
A margem é curta, mas nem por isso insignificante. Le Pen volta a falhar no primeiro round do assalto ao Eliseu, apesar de seguir para a segunda volta, como de resto era expectável.
Mais curta ainda é a diferença entre Le Pen e Jean-Luc Mélenchon, que completa o pódio com 20,3%, e que terá uma palavra a dizer no realinhamento de forças para a segunda volta.
De notar ainda a consolidação do desaparecimento dos partidos tradicionais franceses, com Anne Hidalgo a registar uns desastrosos 2% para o PS, e Valérie Pécresse, do Les Republicans, herdeiro da UMP de Chirac, a não ir além dos 4,8%.
Daqui por duas semanas saberemos, se continuaremos a ter Paris. Putin estará atento.
Sinceramente, não compreendo é a recusa do Mélenchon em recomendar o voto no Macron na 2ª volta. Por muito que tenha contra o ele, e com razão, continua a ser infinitamente melhor (ou menos mau) do que o fascismo maquilhado da Le Pen. Até o Álvaro Cunhal recomendou aos comunistas que tapassem a cara do Soares com uma mão e votassem nele com a outra…
A propósito, boa capa do Charlie Hebdo:
https://pbs.twimg.com/media/FPpNqu9XsAIOBWD.jpg
“Il ne faut pas donner une seule voix à Madame Le Pen”,
E isso é o quê? Um incentivo ao voto em branco? À abstenção? Se quisesse, de facto, incentivar ao voto no “mal menor” teria sido mais explícito. Álvaro Cunhal soube bem como o fazer sem deixar dúvidas de que era mesmo pelo “mal menor”.