Se tiver havido ocorrências de recepção em vez de recessão, agradeço que mas facultem

Corrigiram? Antes isso. Mas o mal já estava feito. Exactamente.

Credit Suisse e Deutsche Bank à beira do colapso porque a maralha voltou a viver acima das suas possibilidades

Crescem as suspeitas de que o Credit Suisse e o Deutsche Bank estarão à beira do colapso. E que o eventual colapso, apoiado na queda abrupta do valor das acções (as do Credit Suisse caíram cerca de 75%, desde Fevereiro de 2021) e na subida à pique dos credit default swaps, para valores superiores aos registados durante a crise de 2008, poderá ter consequências mais desastrosas que a queda do Lehman Brothers.

Lembram-se da queda do Lehman Brothers?

Foi aquele banco americano, ícone maior da superioridade do extremo-capitalismo neoliberal, que se desmoronou e levou com ele a economia mundial. Ou, traduzido para conservador-liberal, o Sócrates a governar e o povinho a comer bifes à maluco. A tradução para facho é parecida, basta acrescentar o termo “vergonha” em qualquer ponto da frase.

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é uma casa inglesa, com certeza…

tenda nos arbustos do separador da circular interna em Wolverhampton 2

… é com certeza uma casa inglesa!

Paredes de nylon azul,
um jardim de relva cortada
uma porta virada a sul
e mesmo à borda da estrada!

ler

O fim da recessão

fim da recessão

Seguindo a velha escola portuguesa de fazer leis para mudar o que fica tudo na mesma, Cavaco Silva declarou que “Portugal saiu da recessão em que estava mergulhado desde finais de 2010”. Agora é só uma questão de avisar o pessoal das filas às portas da Segurança Social que estão ali a perder o seu tempo.

Um autocarro chamado recessão

O motorista sem carta diz que “está a abrandar”. Atropelar muitos peões reduz a velocidade.

França: 3,2 milhões de desempregados

O Le Monde abriu um véu sobre o que os franceses saberão de fonte oficial logo mais à tarde: o desemprego está em imparável, malgrado as palavras doces e mentirosas de Hollande. Fonte: Público

A recessão já chegou à língua

recessãoEsta notícia do Sol é um autêntico repositório da recessão em que vive o uso da língua portuguesa. O jornal, que não segue o chamado acordo ortográfico (AO90), recorre aos serviços da Lusa, praticante do alegado acordo. Resultado: a notícia referente à recepção de alunos estrangeiros no Instituto Politécnico de Leiria (IPL) terá aparecido como “receção” no texto da agência noticiosa e transformou-se em “recessão” no jornal.

Vale a pena repetir: por várias razões, a iliteracia já era imensa no reino da língua portuguesa. O AO90 veio agravar o problema e a confusão entre “receção” e “recessão” confirma, entre outros aspectos, a importância das chamadas consoantes mudas. Recorrendo à imagem sempre profícua da construção civil, estamos longe de resolver problemas nas fundações e andamos entretidos a colocar telhas que não se seguram e deixam entrar entrar chuva por todo o lado.

Por outro lado, também não é bom sinal que se use a expressão ‘kick-off’, quando a língua portuguesa já deu o ‘pontapé de saída’ há vários anos.

Adenda: faltou dizer que descobri a notícia no mural do Francisco Belard.

Recessão? Em França não há lá disso

“Não há recessão, mesmo que saibamos que vai ser difícil, com um crescimento quase nulo, mas vamos conseguir safar-nos”, disse François Hollande, o presidente-fraude em quem cada vez mais franceses se arrependem de ter votado,
acrescentando que até ao final de Janeiro de 2013 vai ser preciso “um compromisso histórico relativamente ao trabalho. Aos parceiros sociais, e particularmente aos patrões, digo que a oportunidade não pode perder-se. Cada um deve assumir as suas responsabilidades.” E ele? Por que não assume as suas?

Se Guilherme Tell tivesse a pontaria de Vítor Gaspar…

Primeiro, Vítor Gaspar aponta 2013 como “início recuperação económica”; depois, o governo admite que 2014 já não vai ser o ano do crescimento.

Maya preocupada com a concorrência de Passos Coelho

Maya confessou em círculos mais próximos que está preocupada com a concorrência de Pedro Passos Coelho.

Na realidade, o primeiro-ministro, tal como a taróloga/relações públicas, também esteve na televisão a usar uma linguagem ambígua e contraditória, afirmando que estava a prever o futuro, ao mesmo tempo que mostrava que não tinha bem a certeza de que as suas previsões iriam dar certas. Basta lembrar que o primeiro-ministro/vidente disse que em 2013 não haverá recessão e será, ao mesmo tempo, o ano da “preparação da recuperação”. [Read more…]

O longo caminho europeu para o suicídio

Quando a Alemanha começa a provar do seu próprio veneno, o G20 vem defender menos austeridade para a Europa e o FMI começa a dizer que são necessárias medidas para combater a recessão e o desemprego

“As reformas estruturais devem ser implementadas agora como âncora das perspectivas de crescimento de médio prazo, mas têm de ser complementadas para dinamizar o crescimento no curto prazo”

Ora, sabendo nós que as medidas da troika – onde o FMI se inclui – previam uma diminuição da procura e um aumento do desemprego, este tipo de discurso parece esquizofrénico e cheio de sinais de sentido contrário.

