deve estragar uma boa história. Fica aqui esta nota também para os deslumbrados portugueses que por aí vão debitando coisas.

[imagem]

Actualização: link para as citações.

Tem tudo para correr bem!

A FIFA entregou a organização do Mundial de 2026 à candidatura conjunta do México, EUA e Canadá, o que é uma excelente notícia, porque tem tudo para correr bem. Pelo menos a julgar pelo estado das relações entre os três países, com especial destaque para esse portento da diplomacia em que se transformou a América de Trump.

Por falar em trogloditas, será que Donald Trump termina o muro que os mexicanos vão pagar, a tempo do Mundial que vão organizar em conjunto com o Canadá do “desonesto e fraco” Trudeau? Ou será preciso chamar o “talentoso” Kim Jong para meter ordem na casa?

 

“Comércio Livre”- Para quem?

CETA: Acordo Económico e Comercial Global entre a União Europeia e o Canadá (CETA), um Acordo de “comércio livre”, leia-se: auto-estrada para o capital transnacional, subordinação da soberania nacional, instrumento de ataque ao planeta.

Vejamos porquê:

  • O Canadá é o rei do mais sujo petróleo do mundo, extraído de areias betuminosas. O petróleo assim produzido tem colossais custos ambientais, muito superiores aos dos combustíveis fósseis convencionais. Na região de Alberta, no oeste do Canadá, áreas imensas de bela floresta boreal são dizimadas e transformadas em desoladas paisagens lunares, com montanhas de enxofre e enormes lagos artificiais cheios de caldo altamente tóxico composto por substâncias como o cádmio, arsénio, mercúrio e hidrocarbonetos cancerígenos – que lá ficam, a céu aberto, infiltrando-se até envenenarem as águas subterrâneas e funcionando como armadilhas monstruosas para os animais selvagens. Porque a extracção do “ouro negro” das areias requer quatro a cinco barris de água para a obtenção de um barril de petróleo, a indústria do petróleo usa e abusa do rio Athabasca, ameaçando os ecossistemas da área, matando peixes e destruindo a base de subsistência de povos indígenas. A incidência de cancro na região é 20% superior à do resto do país. O processo de extracção exige também descomunais quantidades de energia, libertando correspondente quantidade de gases de efeito de estufa (GEE), causa do aquecimento global.

A contaminação da água, solos e ar resultante da exploração das areias betuminosas catapultou o Canadá para um dos primeiros lugares de emissão de GEE per capita a nível mundial. [Read more…]

Fazendo um desenho para explicar

Onde é que fica o Canadá?

A Sr.ª Cristina Miranda resolveu tecer umas quantas considerações tituladas “Porque Arde Tanto Portugal?“.  Não sendo pessoa de deixar o assunto pela rama, assim me parece, encontrou um conjunto de explicações para este nacional desígnio dantesco.

Tal como acontece nos testes de escolha múltipla respondidos aleatoriamente, algumas opções estarão certas, outras estarão erradas. Entre as respostas, parece-me ler um dedo acusador ao Estado, negligente, se bem que esta tese não explique como é que as matas nacionais da orla costeira têm ardido menos, comparando com cenário nacional. Nem explica, também, como é que Mação voltou a arder, mesmo quando o Estado fez tudo bem, segundo dizem. [Read more…]

O anti-Trump

Justin Trudeau; Kathleen Wynne

A norte do reino de Donald Trump, uma nação próspera é administrada por um governo multicultural. As cartas que a saudosa Fernanda nos escrevia ilustravam bem essa realidade. Nessa nação, liderada por um liberal pouco dado à selvajaria daqueles que usam a designação para justificar o totalitarismo dos mercados e a exploração contemporânea, existe espaço para todos, independentemente da sua cor ou religião, o que nos permite, em certa medida, perceber o avançado estado civilizacional em que se encontra o Canadá. [Read more…]

O rei vai nu – denuncia Piketty

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É posta deste modo a nu por Piketty a esquizofrenia e hipocrisia dos “tratados de comércio livre”, com especial referência ao CETA :

“Não deveriam ser assinados mais acordos internacionais que reduzam os direitos aduaneiros e outras barreiras comerciais sem que sejam incluídas medidas quantificadas e vinculativas para combater o dumping fiscal e climático nesses mesmos tratados. Por exemplo, poderiam conter taxas mínimas comuns de imposto sobre as sociedades e metas para as emissões de carbono que possam ser verificadas e sancionadas. Não é possível continuar a negociar tratados de comércio livre sem nada em troca. Deste ponto de vista, o CETA, o acordo de comércio livre UE-Canadá, deve ser rejeitado. É um tratado que pertence a outra era. Este tratado estritamente comercial não contém absolutamente nenhuma medida restritiva em matéria fiscal ou climática. Faz, porém, considerável referência à “protecção dos investidores”, permitindo às multinacionais processarem os estados em tribunais de arbitragem privados, contornando os tribunais públicos disponíveis para todos “.

