Mencionar um fato: this never happened to Pablo Picasso

I loved all sorts of English language experimentation.
John Cale

In fact, comparing previous research on UG principles in L2 phonology vs. L2 syntax, and pointing out the relatively little work in this area by L2 phonologists, Young-Scholten (1995, 1996) argued that there is, nevertheless, reason to believe that interlanguage phonologies do not violate the principles of UG, because they often correspond to natural languages (a point first made by Eckman, 1981), and because learners can often reset phonological parameters, instead of being stuck with the L1 values.
Öner Özçelik & Sprouse (2016)

***

Há quem tente adoptar o AO90 e escreva fatos e contatos, em vez de factos e contactos. Nunca grafei nem fatos em vez de factos, nem contatos em vez de contactos. Ao não adoptar o AO90, estou automaticamente protegido da base IV e de interpretações abusivas (eufemismo para ‘erradas’) dela feitas, como o famoso “agora facto é igual a fato (de roupa)“. Neste contexto, jamais me ocorreria, por exemplo, mencionar um fato.

Mencionar um fato, em vez de facto? Homessa! Como cantam os Modern Lovers (e o Cale e o Bowie e o White), this never happened to Pablo Picasso.

Continuação de uma óptima semana.

***




Muito @ctual

picasso

© succession Picasso 2014 La Guerre (http://bit.ly/28KrnqB) & La Paix http://bit.ly/28JCm5j)

Peut-être sais-je jusqu’où je peux aller trop loin. Mais c’est un sens de la mesure. Je le possède peu fort.

— Jean Cocteau, “La difficulté d’être

***

Diário @tual. Exactamente: @tual. Se fizermos uma analogia com ‘actual‘ → ‘atual‘, então, segundo a base IV do AO90, a grafia ‘@ctual‘ será efectivamente substituída por ‘@tual‘. Sem cê, obviamente. O cê, esse obstáculo, esse empecilho. Uma chatice, diria o Ary. “That no good. Ugh”, na versão do Ginsberg. Pois. E ‘contactar’? E ‘contacto’?  [Read more…]

Ricardo Carvalho e a retractação

Barcelona's Messi is challenged by Real Madrid's Carvalho during their Spanish King's Cup soccer match in Madrid

© FELIX ORDONEZ/Reuters/Corbis (http://bit.ly/carvalho-messi)

«There is no self—portrait of me. I am not 
interested in myself as ‘material for a picture’, 
rather in other people, especially women, 
and even more in other phenomena»
— Gustav Klimt *

Em princípio, considerando a grafia adoptada pelo jornal RecordRui Águas terá cometido um erro de avaliação extremamente grave, ao insinuar que “Ricardo Carvalho fez bem em retratar-se“.

Não sei qual o auto-retrato de Carvalho a que Águas se refere. Não são conhecidos a Carvalho nem entusiasmos como os do Dolby, de Joanesburgo ou do Palácio de Belém, nem sequer qualidades como as de Rembrandt, Freud ou Picasso  — Carvalho dedica-se, com mérito, a outras actividades.

Das duas, uma: ou Rui Águas se retracta (recordo que “a retractação é acto digno e responsável“), ou o Record passa a adoptar uma grafia que não dê azo a confusões.

Desejo-vos um óptimo fim-de-semana.

***

* Schiele never attempted the public, monumental narrative painting that occupied Klimt until his ill-fated University murals, while Klimt, always Vienna’s darling despite the controversies,  made only two, comparatively insignificant self-portraits

(…)

In an undated manuscript cited in Nebehay Klimt, Dokumentation, 32, Klimt wrote that in fact «There is no self—portrait of me. I am not interested in myself as ‘material for a picture’, rather in other people, especially women, and even more in other phenomena».

— Robert Jensen, “A Matter of Professionalism: Marketing Identity in Fin-de siècle Vienna,” in Rethinking Fin-de-siècle Vienna, ed. Steven Beller (New York: Berghahn Books, 2001), pp. 195-­‐219 [pp. 210 e 218]. Revised from the original essay which appeared in  Austrian History  Yearbook, vol.  28  (1997): 247-68.

 

Breves discursos sobre a Primavera (Poesia & etc.)


Primavera, de Picasso.

Assinalemos a chegada da Primavera através de algumas vozes privilegiadas. Picasso viu-a assim. Vejamos agora como Pablo Neruda saúda a mais poética das estações (Excerto do poema Oda a la Primavera, de «Odas Elementales»):

Primavera
temible,
rosa
loca,
llegarás
llegas
imperceptible,
apenas
un temblor de ala, un beso
de niebla con jazmines,
el sombrero
lo sabe,
los caballos,
el viento
trae una carta verde
que los árboles leen
y comienzan
las hojas
a mirar con un ojo,
a ver de nuevo el mundo,
se convencen,
todo está preparado,
el viejo sol supremo,
el agua que habla,
todo
y entonces
salen todas las faldas
del follaje,
la esmeraldina,
loca
primavera (…)
[Read more…]