Como não é previsível que o FMI prove o seu próprio veneno, resta-nos esperar que, por uma vez, alguma lucidez se instale, instigada pelos países extra-europeus.

Porque os europeus, deixados sozinhos ou na companhia do FMI, vão continuar, gota a gota, a suicidar-se lentamente.

Não haverá recessão em 2014

Assegurou hoje, 29 de março de 2013, Pedro Passos Coelho.

Com a troika e o Gaspar, o desemprego sempre a avançar

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Fonte de dados: EUROSTAT

A imprensa, aqui e aqui, está a divulgar que, depois das revisões feitas pelo Eurostat, o desemprego em Portugal, entre Agosto de 2011 e Janeiro de 2012, teve a evolução que o gráfico demonstra.

Portugal, ao atingir a taxa de 14,8% em Janeiro-2012, subiu ao 3.º lugar no pódio, ex-aequo com a Irlanda. O 1.º lugar é ocupado pela Espanha (23,3%), cabendo à Grécia a 2.ª posição (19,9%). Das estatísticas publicadas, pode ainda inferir-se que, entre nós, o desemprego jovem (cidadãos até aos 25 anos), continua a crescer e subiu para 35,1%.

Os números do desemprego, em conjunto com as quebras do PIB e aumentos de falências, constituem um conjunto de indicadores de que as políticas da troika, na Grécia, Irlanda e Portugal, e as medidas de austeridade em Espanha, cuja cópia em Portugal era reclamada por iluminada gente no tempo de Zapatero, não constituem a terapia correcta para a crise. Antes pelo contrário, geram maior recessão.

Na hora da despedida da troika, Gaspar mostrou-se agradado pela avaliação do tirano triunvirato, proclamando que, em 2012, a taxa média do desemprego se fixaria em 14,5%. Com o valor de Janeiro, agora divulgado, será mais uma previsão falhada pelo governo, criem as comissões interministeriais que criarem.

Uma coisa é certa: com a troika e o Gaspar, o desemprego está sempre a avançar. Vamos para o buraco ou alguém duvida?

O que vai à horta e o que fica à porta

Depois de coreografias baseadas na valsa e no tango, o PS, sempre pouco seguro, prossegue o caminho da abstenção, tal como fez ao longo dos últimos seis anos, quando se asbteve de escolher políticas a favor da Educação, da Saúde ou do Estado Social, preferindo ajudar bancos e garantir favores a construtores civis, a concessionários de auto-estradas ou a vendedores de equipamentos informáticos.

Diante de um assalto disfarçado de Orçamento de Estado, António José Seguro aceitou ficar à porta, mesmo fazendo de conta que não tem nada a ver com aquilo que Passos Coelho e Vítor Gaspar andam a fazer no interior da horta. Se lhe perguntarem alguma coisa, o pobre dirigente socialista deverá dizer qualquer coisa como “Eu não tenho culpa! Até lhes disse para deixarem lá algumas couves!”

Cromo do Dia: Vítor Gaspar

Ainda não tinha aparecido na caderneta apesar de o merecer há muito tempo. Mais troikista do que a troika, “bom aluno” para além do exigido, seguidor incondicional da cartilha dos mestres que escolheu como seus, foi atempadamente avisado por vozes mais críticas e atentas de que a implementação destas medidas conduziria inevitavelmente o país à recessão e ao empobrecimento forçado das classes médias. Agora Vítor Gaspar vem anunciar que 2012 será pior do que o previsto. Previsto? Assim de repente lembro-me de tantas personalidades a fazer essa mesma previsão, desde o início, que não tenho espaço para as elencar aqui. Cromo verdadeiro, está visto.

ministro das finanças

Dia Nacional para a Propagação da Pobreza

Na edição em papel do Público de hoje, e comemorando o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, é publicado um texto de que transcrevo, aqui, o início:

O Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, hoje, 17 de Outubro, é o momento ideal para pensar além da crise financeira e das operações de viabilização, e para reflectir sobre a rápida deterioração da situação de quem enfrenta a pobreza e a exclusão social. A recessão atirou mais adultos e os respectivos filhos para a pobreza extrema e os serviços de apoio local estão a atingir as capacidades máximas devido aos dramáticos cortes orçamentais. Só em Portugal, quase 18% (acima da média da UE, situada em 16,3%) da população encontra-se em risco de pobreza e vive com menos de 60% do salário médio nacional, o que representa quase 1,9 milhões de pessoas.