Os nossos governos andam a brincar aos samurais contra o aquecimento global na cimeira do clima em Marraquexe, fazendo de conta que não notam – e atirando-nos muita areia para os olhos – que com os seus acordos de “comércio livre” promovem exactamente o oposto; e, da mesma assentada, fazem-nos reféns do grande capital. Como de parvos nos fazem!

Vale a pena saber como os deputados portugueses no Parlamento Europeu vão votar em relação ao CETA. Peça-lhes para votarem contra, aqui : https://www.nao-ao-ttip.pt/ceta-check/

Ficaremos assim também a saber qual é o conceito de democracia dos nossos eurodeputados, indicado pelo facto de responderem, ou não, aos cidadãos que legitimam a sua presença no PE.

Postcards from Canada #7

‘A raging torrent of emotion, that even nature can’t control – Niagara’*

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Há um filme de 1953, de Henry Hathaway, cujo trailer* começa assim… uma torrente de emoções que nem a natureza pode controlar… ao mesmo tempo que vemos as águas precipitando-se furiosa e descontroladamente formando as cataratas do Niagara. O filme tem, entre outros, Marilyn Monroe no papel de vilã. Há uma fotografia tirada durante a rodagem desse filme, no Tower Hotel, o mesmo onde estou. O restaurante do 26º piso chama-se também Marilyn.
 
Eu estou no 27º piso do Tower Hotel que basicamente parece um depósito de água. Uma coluna altíssima onde apenas existem os elevadores e no cimo dela 4 ou 5 andares, em redondo, formam o hotel. Quando reservei vi a torre, mas não me apercebi que o hotel era a própria torre. Reservei igualmente um quarto com ‘city view’, porque os com ‘falls view’ eram demasiado caros. Qual não foi, assim, o meu espanto, quando entrei no quarto, que é praticamente todo envidraçado, e dei de caras com as cataratas. Não as Horseshoe falls, as canadianas, mas as mais modestas (mas não menos impressionantes) American falls. Ganhei o dia e esqueci as vertigens. Passei longos momentos sentada no parapeito interior da janela a olhar para aquilo e a pensar ‘que maravilha’. É, de facto, uma maravilha a vista. Ainda há bocado as cataratas iluminaram-se de várias cores e eu estava feita parva, de boca aberta, do alto do depósito de água a olhar para aquilo e a sentir um misto de admiração e crítica.

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Postcards from Canada #6

‘One word isn’t all I am’

 
O Congresso acabou hoje. Da parte da tarde moderei as duas sessões do segundo grupo de trabalho que organizei com o Pavel que (creio que já o disse) não pode vir. A sessão é sobre os imaginários urbanos acerca do mundo rural e a forma como os mesmos moldam os territórios locais. Há apresentações da Irlanda, do Japão, da Islândia, dos Estados Unidos, da República Checa e a minha, de Portugal. É interessante observar que os processos e as dinâmicas de reconfiguração, por um lado, e as representações sociais (urbanas principalmente) sobre o rural, são idênticos em toda a parte. É a globalização, estúpida! Claro. Ou o McRural*, como eu gosto de lhe chamar. As apresentações são interessantes e a discussão, especialmente na última sessão, mais ainda. Fico contente com isto. Gosto do meu trabalho, e de trabalhar no que gosto, já se sabe. Gosto tanto que muitas vezes (talvez demasiadas, embora ultimamente menos) ocupo os meus ‘tempos livres’ a trabalhar.
 
