Um ano de guerra e no fim ganha a China

Em dois dias, Putin revogou o decreto que reconhece a soberania da Moldávia e saiu do acordo para redução do armamento nuclear. Um ano depois do início da invasão, caminhamos em direcção ao abismo. Ainda assim, por algum motivo que me ultrapassa, há quem acredite que estamos – o Ocidente – a ganhar a guerra. Apesar do impasse no terreno, da inflação galopante, da polarização, das sanções selectivas que deixam de fora o comércio de diamantes e permitem que empresas como a Leroy Merlin apoiem o esforço de guerra russo, e da erosão da democracia, que o próprio Putin passou duas décadas a financiar, com relativo sucesso. Um ano depois, o mundo é um lugar mais perigoso. E no fim ganha a China.

Comments

  1. Paulo Marques says:

    Como assim? Há um país que passou a principal exportador de gás para a eurolandia, viu o procurement (como tanto gostam) da sua indústria de armamento disparar, conseguiu mercantilizar a sua indústria, inclusive roubando-a à Alemanha, fazendo o contrário das regras que ele próprio impõe.
    Mas melhor ainda, acabou a transformação iniciada nos Gladios de transformar os seus aliados em vassalos, neutralizando qualquer resistência dos seus aliados a, sei lá, que lhes rebentem com a infraestrutura de energia, ou a ter qualquer opinião própria ou escolha sobre política externa, incluindo vários projectos em curso para que não se questione a narrativa. E a cereja no bolo foi humilhar quem lhes frente anteriormente cumprindo o desejo de Rumsfeld de recentrar a NATO e a UE na eurolandia de leste, deixando o centro não são a empobrecer, mas humilhado.
    Há a pequena chatice de o resto do mundo perceber este custo e querer mandar o padrão-dolár às malvas, mas podem sempre ser conquistados para o nosso lado outra vez. São é preciso mais um bocadinho de esforço dos outros até às eleições, pá.

  2. Luís Lavoura says:

    O que é que o comércio de diamantes tem a ver com as sanções à Rússia?

  3. Luís Lavoura says:

    as sanções selectivas que deixam de fora o comércio de diamantes

    As sanções têm que ser seletivas, porque a Rússia produz muitas coisas sem as quais o mundo não pode passar. E os diamantes nem são das mais importantes. A Rússia é o maior exportador de trigo do mundo, um dos maiores exportadores de fertilizantes agrícolas, e um dos grandes exportadores de petróleo e gás natural. Se o Ocidente tentasse sancionar todas as exportações da Rússia, o mundo estaria quilhado.

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  1. […] Disse-o há dias, repito-o hoje: isto é parecido com o futebol, em que são 11 contra 11, só que no final, em vez da Alemanha, ganha a China. […]

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