É difícil discordar. O resto do texto, que tem como co-autores László Andor, Comissário Europeu do Emprego, e Pedro Mota Soares, Ministro da Solidariedade e da Segurança Social, constitui um elogio às medidas tomadas pela Comissão Europeia e pelo Governo Português no âmbito do combate à pobreza. Ficaremos a aguardar a invenção da fábula da raposa que se compromete a zelar pelo galinheiro.

A vida está cheia de ironias. A designação dada ao Ministério de Mota Soares é, só por si, uma dupla ironia, tal é a ausência de solidariedade e tão insegura é a sociedade criada por este governo. Para que a ironia fique completa, hoje é, também, o dia em que será entregue, na Assembleia da República, o Orçamento que garante o empobrecimento geral do país.

FMI rasga memorando, adeus troika

A diretora-geral do FMI considerou como prioritário evitar a recaída na recessão do que endireitar à força as contas públicas no curto prazo, comentou a Eurointelligence. Viragem ao crescimento, em vez de austeridade, como prioridade, acrescentou esta agência europeia de informação. “Dito de um modo simples, as políticas macroeconómicas devem apoiar o crescimento. E a política monetária deve, também, manter-se altamente ‘acomodativa’, pois o risco de recessão ultrapassa o risco de inflação”, segundo as palavras da própria.

A citação é do Expresso, não é do Inimigo Público. E agora? Estava tudo a correr tão bem, a austeridade até ia chegar aos muito ricos… se calhar foi por causa disso. E nada a temer: arranja-se já um escândalo para Christine Lagarde. Trabalhadores da hotelaria de todo o mundo, cuidai-vos.

A economia, parente pobre da “Ajuda Externa”

Ao querer centrar as culpas apenas em Sócrates – e ele é um dos máximos culpados, mas não o único – pratica-se um acto de branqueamento de outros altos responsáveis pela situação económica a que Portugal chegou. Em editorial de hoje, o ‘El País’ é certeiro na análise, quando diz:

A sociedade portuguesa enfrenta agora uma situação paradoxal. A ajuda financeira da UE não significa que os problemas económicos do país tenham terminado; apenas se evita uma situação pior para a insolvência do país, falhar pagamentos. Em troca do resgate europeu, a economia portuguesa terá de aplicar um programa drástico de ajustamento, similar ou mais duro do que o plano de Sócrates reprovado no Parlamento.

O epicentro do pedido de resgate foi o sistema financeiro, com particular protagonismo dos banqueiros; banqueiros estes que, com afiada ganância e em concertação com os grandes empreiteiros de obras públicas e sociedades advogados, inundaram o Estado de dívidas de PPP’s  e outras – o actual PR foi quem, como PM, inaugurou a moda em Portugal. Outros seguiram-no. Já aqui, em Janeiro passado, chamávamos a atenção para o facto de haver banqueiros interessados na entrada do FMI em Portugal.

A economia foi engolida pela onda de alienações a estrangeiros de unidades industriais e da destruição das produções agrícolas e pesqueiras. O turismo, o comércio dominado pelas grandes superfícies, mais as exportações da Auto-Europa, de uns vinhitos, de cortiça desvalorizada e ainda uns trocos formam parte substancial do nosso PIB .

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Um país falido e miserável

Vejamos: Recessão já este ano, com a economia a perder quase 1 por cento; aumento de impostos sobre o consumo; privatizações antecipadas e alargadas, que é como quem diz, a preço de saldo; prestações de compra de casa vão ter menor dedução fiscal no IRS; autarquias com mais cortes.

Assim de repente, este é um pedaço do PEC IV.

Já sabíamos que o país estava de rastos. Agora sabemos que está ainda pior. Por este andar, vamos mendigar a Espanha que tome conta de nós.

O desemprego, afinal, não cresceu

Seria péssimo jornalismo ser um jornalista a evidenciar uma verdade tão absoluta que nunca poderia ser uma notícia. Para isso, existe a Ministra do Patronato do Trabalho. Se a senhora continuar nesta senda de honestidade ainda se arrisca a reconhecer que o governo, afinal, só tem conseguido acentuar a tendência para aumentar o desemprego. Corre, ainda, o risco de ver o Câmara Corporativa realçar o seu duvidoso passado de sindicalista, do mesmo modo que o Governador do Banco de Portugal passa a antigo chefe de gabinete de João de Deus Pinheiro mal emite alguma opinião incómoda para a rósea governação.

Talvez por ser rósea a governação é que Valter Lemos veja cor-de-rosa onde a coisa está preta: o impagável secretário de estado manifesta um quase regozijo ao descobrir que o desemprego cresce muito, sim, mas devagarinho, o que deve servir imenso de consolo para os que se vão desempregando.

Uma vez que a estupidez desperta em mim o mais acentuado espírito competitivo, proponho que se passe a afirmar que não foi o desemprego que cresceu: foi o emprego que encolheu. E mais esta, para ajudar Sócrates, quando for, finalmente, confrontado com a recessão técnica (outro conceito que faz muita diferença aos que vivem com cada vez mais dificuldades): bastará afirmar que, se é certo que o país saiu da crise, a verdade é que a crise não tinha saído do país.