A seguir ao fim do Congresso, resolvo vir a pé até ao hotel, com a desculpa de que, como hoje choveu em Toronto, está mais fresco e o passeio de cerca de 20 minutos far-se-á bem. De facto, choveu em Toronto e parece que se respira melhor nas ruas e que o ar não está tão pesado. Mas foi um erro vir a pé. Primeiro porque me enganei, por incapacidade de localizar o norte onde quer que me encontre. Quando dei por mim, tinha ido justamente para norte quando deveria ter caminhado para sul. Mal me apercebo do erro, uns 4 quarteirões depois, volto para trás pela Yonge st., passando novamente a Dundas Square e caminhando em direção à Queen st East. Quando chego a esta rua apercebo-me também do outro erro: não está mais fresco em Toronto. A humidade faz, juntamente com o calor, um efeito de sauna e estou a transpirar abundantemente (como, creio, nunca transpirei na vida). Sabe-se que não devemos estar numa sauna mais de 10 minutos seguidos, ao fim dos quais devemos tomar um duche frio. Pois. No meio da Queen st East não há, infelizmente, duches e a chuva parou de cair já há umas horas.
 

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Postcards from Canada #5

26 feels like 36, Art, Live Jazz, Cristiano Ronaldo and Spring Rolls

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Está um calor insuportável em Toronto, desde que cheguei. Um calor com excessiva humidade que torna impossível caminhar sem nos desfazermos em água. O calor agrava-se perto dos edifícios, provavelmente por causa de tanto aparelho de ar condicionado. Sei que dificilmente se sobreviveria aqui sem ar condicionado mas é estranho pensar que aquilo que nos refresca contribui também para que as ruas se tornem mais quentes.
Toronto não é por muitas razões uma cidade agradável. Quero dizer, é uma cidade agradável mas contém (como todas as cidades) muitas contradições. As obras em muitas ruas, por exemplo. Os sem abrigo nos parques e nas ruas. O mau cheiro que se sente em demasiados sítios. As ‘traseiras’ de algumas ruas principais, com os seus parques de estacionamento, os seus espaços vazios, as suas casas em ruínas ou danificadas, que são como feridas abertas na modernidade ‘clean’ que sentimos ter a cidade, ao primeiro olhar.

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Postcards from Canada #4

The best is yet to come or my future life at Ikaria, in Greece

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Hoje levantei-me ainda mais cedo que o costume. Eram 7 da manhã e estava eu a pé. Desculpem tantas menções à hora de levantar. Já se sabe que sou noctívaga e estas horas parecem-me tão absurdas que tenho de falar sobre elas. Claro que 7 da manhã aqui equivale ao meio dia em Portugal. Novamente, suponho que afinal os meus hábitos não tenham sofrido grandes alterações. Apenas mudei de localização e fuso horário.
 
Levanto-me a estas horas porque tenho hoje, a partir das nove, a responsabilidade de moderar uma das duas Sessões de Trabalho que co-organizei com o Pavel (que não está em Toronto). A outra será no sábado de tarde. As apresentações correm bem, pese embora a reduzida audiência. O Congresso Mundial de Sociologia Rural tem mais de 70 Sessões de Trabalho e diante de tanta oferta há evidentemente uma grande dispersão dos congressistas. Ao meio dia termina esta Sessão de Trabalho sobre os impactos do turismo rural nas comunidades locais e saio para o sol abrasador da Dundas St West. Caminho uns escassos minutos até à Dundas Square – aparentemente a Times Square de Toronto – e como por ali uma coisa qualquer até serem horas de voltar ao congresso.

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Postcards from Canada #3

Black squirrels, Real Utopias, the Best Country in the World and… Little Portugal

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Também hoje o dia começa cedo. Acho que me habituei bem à diferença horária, devido ao facto de ser noctívaga. Finalmente encontrei uma parte do mundo onde poderia aparentemente ter horários como os das outras pessoas.
Assim, são 8 da manhã quando salto da cama. Depois do pequeno almoço rumo ao G for Gelato, um sítio aqui mesmo à beira do hotel, no cruzamento da Jarvis st com a Adelaide st East que descobri ontem à noite depois de me ter enganado na rua para onde queria ir. Há acasos felizes. Este foi definitivamente um deles. Um café expresso excelente em vez dos baldes de água suja que te servem noutros sítios, incluíndo no próprio hotel. Ontem maravilhei-me diante do anúncio do café e perguntei ao empregado: ‘is that real expresso?’. Ele tirou-me um e disse: ‘depois diga-me o que achou’. Bebi um gole e exclamei: ‘just perfect’. De facto. Tão perfeito que hoje lá voltei a saboreá-lo e palpita-me que nos próximos dias assim será. Saí do café, fumei um cigarro no banco que têm à porta e segui pela Jarvis st abaixo até reencontrar o St. Lawrence Market para voltar a apanhar o autocarro turístico (já que o bilhete era de 48 horas). Saio duas paragens depois no Distillery Historic District que me tinha ficado debaixo de olho no passeio de ontem.

