O Circo chegou ao Caldas…

O deputado do CDS, João Almeida, ainda não percebeu.

É uma pena. Se tivesse percebido, não teria de fazer esta figurinha triste. Não percebeu algo simples e claro em política: coragem. Mais, honestidade intelectual. Se tivesse percebido, tinha feito como o seu colega Rui Barreto. E no fim, tirava a conclusão lógica, a mesma que espero Rui Barreto tire: adeus AR ou, quando muito, adeus CDS. É o mínimo.

Aceito que se vote contra. Aceito que se viole a disciplina partidária. Mais vale do que violar a nossa consciência. Agora, votar a favor do orçamento e depois lançar umas “bojardas” contra o que se votou antes, é circo. É não ter tomates. É não se dar ao respeito.

Tenho pena, sempre admirei o João Almeida. Lamento este seu número de circo. Mesmo sendo quase Natal. Altura em que o circo chega à cidade. Pelos vistos, já chegou à AR e o deputado do CDS quer assumir o papel de palhaço. É, repito, pena.

O que vai à horta e o que fica à porta

Depois de coreografias baseadas na valsa e no tango, o PS, sempre pouco seguro, prossegue o caminho da abstenção, tal como fez ao longo dos últimos seis anos, quando se asbteve de escolher políticas a favor da Educação, da Saúde ou do Estado Social, preferindo ajudar bancos e garantir favores a construtores civis, a concessionários de auto-estradas ou a vendedores de equipamentos informáticos.

Diante de um assalto disfarçado de Orçamento de Estado, António José Seguro aceitou ficar à porta, mesmo fazendo de conta que não tem nada a ver com aquilo que Passos Coelho e Vítor Gaspar andam a fazer no interior da horta. Se lhe perguntarem alguma coisa, o pobre dirigente socialista deverá dizer qualquer coisa como “Eu não tenho culpa! Até lhes disse para deixarem lá algumas couves!”

Você sabia?

História da Democracia portuguesa: vítima complacente, ladrão insistente

Cavaco, durante os dez anos em que ocupou a cadeira de primeiro-ministro, vendeu a preços de saldo a agricultura e as pescas, enquanto se eximia de fiscalizar o destino dos dinheiros europeus e ao mesmo tempo que gastava dinheiro em inutilidades como o IP5, para poder inaugurar uma obra que se veio a confirmar incompleta. Mais uma vez, o desenvolvimento do país ficava hipotecado, em nome de pequenos nadas como o da necessidade provinciana de ser visto como o “bom aluno” da Europa, outra maneira de dizer que faríamos tudo o que mandassem franceses e alemães. [Read more…]

Ou há moralidade ou comem tolos

Ministro recebe subsídio apesar de passar a semana em casa própria na capital

Já uma vez, a propósito dos professores, escrevi isto, que, com certeza, pode ser aplicado a muitas outras profissões, embora cada um se deva queixar do que conhece, que para falar sobre o que não se sabe já há muita gente entre os jornais e os blogues.

Um ministro é, tal como qualquer funcionário público, um servidor do Estado, mas a verdade é que o primeiro é filho e o segundo não chega a ser sequer enteado. Um professor obrigado a viver, mesmo que temporariamente, longe da sua residência, por razões profissionais, paga do seu bolso tudo, desde a gasolina até ao arrendamento de uma segunda casa. O ministro, que, mesmo não sendo milionário, ganha mais do que um professor, tem direito a um subsídio de 1400 euros, quantia superior ao ordenado de muitos professores e outros funcionários públicos.

É claro que tudo é feito dentro da legalidade, até porque os interessados dominam, também, o poder legislativo. Esta gente tão lesta a esmiuçar a fortuna que recebemos mensalmente é sempre lenta a desfazer-se de privilégios, usando a lei para cometer imoralidades e comer os tolos, ou seja, os cidadãos. É claro que irão dizer que a supressão de subsídios destes não teria efeito prático no combate ao défice, mas eu pensava – vejam lá – que cada tostão conta. Para além disso, há, ainda, outro problema: quantos casos semelhantes, entre ministérios, autarquias e regiões autónomas haverá que não conhecemos?

Ai tanto buraco…

pipa-pau-passos

 

Ainda bem que aí vem um bom orçamento!

Orçamento de Estado 2012:

A tributação sobre os veículos ligeiros de alta cilindrada, as embarcações de recreio e as aeronaves de uso particular é agravada em 7,5%.

O limite de existência em sede de IRS é alargado, pela primeira vez, aos rendimentos de pensões, protegendo-se, desta forma, os pensionistas com menores recursos

Em resultado da renegociação do Programa de Assistência Económica e Financeira, o subsídio de desemprego, o subsídio de doença, os abonos de famílias e outras prestações sociais não serão sujeitas a tributação em sede de IRS.

Finalmente, um montante até 200 milhões de euros da receita adicional de IVA será alocado ao financiamento do Programa de Emergência Social, aumentando os recursos destinados ao auxílio das famílias portuguesas em situação de exclusão ou carência social.

Combate à fraude e evasão fiscais – os crimes fiscais mais graves terão as suas penas significativamente aumentadas. A pena máxima de prisão aplicável ao crime de fraude fiscal qualificada, nomeadamente pela ocultação de rendimentos através da utilização de paraísos fiscais, é agravada para 8 anos.

O prazo de prescrição das dívidas tributárias é alargado de 8 para 15 anos, sempre que estejam em causa factos tributários relacionados com a utilização de paraísos fiscais, e as transferências de rendimentos de capitais para entidades localizadas nestes territórios passam a ser sujeitas a uma tributação agravada de 30%.

 

Aumento em 50% do imposto sobre o tabaco – já me estou a preparar para comprar tabaco em barda antes do final do ano!

Sem Perdão!

Ela trabalhou 40 anos e descontou outros tantos. A D. Isabel reformou-se aos 62 anos e fez uma festa de arromba.

Ela nasceu no interior do país e rumou cedo, muito cedo, até ao litoral numa constante busca por uma vida melhor. Ao longo dos anos fartou-se de poupar. Além do seu emprego tinha outro gancho fora das horas de expediente. O que ela labutou.

Mesmo depois do 25 de Abril nunca ligou muito à política embora, diga-se em abono da verdade, não falhou um só Domingo eleitoral. A sua geração sofreu na pele o que era viver num país sem essa possibilidade e entendia o voto como um dever cívico. Contudo, considerava os políticos e a política como algo estranho e próprio daqueles senhores de fato e gravata que surgiam, diariamente, na sua televisão. Coisa de doutores.

O seu esforço diário permitiu-lhe, como ela diz orgulhosa: “dar um curso à minha filha, a primeira doutora da família!”. Até tirou a carta de condução e comprou um utilitário. Azul. Ela só gosta de carros azuis. Que utiliza para levar os netos à escola e ao cinema – ela que entrou pela primeira vez numa sala de cinema puxada pelos netos. Uma vida de trabalho e dedicação à família. Uma vida honesta cujos poucos luxos, se se podem considerar como tais, são os gastos com os netos e o seu utilitário azul com pouco mais de 18 anos e miraculosamente em excelente estado.

[Read more…]