Pensamento único? Sei lá o que isso é!

O pessoal que questionava a política contra pandemia ou os cientistas, quando falavam sem ciência que os apoiasse, eram achincalhados. O pessoal que duvidava daquela eficácia de 90 e tal % das vacinas e da imunidade de grupo, eram apelidados de chalupas. Os que no início da invasão, antes de todas as matanças que temos visto, aconselhavam empenho aos políticos mundiais para pôr termo à guerra através de negociações conducentes a uma paz digna, eram censurados. Canais de tv ou rádio que difundam propaganda pró-russa foram silenciados, porque o povo, coitadinho, é burrinho. O PC, porque pensa diferente, deve ser eliminado. Cavaco Silva escreveu um artigo num jornal que pratica censura e é vilipendiado.

Mas eu, um dia, prometo, ainda hei-de descobrir o que é isso do pensamento único.

Kissy chamava ternurentamente o pai Henry a seu filho Peter

Foi em 69, sim, que um dos mais emblemáticos filmes da geração “hippie” estreou. “Easy Rider”, foi realizado por Dennis Hopper, tendo como protagonistas o próprio, Peter Fonda e Jack Nicholson.
O filme trata de 2 motociclistas, um vestido à americano motoqueiro e outro com vestimentas de nativos norte-americanos, que viajam juntos pelo Sul e pelo Sudoeste americano em busca da liberdade, liberdade representada pelo uso de estupefacientes e vida comunal, em contraponto à ideia de família ideal (patriarcal, claro, defendida pelos evangélicos e católicos. Sem ser um filme de qualidade de monta, a verdade é que se tornou em ícone de “contra-cultura”, abrindo as portas de Hollywood para uma nova geração que pretendia, iludida ou não, experimentar outro estilo de vida, livre de conceitos e preconceitos raciais e religiosos em forte tensão à época nos Estados Unidos.

Ah, sim, não era sobre o filme que pretendia falar, mas do facto do pai tratar carinhosamente o filho Peter por Kissy, Kissy Fonda.

Porque me lembrei disto? Porque em mim se aflorou [Read more…]

Acordos, rendições, História e vida

Há uns anos, Xanana Gusmão foi preso e apareceu na televisão a fazer declarações conciliatórias, depois de ter sido sujeito a um interrogatório “intenso”, nas palavras das autoridades indonésias. Nesse momento, eu integrava num grupo de corajosos lutadores que bebiam bravamente umas cervejas. Havia, até, alguns guerrilheiros mais afoitos que tinham chegado ao ponto de pedir umas tostas mistas. Penso que é fácil imaginar o ambiente pesadíssimo que se vivia naquela trincheira – a vida em combate é dura, meus amigos!

Um dos convivas, enquanto engolia um trago de cerveja, olhou para a televisão e sentenciou, em tom de desprezo, a propósito de Xanana: “Este gajo é um palhaço!” Como é que era possível, alguém, muito provavelmente torturado, trair daquela maneira soez os ideais da justa guerrilha que tinha comandado durante anos? Realmente, não era admissível! Fraco!

Ainda esperei uns segundos, cerrei os olhos em busca de alguma ironia. O valente bebedor estava a falar a sério. Do fundo do meu sossego burguês, sentado em cima de um privilégio que não o deveria ser, limitei-me a dizer que era muito fácil enfrentar exércitos e prisões ali onde estávamos e querer dar lições a um homem que teria sido sujeito sabe-se lá a quê. O meu interlocutor não gostou. Não éramos íntimos e assim continuámos, ninguém perdeu nada com isso. [Read more…]

Colonos do Comentário Singular

Muitos dos que exercitam o comentês político-económico encartado e colonizam TV, Rádios e jornais por estes dias, e que são sempre os mesmos, estarão a dizer exactamente o mesmo que disseram nas vascas do Orçamento de Estado em decurso. Provavelmente com mais razão e mais razões. O que disseram do OE2013? Disseram o que disseram e era tenebroso. Quem os ouvisse, ouviria da sua inexequibilidade completa. Assim falou Ferreira Leite. Assim falou Pacheco Pereira. Assim rouquejou Constança Cunha e Sá e outros, muitos outros, que dizem sempre a mesma coisa e sobretudo o que muitos e muitas querem ouvir, não ouvindo mais nada senão o mesmo prato opinativo de bacalhau de cada dia. Para o comentês, os Orçamentos sob a Troyka, apesar das circunstâncias e das condicionantes, nunca têm atenuantes. E são negros. Assim os declarou e declara de fio a pavio, negros, a ala socratista: dessa gente e dos seus sofismas nunca saiu nem sairá uma só nota positiva, uma só nota de esperança. Por que não fazem terapia?! [Read more…]

Sobre os professores: o cão de Pavlov

O pequeno mundo da defesa das ideias partidárias é de uma pobreza vocabular e de uma estreiteza argumentativa impressionantes, a ponto de ser possível assistir ao espectáculo de ver homens inteligentes reduzidos à emissão de simplismos, como já foi o caso de Pacheco Pereira ou Vasco Graça Moura nos tempos do cavaquismo, para escolher dois intelectuais de uma trincheira política que não frequento.

Nos dias de hoje, nesta espécie de reino do pensamento único em que querem obrigar-nos a viver, propagam-se algumas ideias igualmente básicas. Com o objectivo de anestesiar a populaça, o poder e respectivos seguidores e apoiantes tentam explicar que “vivemos uma situação extraordinária”, que “todos temos de fazer sacrifícios”, que “as coisas agora mudaram”. Tentam, no fundo, que nos conformemos, que aguentemos.

A opinião pública, mesmerizada pelas gravatas tecnocráticas dos governantes, prefere não pensar e lida mal com quem não se conforma. Diante dos que tentam pensar ou na presença dos que procuram argumentar, mandam-nos falar mais baixo, dizem-nos para ficarmos contentes porque há outros que estão piores e não faltará muito tempo para considerarem o acto de respirar como um privilégio. [Read more…]