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Postcards from Canada #2

More than enough

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Amanheço cedo demais. Ainda não são 8 horas e já estou de olhos abertos. Bem sei que em Portugal é uma da tarde. O meu relógio biológico adaptou-se, parece-me, bem às cinco horas a menos. Depende sempre tudo da perspetiva, evidentemente, e talvez eu tenha amanhecido tarde, afinal.
Mas para o Canadá e para os meus hábitos – não considerando a diferença horária – amanheço cedo. Tomo um pequeno almoço que não sei qualificar muito bem. Não é que seja mau, mas é apenas estranho. Para os meus hábitos, uma vez mais. Saio do hotel em direção ao St. Lawrence Market, descendo a Jarvis Street para encontrar a Front Street East. Era bom que eu soubesse sempre os pontos cardeais, mas não sei. Creio que aqui isso me trará alguns dissabores. Hoje não. Está uma manhã gloriosa. Um céu absurdamente azul, um calor que promete aumentar bastante (e assim acontecerá). Entro no mercado e está fresco. É muito organizado. Tem de tudo, como geralmente têm os mercados. Flores (girassóis a 10 dólares!), carne, peixe, fruta, pão… Ando por ali até serem horas do autocarro turístico. Apanho-o e vou por Toronto fora, quase sempre de pescoço esticado e cabeça para trás. É imperativo andar de cabeça para trás em Toronto, tal o tamanho dos edifícios. Pareço uma provinciana – sou uma provinciana – a pasmar-me incessantemente com aquilo tudo.

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Carta do Canadá: Não se pode ignorar

Autor desconhecido

Autor desconhecido

As televisões canadianas passam, diariamente, documentários da situação no Médio Oriente e na Europa. Quase todos com uma minúcia e um realismo que chega a ser insuportável à vista por terem dimensão apocalíptica. Pergunto a mim mesma, com inquietação crescente, se não estamos a assistir ao renascer do ovo da serpente perante a indiferença e o desinteresse dos povos cansados de má política. O nazismo e o fascismo não se implantaram de repente, na Alemanha e na Itália, passearam-se em manifestações por alguns anos, fizeram desacatos, puseram bombas, mataram pessoas, formaram partidos, foram a eleições. Deu mais do que tempo para as pessoas os travarem. Parece que só acordaram quando se consumou a tragédia em que morreram milhões de pessoas.

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Carta do Canadá: Canadá vira à esquerda

Justin TrudeauTem 43 anos, foi professor de matemática e monitor de desportos de Inverno. Em estudante, serviu às mesas como é de uso entre os jovens canadianos durante o verão. É o novo primeiro ministro do Canadá e chama-se Justin Trudeau. Vai, com a sua bonita mulher, criar os seus filhos na mesma casa em que ele mesmo  foi criado, na Sussex Ave, em Otava. Porque é filho de Pierre Trudeau, que foi primeiro ministro do Canadá de 1968 a 1984 e deixou uma marca inapagável no país. Homem de esquerda, pôs o Canadá independente com apoio de toda a população, mas manteve a chefia do estado nas mãos da Rainha Isabel II, o que é mais barato  e evita as confrontações de tantos em tantos anos. Fixou a construção do Canadá sobre a base do multiculturalismo. Nascido  francófono, Pierre Trudeau enfrentou com determinação patriota o movimento separatista do Quebeque. Era superiormente inteligente, culto, idealista e pragmático. Toda a nação se lhe rendeu. O seu funeral foi uma irrepetível emoção colectiva, a que se agregaram Fidel Castro e Jimmy Carter, bem como a hierarquia cristã do país. Impossível esquecer os que, nos campos e nas estações ferroviárias, esperaram horas para poder acenar a despedida ao comboio que levava a urna, de Otava até Montréal, para o seu túmulo.

