DEPENDÊNCIAS

 

Há uns anos, aquando de uma greve de camionistas, muitas pessoas ganharam consciência de alguns dos perigos deste mundo em rede que temos vindo a construir. Ao fim de alguns dias de greve, as prateleiras dos supermercados começaram a esvaziar-se pelo país fora, produtos essenciais esgotaram, a gasolina faltou nos postos de abastecimento, os transportes individuais foram abalados, etc., etc.

Nessa época já o mundo funcionava em rede, já os consumos pouco tinham de produção local ou de proximidade, já nos pratos nacionais repousava na mesma refeição um bife irlandês, batatas francesas, cebolas espanholas, tomates italianos, pimentos sul-americanos e, enfim, uma alface portuguesa, mas estávamos todavia num mundo predominantemente analógico em que ainda viviam mais pessoas nos campos do que nas cidades e o digital não reinava como hoje.

A situação evoluiu e a dependência em rede aumentou.

A escalada previsível de ataques cibernéticos, de que é exemplo o agora sofrido pela Vodafone, devia preocupar-nos e alertar-nos.

Não se trata de saudosismos bucólicos ou de propôr regressos a passados idílicos e românticos. Um ataque a uma única empresa acarreta reacções em cadeia que implicam a paragem forçada de outras empresas, a falta de resposta de transportes, ambulâncias paradas, serviços hospitalares que não funcionam e por aí fora, até, num absurdo não tão absurdo, à paralisação total.

Bem sei que há quem esteja encarregado de fiscalizar, precaver, evitar, reagir e corrigir, mas trata-se de um jogo entre o gato e o rato em que os hackers fazem de ratazanas.

O problema é que, além de fugirem sempre à frente do gato, volta e meia é o próprio gato que lhes serve de refeição.

Rui Pinto, vilão ou herói?

As minhas costelas benfiquistas poderão levar a que leitores mais apressados vejam nesta minha breve opinião a defesa de um clube. Apesar de saber que isso vai ser ignorado, desejo deixar claro que sou adepto do Benfica durante os 90 minutos que dura um jogo, que não encontro nenhuma superioridade moral no meu clube, que não me espantaria que houvesse ou que haja muitos esquemas mafiosos associados directa ou indirectamente ao Benfica, o que quiserem, assim fique provado em tribunal, mesmo sabendo que pode haver uma grande distância entre tribunais e Justiça.

Ora, parafraseando Churchill, a propósito da democracia, é forçoso reconhecer que o nosso sistema de Justiça é o pior que há, à excepção de todos os outros. Por isso, enquanto Luís Filipe Vieira, o Benfica ou o diabo a quatro não forem condenados, serão inocentes, por muito que nos custe.

Rui Pinto, para quem não gosta de futebol ou para quem não gosta do Benfica, dois sentimentos respeitáveis e compreensíveis, é um herói. Se da sua actividade resultar a condenação de criminosos, óptimo, independentemente da cor clubística, partidária ou da roupa interior. [Read more…]

Dez minutos

Foi o tempo que uma criança de 11 anos precisou para piratear o site de divulgação de informação eleitoral, que será utilizado para as eleições intercalares deste ano nos EUA. Se fosse russo não conseguia, que eles não percebem nada de computadores.

Quando a culpa é mesmo do mordomo

Como um hacker se apoderou da vida digital de outrem ligando para o suporte técnico Apple (detalhes).

A rapariga que finalmente se viu livre do calhamaço sueco

Lisbeth Salander (adaptação ao cinema de "Millennium")

Pronto. Acabei. Tão cedo ninguém me venha falar da Lisbeth Salander nem do Super Sacana Blomkvist. Isto foi uma espécie de uma doença súbita, com períodos de acalmia após a conclusão de um volume, logo atormentados pelos sintomas de abstinência que me compeliam a começar o ler o seguinte.

Falo da trilogia “Millennium”, do sueco Stieg Larsson. Eu até pensava que não gostava. Basta um livro ser um sucesso de vendas em todo o mundo para eu desconfiar que não gosto. Mas a porra da história bem contada, um policial escorreito, a angústia dos nossos tempos tão bem descrita nessa fusão improvável de estatísticas, personagens ficcionais sólidas, linhas de mobiliário Ikea, gadgets e peças de roupa, tornam as quase duas mil páginas  num vício de que não nos livramos até ao último volume. [Read more…]