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Carta do Canadá: A padeira de cracóvia

Dificilmente se perde o vício  da bica ao fim da manhã depois de uma vida inteira a alimentá-lo lá onde a pátria é de sol, sul e sal.  Só por castigo se renuncia. Ou eu assim o entendi quando cheguei ao Canadá e verifiquei que o expresso só se vendia nos cafés  italianos e vinha a ser uma mísera gota no fundo de uma chávena minúscula, e passa para cá 2 dólares, che porca miseria, che maffiosi. Suspendi, por decência. E fiquei sem alternativa porque, nesse tempo,  ainda não havia cafés portugueses, a doçaria portuguesa era vendida pelas padarias que a serviam com uma água de cozer castanhas a que tinham, e têm, o topete de chamar café regular ou canadiano. Beberagem que os canadianos engolem aos litros durante o dia, sem açúcar, de caneca na mão – como nos filmes. Mais tarde abriu o primeiro café a sério e então havia bica à maneira, abatanado e tudo quando é devido a uma alma portuguesa. Actualmente, há muitos cafés e esplanadas que enchem de cor e alegria a cidade que alberga três milhões de habitantes oriundos de 190 países.

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Negociações EU-EUA: Wikileaks publicou 17 documentos secretos

A Wikileaks publicou, no passado dia 3, 17 documentos secretos sobre o TISA (Trade-in Services Agreement), o maior componente do tratado estratégico TPP-TISA-TTIP (ler aqui sobre o TTIP).

Em Portugal, a publicação destes documentos secretos não foi notícia.

Porquê?

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Os documentos são relevantes e trazerem alguma luz a estas negociações secretas, feitas nas costas dos cidadãos e dos seus parlamentos, pelo que existe motivo de notícia. Por exemplo, foi notícia em Espanha, na Itália e na Alemanha.

Mas não em Portugal, onde o delírio da bola foi mais forte do que os acordos secretos que transformarão ainda mais as nossas vidas. Ironicamente, A Bola publicou uma breve referência ao assunto. A Computerworld também publicou um artigo, um pouco mais extenso do que o de A Bola.

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Stop TTIP e CETA

A UE pretende em breve assinar dois acordos comerciais de longo alcance : um com o Canadá (CETA = Comprehensive Economic and Trade Agreement) Canadá e outro com os EUA (TTIP = Transatlantic Trade and Investment Partnership). A linha oficial é que os acordos irão criar empregos e aumentar o crescimento económico. No entanto, os beneficiários destes acordos não são de facto os cidadãos, mas grandes corporações.

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Ódio em nome de Deus

A comunidade islâmica do Canadá está receosa. E tem razão para o estar depois dos crimes cometidos por simpatizantes dos radicais islâmicos no Quebeque e em Otava. Martin Couture-Rouleau, de 25 anos, ao atropelar dois soldados num parque de estacionamento na província francófona, tendo morto um deles, e Michael Zahaf Bibeau, de 32 anos, ao abater a tiro o soldado que fazia a guarda de honra do Soldado Desconhecido, na capital federal, invadindo depois o parlamento, tendo no final sido ambos abatidos a tiro pelas forças de segurança, quebraram uma maneira de viver nacional feita de respeito pela diversidade e pela tolerância. Segundo país maior do mundo, depois da China, apenas com 35 milhões de habitantes, ocupando lugar de destaque entre os países com melhor qualidade de vida, o Canadá é um país onde têm vivido em harmonia, respeito e dignidade, pessoas oriundas de 190 países. É um país feito por imigrantes, onde tem sido possível respirar em paz e segurança. Ao contrário do melting pot americano (ou mesmo brasileiro), o multiculturalismo praticado pelo Canadá saldou-se pela positiva na inteira liberdade com que cada grupo étnico pode ter as suas escolas, clubes, religiões e culturas.
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Alice Munro é Prémio Nobel da Literatura

Confesso que sei muito pouco sobre a autora.

A América zela pela liberdade dos europeus

Que os Estados Unidos controlem quem vai viajar para os Estados Unidos através de um acordo com a UE, vá que não vá, enfim, se querem impedir alguém de ali entrar estão no seu direito e soberania.

Agora descobriu-se em Madrid que o tal acordo permite controlar também quem faz viagens que passem pelo espaço aéreo dos EUA, ou seja, para Cuba, Canadá e México. Ora as rotas devem ser as mesmas, e portanto isto também afecta voos com partida de Lisboa. Se está nas listas negras do FBI está impedido de voar para  estes países.

Era mais simples a UE firmar um acordo assim: os nossos cidadãos só viajam para onde Washington quiser. E fechar aquilo em Bruxelas, o Capitólio chega perfeitamente.

Uma boa Troika

Troika também foi um grupo de música, canadiano, dos anos 60, formado por Robert Edwards , Michael Richards and Ron Lukawitski.

E por sinal bem interessante, na secção dos que gravaram um álbum e desapareceram do mapa. A história do grupo pode ser lida na sua página, e musicalmente destaco a faixa que dá nome ao LP filho único, Early Morning (pode descarregar o mp3, ripado de um vinil).

É também possível escutar no youtube uma compilação, que fica depois do corte, e visitar a página no Myspace, onde dois dos músicos provam que ainda mexem.

Compilação: [Read more…]

Aventar Podcast
Aventar Podcast
Uma boa Troika
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Carta do Canadá – Universidade e política

Assim como o ensino primário é o sólido alicerce do conhecimento daquele que o busca, a Universidade é a cúpula desse mesmo conhecimento. O primeiro garante bom terreno para o secundário e este, se não tiver qualidade, pode liquidar as esperanças do candidato ao saber de nivel superior. O ensino no seu todo, creio, é uma longa cadeia de indissociáveis elos, firmemente mantida por professores que, salvo lamentáveis excepções, dão grande parte da sua vida à tarefa de formar jovens. É tarefa tão nobre,e tão exigente, que nos parece evidente o  direito que têm ao respeito, ao apoio, às boas condições de trabalho.Infelizmente, quem (des)governa por conta de partidos que só vêem o palmo diante do nariz, fala em conhecimento para ficar bem no retrato eleiçoeiro mas reduz tudo a contas de mercearia. Vivemos a hora do cifrão, da ganância, da mediocridade – basta ler atentamente os curricula académicos e profissionais da generalidade dos políticos. Logo se percebe que,de facto, a ignorância é atrevida. [Read more…]

Carta do Canadá: Fugir ao dever

Que o pagar é certo,  diz o nosso povo.  E diz muito bem, como se verá adiante.
De vez em quando vou a Otava, a capital federal do Canadá, uma cidade pequena, com dois rios, toda rodeada de árvores e parques,  harmoniosa e linda, silenciosa e calma, que se destina a albergar o parlamento e o governo, bem como as representações diplomáticas dos muitos países que mantêm ligações com o Canadá. Há ali duas prestigiadas universidades, a  Univ.de Otava e a Carleton.  Na primeira é professor de Sociologia  Victor Pereira da Rosa,  homem de grande sabedoria e honestidade, com vasta obra publicada. Na Carleton, formou-se em jornalismo Dale Brazão e ali foi pescá-lo The Toronto Star, um jornal generalista nacional que tem um milhão de exemplares de tiragem diariamente.  Brazão, que é algarvio e veio garoto para estas terras, especializou-se em jornalismo de investigação criminal e é um dos jornalistas mais premiados do Canadá. No Supremo Tribunal, é juíza Maria Teresa Linhares de Sousa, nascida na Madeira, a única pessoa de língua portuguesa na magistratura canadiana. Um número apreciável de luso-canadianos trabalha nos departamentos governamentais. [Read more…]

Carta do Canadá: Ou vai ou racha

Fernnanda Leitão

Há dias podia ler-se num editorial do New York Times, todo ele dedicado à situação na União Europeia: ”Porque é que os líderes da Europa se empenham em negar a realidade? A chanceler Angela Merkel,da Alemanha, e o presidente Nicolas Sarcozy, da França, mostram-se incapazes de admitir que vão por caminho errado. Estão deslumbrados com a sedutora mas ilógica noção de que todos os países devem copiar o “modelo exportador” da Alemanha, sem décadas de investimento público e taxas artificialmente baixas, cruciais para o sucesso germânico?  A Sra Merkel também parece determinada a inclinar-se perante os preconceitos dos eleitores alemães, os quais acreditam que o sofrimento é a única maneira de a Grécia,e os outros países da Europa do Sul, entrarem no bom caminho”.

Que esses dois líderes pensem de forma tão redutora e pobre, não surpreende quem tem boa memória ou o salutar hábito de ler o que a História ensina. Há países onde as televisóes se preocupam em não deixar apagar-se a memória do sofrimento que a Alemanha, por má liderança, e a França, por cobardia das elites, inflingiram a milhões de pessoas. O Canadá é um desses países. Devo acrescentar que a cada passo oiço canadianos dizer a propósito da situação na UE: “A Alemanha, outra vez!”. E anglo-saxónicos puros e duros desabafando: “A França é  sempre a mesma doida”. Nestas expressões há receio, há desagrado, há um escondido grito de alarme. Dirão: é a mania da superioridade dos ingleses. Será, mas têm boas razões para isso: se não fossem eles, patriotas, a dar o primeiro grande passo da resistência, a Europa teria sido esmagada e abastardada por um punhado de facínoras. [Read more…]

Paródia sobre a deportação de portugueses no Canadá

Um vídeo já com uns anos. Lê-se na página do vídeo:

Com o governo canadiano a deportar milhares de portugueses, o pessoal da  Canadian Broadcasting Company, CBC, decidiu emitir esta simpática paródia, retirada do programa  Rick Mercer Report.

Isto das deportações é caso sério. Até futuros ministros são mandados embora.

A Diáspora Grega

Carta do Canadá, Fernanda Leitão

O ramo canadiano do Conselho Mundial Helénico está a desdobrar-se em intensa actividade para participar da recolha de fundos em todas as comunidades gregas espalhadas pelo mundo, com o objectivo de ser paga a dívida externa do país e, assim, o salvar da sujeição a que parece condenado pelo clube, europeu e dito democrático, a que pertence. Convém adiantar sem perda de tempo que, segundo decisão do Conselho Mundial, os pagamentos serão feitos directamente ao FMI, BCE e UE. Portanto, o dinheiro não passará pelas instâncias oficiais gregas, o que diz de forma eloquente do cepticismo dos seus emigrantes. Entendem, e bem, que a pátria tem de estar acima das engrenagens partidárias. E com esta tomada de posição dão uma bofetada de luva branca nos milionários gregos que, como acontece com milionários doutros países, apenas se preocupam em pôr o seu dinheiro nos paraísos fiscais, sem o menor respeito pelo seu povo.

Por alguma razão se diz que a pátria da burguesia é a carteira, já que até com as crises dos países mais aumenta património e contas bancárias. Se o Conselho Mundial Helénico conseguir prestar este serviço ao seu país milenar, berço da democracia e da civiização ocidental, será fácil antever a tremenda força com que ficará junto do seu povo e a mudança que se operará na cena política.
 
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Carta do Canadá: A grande mentira

A partir de 31 de Agosto do corrente ano,  os professores de Português colocados no Canadá e nos Estados Unidos em regime de “destacamento”,  perdem o vínculo ao sistema educativo de Portugal. Estes professores,  muitos deles com 30 anos de serviço à língua portuguesa,  fizeram os seus descontos para a segurança social e nunca receberam salários pagos pelo estado português.  Trabalharam em escolas privadas,  pelas quais pagaram os seus impostos no Canadá. Resta-lhes a opção de regressarem a Portugal para trabalharem numa escola ou de, simplesmente, resignarem-se a perder o que julgavam  direitos legítimos e adquiridos. São raros os que optam pela primeira solução por terem aqui a sua família e a sua vida organizada há  muitos anos e,também, pelo  receio de regressarem ao país  no momento em que estão a ser fechadas centenas de escolas,  com promessa formal de serem encerradas mais umas centenas no próximo ano lecttivo, o que garantidamente aumentará  o astronómico número de desempregados.

     Esta situação foi criada e acelerada pela teimosia ignara de um antigo secretário de estado das Comunidades,  António Braga,  que não descansou enquanto  não tirou o ensino básico  de Português no estrangeiro ao Ministério da Educação para o entregar ao Instituto Camões(IC),  portanto sob a tutela do Ministério dos Negócios Estrangeiros,  organismo que,  sobre não ser vocacionado para este grau de ensino,  tem dado ao país a imagem de uma espécie de gare de Santa Apolónia:  um desassossego,  uma salganhada,  um sorvedouro de milhões.  O objectivo de Braga era claro e à sua altura:   ficar com as rédeas do ensino,  fazer gato sapato  dos dirigentes do IC,  de modo a colocar nas coordenações os seus amigos, assim apaziguando as recalcadas iras do seu tempo de mestre escola. Prova do que afirmo foi o saneamento selvagem da coordenadora  para  os Estados Unidos,  Graça Borges Castanho, requisitada  à Universidade dos Açores,  e o afastamento precipitado da coordenadora para o Canadá, Graça Assis Pacheco,  convidada pela presidente do IC a renovar o seu mandato por  mais três anos, tendo já cumprido 14, depois de prova de concurso, o que obviamente só  foi possível pela desautorização boçal  que o antigo governamente impôs à (pelos vistos) passiva responsável pelo departamento. [Read more…]